O Giulietta 750 — nas variantes Sprint, Sprint Veloce, Berlina e Spider, incluindo alguns modelos especiais — foi um sucesso a vários níveis para a marca Milanesa.
O 1900 foi o primeiro Alfa Romeo novo no pós-guerra, mas a Giulietta — apresentada no Salão automóvel de Turim, em 1954 — tornou-se o modelo com maior número de exemplares produzidos desde a fundação da marca, em 1910.
Marcou de forma indelével a viragem de uma produção manufacturada para uma produção industrial e em série, na Fábrica de Portello. Ali começaram a ser produzidas, depois de, inicialmente terem sido manufaturados na Bertone os primeiros exemplares.
O sucesso da Giulietta justificou uma nova instalação fabril da Bertone, para poder dar resposta cabal à procura do modelo.
Inicialmente projectado em cooperação pela Ghia de Mario Felice Boano e pela Bertone, o resultado final do Sprint (carroçaria coupé), acabou por ser creditado ao designer principal desta última: Franco Scaglione.O design intemporal e as suas avançadas características técnicas tornaram a Giulietta um modelo desejado pelos privados para a competição.
Alguns exemplares Sprint Veloce foram desenvolvidos por especialistas como a Zagato – o próprio Elio Zagato correu na segunda metade dos anos 50 na Scuderia Sant’Ambroeus com Giulietta – ou a Conrero para a competição. A Giulietta Spider – apresentada em 1955 – pela mão da Pinin Farina, também participou nas competições na época, com menor fulgor que aquele da sua irmã Sprint.
Excepção a estes modelos de série, as versões monoposto criada em 1956, pela própia Alfa Romeo para que Consalvo Sanesi tomasse parte na edição das famosas Mille Miglia desse mesmo ano. Mais tarde serviriam de inspiração às versões Sebring, direccionadas ao mercado dos Estados Unidos.
Em 1955, a Alfa Romeo planeou criar um carro de corrida com base nos Giulietta de série. Este projeto era coerente com o sucesso na Fórmula 1 no pós-Guerra e nos automóveis de Sport, com os Disco Volante.
A cilindrada foi definida com base na realidade dos principais competidores na altura e recebeu também uma caixa close-ratio de cinco velocidades. Assim nasceu o protótipo apelidado de 750 Competizione, do qual foram construídos pelo menos dois exemplares.
Baseado no Spider, tinha como objectivo competir na categoria Sport, na classe 1500cc. A carroçaria era tipo barchetta, em alumínio – pesando cerca de 770kg — desenhada por Felice Boano para a Ghia. O chassis, em aço, foi construído por Carlo Abarth, o famoso preparador austríaco Karl Abarth, já convertido em italiano.
A Abarth, na época tinha uma relação próxima com a Alfa Romeo em alguns projectos especiais, muito por influência de Rudolf Hruska, também austríaco.
Hruska colaborara com Abarth no projecto Cisitalia 360 de Grande Prémio. Anteriormente, havia participado, nos anos 30, com Ferdinand Porsche na concepção do projecto KDF, mais tarde apelidado de VW type 1. E, durante a II Guerra Mundial, ajudara a desenvolver os tanques de guerra Tiger alemães. Entrou na Alfa Romeo para coordenar a produção do modelo Giulietta .
Segundo declarações do Eng. Giuseppe Busso – máximo responsável pela mecânica dos Alfa Romeo na época – o protótipo barchetta foi apresentando durante os testes vários problemas a resolver, e a própria marca foi de uma forma gradual perdendo interesse no mesmo.
Havia o objectivo inicial de produzir 50 exemplares mas, com os vários problemas na sua gestação, o 750 Competizione foi cancelado pela direcção da empresa.
Era de importância vital concentrar todas as energias no projecto industrial e na produção das versões de estrada dos Giulietta e no furgão Romeo.
O seu sacrifício na gólgota do pragmatismo industrial não foi em vão. A famosa Giulietta foi um sucesso industrial para a Alfa Romeo, tornando-se o primeiro modelo de grande produção para a marca desde a sua fundação em 1910. Foi o automóvel que permitiu à marca lombarda democratizar a sua produção, permitindo uma nova franja de clientes que valorizavam a velocidade e o dinamismo na condução da Giulietta, que ficou conhecida pela fidanzata d’Italia, a “namoradinha de Itália“!
Marco Pestana/Jornal dos Clássicos
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