O automóvel que a Porsche não quer restaurar

13/05/2019

Ainda há bem pouco tempo, a Porsche apresentou o protótipo do Porsche 917, completamente restaurado como quando saiu da fábrica. No entanto, o Porsche Museum tem um objectivo diferente para este 910/8 Bergspyder, preservando o automóvel, tal e qual, como quando terminou a sua última competição, mantendo assim a sua identidade e originalidade. A sua última prova foi em 1967 e, desde então, nunca mais voltou a circular, não estando em condições de trabalhar e nem sequer é esse o objectivo do museu.

De todos os 640 automóveis de competição a cargo do Museu da Porsche, o 910/8 Bergspyder pertence ao grupo de somente três automóveis, que nunca sofreram qualquer intervenção desde a sua última competição, somente os fluídos foram drenados, para não estragarem as peças. A preservação deste e outros exemplares, está a cargo de Gundula Tutt, com doutoramento do Stuttgart State Academy of Art and Design em pinturas de automóveis clássicos. O seu trabalho é feito no próprio museu, portanto qualquer visitante o pode observar. Na limpeza, Tutt não utiliza produtos químicos, somente um jacto de ar humedecido, para dissolver a sujidade. Todas as partes mecânicas são conservadas com um óleo especial e toda a carroçaria e plásticos foram encerados.

O Porsche 910/8 Bergspyder foi desenvolvido para competir em rampas, um pouco por todo o mundo e daí o seu nome Bergspyder, já que “berg” significa montanha em alemão. Foi um projecto desenvolvido para o Campeonato Europeu de Montanha, na temporada de 1967, e nunca terminou nenhuma corrida fora do pódio, tendo inclusive ganho quatro delas. Este automóvel foi desenvolvido com base no Porsche 910 ou Carrera 10, como também é conhecido, sendo uma evolução do Porsche 906, inclusivamente o nome técnico é 906/10. Já agora, como curiosidade, o /8 no nome é referente ao número de cilindros do motor. Neste caso, um motor de oito cilindros opostos, produzido em magnésio e alumínio, de 2.0L de cilindrada, desenvolvendo cerca de 270 cv às 8000 rpm, para um peso na volta da meia tonelada.

Os engenheiros da Porsche desenvolveram o 910/8 Bergspyder para ter o mínimo peso possível, eliminando tudo o que não fosse necessário e supérfluo. O chassis de treliças em aço foi substituído por um em alumínio, muitos componentes foram produzidos em titânico e o tanque de combustível só tinha capacidade para 15L de gasolina. Mas isto foi só o começo na perseguição à leveza, por exemplo, utilizava discos em berílio, bastante caros. Portanto, este automóvel foi desenvolvido num pensamento próximo ao de Colin Chapman, o fundador da Lotus.