José Gil e Armando Costa vencem RallySpirit 2023

06/06/2023

Terminou mais a edição do RallySpirit 2023, com três dias de emoção competitiva, mas sobretudo de encontro com a história, com automóveis que preenchem o imaginário dos que amam os ralis, e que remetem para a época de ouro da disciplina: os anos 1980 e os “monstros sagrados” do Grupo B.

 

O Lancia Delta S4, que foi guiado oficialmente por Henri Toivonen, foi a figura de destaque do cartaz, mas outros Lancia, como Rally 037 e Delta HF Integrale, o Peugeot 205 Turbo 16, os Opel Manta e Ascona 400, os Toyota Corolla WRC e Celica Turbo, ou ainda os Audi Sport Quattro S1 E2, são apenas alguns dos exemplos de carros que deixaram uma marca indelével na história do Campeonato do Mundo de Ralis.

Mas o passado dos ralis portugueses esteve também em evidência, através, entre outros, das réplicas perfeitas do Peugeot 306 Maxi e do Renault Mégane Maxi das equipas oficiais, que travaram dos mais empolgantes duelos nos Campeonatos Nacionais dos idos da década de 90, ou do Mitsubishi Lancer Evo III com que Rui Madeira conquistou a Taça do Mundo FIA de Grupo N, em 1995 – guiado pelo próprio piloto, que continua a exibir as qualidades que fizeram dele um dos melhores da sua geração.

Gil nos Históricos e Costa nos Spirit

No plano competitivo do RallySpirit 2023, José Gil e João Andrade, no bonito e bem preparado Ford Escort MK1, lideraram de início a fim entre os Históricos, com um ritmo que fica bem patenteado pela vantagem de 4m23.6s com que se impôs ao segundo classificado, Rui Salgado/Luís Godinho, em VW Golf II GTI. Herculano Santos Pereira e Miguel Castro (Opel Kadett GT/E) encerraram o pódio, já a 8m16.7s do vencedor.

Entre os Spirit, Armando Costa e José Costa, em Mitsubishi Lancer Evo VI, também exerceram grande domínio, mesmo se Rui Madeira liderou nas duas primeiras especiais. Foi então que Costa assumiu o comando, para não mais o perder, cimentando progressivamente a vantagem até aos 52.0s finais sobre os segundos classificados, Guilherme Outeiro e Eduardo Outeiro, em BMW E30. O último degrau do pódio foi ocupado pela dupla João Pedro Peixoto/Leandro Parreira, em Renault Clio 16V, a 3m09.7s do mais rápido.

A prova foi também marcada por alguns percalços entre os participantes. Ainda na Sexta-Feira, o Alpine Renault A110 de Hugo Reis e Diana Assunção deu um toque, na sequência de uma falha de travões no carro. Os danos cingiram-se quase exclusivamente à fibra da carroçaria que, após um aturado trabalho de «reconstrução» com fita adesiva, lhes permitiu prosseguir ao abrigo do “Super Rally”.

Pedro Gastão Silva e Sérgio Paiva também participaram no Sábado sob o regulamento do Super Rali, depois de a correia do alternador do Ford Escort MK1 se ter soltado logo de manhã. Conseguiram solucionar o problema, mas o pior estava reservado para mais tarde, quando um despiste os forçou ao abandono definitivo.

Também na Sexta-feira, logo a abrir a prova, na primeira especial, Mário Neto e Miguel Costa não evitaram uma batida numa rocha que causou danos irreparáveis no seu Datsun SSS 1800. Rui Madeira e Paula Madeira foram outros dos que tiveram de adoptar o Super Rally. Uma falha de travões, após a penúltima especial de Sexta-Feira obrigou, a reparação prolongada. O almadense ainda completou o troço e chegou a constar na segunda posição após a 1.ª Etapa, mas o excesso de penalização acabaria por ditar o abandono no dia. Foi, todavia, protagonista de uma excelente recuperação ao longo do resto do rali e ainda conseguiu chegar à sexta posição entre os Spirit.

Referência igualmente para o abandono inglório da dupla Edgar Botelho Moniz/Ivo Machado, no belo Volvo PV 544 amarelo, cuja caixa cedeu na última especial cronometrada (Barcelos Norte). Jorge Rodrigues e Luís Duarte, no Datsun 1200, abandonaram após um ligeiro toque na especial seguinte. A dupla Paulo Silva/Sandra Fonseca também se retirou da prova quando, ao dar espetáculo para o público, não evitou um toque com uma roda do BMW E30 num passeio, que lhe abriu a direção.

Edição do RallySpirit 2024 já está a ser preparada

Agora que o RallySpirit 2023 terminou, Pedro Ortigão, um dos responsáveis da X-Racing, não esconde a satisfação por mais um balanço positivo: “Tudo correu na perfeição. Estamos empenhados em consolidar o rali internacionalmente e penso que, este ano, como resultado desse esforço feito ao longo destas oito edições, conseguimos a melhor lista de inscritos de todos os tempos, principalmente em termos da qualidade dos carros presentes. Portanto, o balanço é muito positivo. Aliás, quando vemos pilotos que fazem as provas de referência a nível mundial a chegar ao fim tão satisfeitos como chegaram, e a dizer que para o ano estarão cá, e que vão dizer aos amigos para também vir a Portugal, esse é o melhor feedback que um organizador pode ter. É uma motivação para pensar no futuro e continuar a evoluir”.

Classificação do RallySpirit 2023

Históricos

1.º José Gil/João Andrade (Ford Escort MK1), 56m17.4s

2.º Rui Salgado/Luís Godinho (VW Golf II GTI), 4m23.6s

3.º Herculano Santos Pereira/Miguel Castro (Opel Kadett GT/E), 8m16.7s

Spirit

1.º Armando Costa/José Costa (Mitsubishi Lancer Evo VI), 56m26.0s

2.º Guilherme Outeiro/Eduardo Outeiro (BMW E30), a 52.0s

3.º João Pedro Peixoto/Leandro Parreira (Renault Clio 16V), a 3m09.7s