Museu do Caramulo inaugura exposição “Black Box: Passeios”

29/06/2018

O Museu do Caramulo vai inaugurar já no próximo sábado, dia 30 de junho, às 12h, a exposição temporária de arte contemporânea “Black Box: Passeios”, com curadoria de Rui Sanches e obras de Francisco Tropa, Gonçalo Barreiros, Jorge Molder, Luísa Cunha, Manuel Botelho, Pedro Cabrita Reis, Pedro Calapez e Teresa Segurado Pavão.

A exposição é a número dois de um ciclo de seis exposições a ter lugar no Museu do Caramulo, em seis anos, apresentando obras contemporâneas das áreas da fotografia, cerâmica, escultura, desenho e instalação, inseridas nas salas de arte do Museu do Caramulo, em confronto com o acervo permanente do museu.

Segundo Tiago Patrício Gouveia, Diretor do Museu do Caramulo “esta segunda exposição do ciclo Black Box tem a curadoria de Rui Sanches, um dos nomes mais importantes da escultura portuguesa contemporânea e irá lançar novos desafios ao público, que poderão apreciar as obras de oito dos mais conceituados artistas contemporâneos portugueses”.

A exposição “Black Box: Passeios”, que estará patente no Museu do Caramulo até 31 de dezembro, conta com o apoio da Interecycling, Câmara Municipal de Tondela e banco BPI.

Sobre a exposição

“Quando a direção do Museu do Caramulo me propôs fazer uma exposição integrada no ciclo Black Box, pensei que seria interessante tentar diversificar o tipo de experiências possibilitadas ao visitante.

Apresentar outros Passeios que possam ser dados, introduzindo nos circuitos existentes obras que estabeleçam relações que, sendo sugeridas pelo ambiente e características de algumas das peças da coleção, não fossem ainda imediatamente percetíveis. Em conversa com os artistas escolhidos – Gonçalo Barreiros, Manuel Botelho, Pedro Calapez, Luísa Cunha, Jorge Molder, Teresa Segurado Pavão, Pedro Cabrita Reis e Francisco Tropa – fomos delineando possíveis estratégias de intervenção para cumprir esse objetivo. Ficou claro que seria mais interessante se fosse utilizada a quase totalidade dos espaços do Museu.

No exterior do Museu, uma peça de P. Cabrita Reis, “Outras árvores”, sinaliza o espaço e dialoga com um conjunto de árvores, introduzindo o visitante à exposição. Ao longo do percurso vão-se sucedendo outros momentos. A escultura de F. Tropa, na sua singular configuração, é uma vanitas que se insere bem na narrativa de tom fúnebre da sala 1. Desde esta sala, e até ao fim do percurso, todas as vitrinas contêm peças em cerâmica de T. S. Pavão, que dialogam com os muito variados objetos nelas contidos. Podemos dizer que o desenho é a prática subjacente a quase toda a obra de P. Calapez. O grande desenho apresentado na sala das tapeçarias “mapeia” o chão da galeria e tem eco nos dois outros, expostos na parede, de carvão e grafite sobre papel. A carga política de algumas das obras da coleção é posta em relevo na “conversa” estabelecida entre a fotografia de M. Botelho e a pintura de Eduardo Malta que retrata Salazar. Duas fotografias de J. Molder integram a zona onde a pintura de retrato tem uma forte presença. As autorrepresentações deste artista, aqui numa versão clownesca, põem em causa a própria viabilidade do retrato individual. As obras de L. Cunha são muitas vezes imateriais, constituídas por sons que interrompem o silêncio que estamos habituados a observar durante a visita a um museu. Neste caso uma voz parece dirigir-se diretamente ao observador, chamando a sua atenção para algo que não podemos ver. No espaço do pavilhão onde estão expostos os veículos automóveis, aquilo que vemos não é exatamente o que parece: na obra de G. Barreiros o que julgamos ser um conjunto de câmaras-de-ar em diferentes estados de esvaziamento, revela-se, num segundo momento, uma construção em metal que, juntamente com o texto “Declaração amigável”, ironiza sobre a relação que estabelecemos com os automóveis e quem os conduz.”