O Chevrolet Camaro usado na Guerra da Bósnia

27/01/2019

Por norma, os veículos militares são automóveis robustos, com capacidades todo o terreno, para poderem circular em qualquer tipo de superfície. Mas na Guerra da Bósnia, que ocorreu de 1992 a 1995, foi utilizado um automóvel diferente, com uma missão muito especial e distinta, apesar de não estar ao serviço oficial das Forças Armadas.

Helge Meyer era um oficial das Forças Especiais dinamarquesas e também proprietário de um Chevrolet Camaro da segunda geração de 1979. Estava na Base Aérea de Rhein-Main, na Alemanha, quando despoletou a Guerra da Bósnia. Apesar de Meyer andar no meio da guerra, este nunca utilizou uma arma e, por isso, ficou conhecido por “Guds Rambo”, ou em português, o Rambo de Deus e, a sua única arma seria o seu próprio automóvel, porque ele tinha renunciado a violência.

Meyer fez várias alterações ao seu Camaro, por exemplo, removeu a janela traseira para a substituir por um painel em metal, adicionou um “mata-vacas” na frente, além de um painel anti-minas e a maior alteração foi… um pato amarelo de borracha na grelha da frente. Os militares americanos ajudaram na montagem de outros equipamentos, como painéis em Kevlar, janelas reforçadas com aço, pintura fosca igual à do F-117 Nighthawk que absorve as luzes infra-vermelhas, pneus run-flat, sistema para detectar calor, visão nocturna, rádio para comunicação, extintores, dois pneus suplentes e a maior alteração foi a adição de um sistema injecção de nitro. Atrás dos bancos e por debaixo do automóvel foram montadas placas de aço para protecção e as portas e bagageira foram forradas com Kevlar. O motor V8 de 5.7 L também recebeu algumas alterações para a potência subir dos 185 cv originais para os 220 cv e, quando era accionado o nitro, esta passava para os 440 cv. Isto fazia com que, apesar do peso adicionado, este Camaro chegasse aos 200 km/h em 13 segundos.

A sua missão era levar mantimentos aos civis e, apesar de todos os equipamentos adicionados, Meyer ainda conseguia adicionar 400 kg de comida, medicamentos e bens sanitários. As entregas eram feitas durante o dia e a noite, sendo sempre muito bem-sucedido a esconder-se da polícia, militares e dos grupos rebeldes. Ainda assim, chegou a ser perseguido várias vezes e recebeu tiros, mas nunca danificaram nada importante, pois Meyer conhecia bem as estradas secundárias e o Camaro tinha a capacidade de ser invisível nos radares e, por isso mesmo, o Camaro era conhecido por “Ghost Car”. Durante o tempo que esteve no activo, fez cerca de 70 viagens e muitas vezes ia acompanhado por uma enfermeira.

Após o fim da Guerra, Meyer voltou para casa e com ele trouxe o Camaro e, 20 anos depois, este ainda está na sua posse, igual como quando estava na Guerra, só com uma cor diferente, numa cor-de-laranja, mais viva que o preto utilizado no combate. O seu motor também é o original e conta com mais de 100.000 km.

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