Mercedes-Benz 450 SEL, um clássico da realeza

12/06/2019

Frequentemente associamos a realeza à opulência e à luxúria. No fundo, o seu acesso ao que a vida tem de melhor é claro, e nem os automóveis escapam a esta tendência! Juan Carlos, outrora chefe da casa real espanhola, fica para a história também pelo seu bom gosto e excentricidade.

Não muito longe do seu reino, os mais exóticos automóveis eram produzidos com o excelente padrão da indústria alemã. Falo obviamente na marca de Estugarda, cuja sua reputação é, à data da saída do 450 SEL, já mais que firmada e indiscutível.

O clássico que estamos a falar é tudo menos normal. Desde as suas dimensões palacianas, o seu motor «à americana» e o interior soberbo, este clássico transmite uma sensação incrível só de olhar!

O Mercedes-Benz 450 SEL 6.9 foi revelado ao mundo em 1974, no aclamado Salão Automóvel de Genebra. A sua comercialização deu-se entre 1975 e 1981, oferecendo o melhor de dois mundos: a qualidade e conforto de um automóvel de luxo por um lado, e a performance mais desportiva por outro.

Para tal, o 450 SEL vinha equipado com o maior motor não americano da altura, um V8 de 6.9 litros com cerca de 286 cavalos de potência. Acoplado a uma caixa automática de três velocidades, este clássico fazia os habituais 100 metros em 7.1 segundos, uma proeza para um automóvel com mais de mil e novecentos quilos. Com uma velocidade máxima de 225 km/h, o 450 SEL era bastante veloz, mas também seguro. Equipado com travões de disco às quatro rodas, e posteriormente com ABS electrónico, fruto da colaboração da Mercedes com a Bosch.

Um pormenor que quase escapa à atenção, é o facto do 450 SEL ser o primeiro automóvel equipado com suspensão hidropneumática independente, que conferia qualidades ainda mais evidentes à condução, mas também à viagem dos ocupantes, geralmente grandes e abastadas personalidades.

Esta suspensão foi amplamente usada nos modelos mais luxuosos e caros da Citroën durante mais de meio século, no entanto, em caso de falha, o Mercedes-Benz estava equipado com uma suspensão alternativa convencional, enquanto os Citroën não.

Uma dessas personalidades foi mesmo o Rei Juan Carlos, que adquiriu o automóvel em 1978, com algumas especificidades interessantes. A mais sonantes delas foi o facto de ser blindado, o que aumentou o seu peso substancialmente, o que teve impacto na sua performance. A versão blindada foi requisitada especialmente pela casa real à companhia americana Armalite, que usando compósitos de kevlar, procedeu à preparação do automóvel.

Ao usar compósitos de kevlar, invés de aço balístico, o aumento de peso foi bastante diminuto, comparado com os demais automóveis blindados do mesmo modelo, mas também dos automóveis blindados em geral.

No total, quase nove mil e duzentas unidades foram produzidas, reflectindo bem a exclusividade deste magnifico automóvel. Uma dessas unidades, foi precisamente o 450 SEL da realeza espanhola, que foi leiloado em Setembro de 2017 por cerca de quarenta mil euros, estando autenticado pela própria casa real. Contava com pouco mais de cento e sessenta mil quilómetros no odómetro e em bom estado geral.

Edgar Freitas / Jornal dos Clássicos