Os dez melhores motores dos anos 80

03/06/2024

Os anos 80 foram marcados pela evolução tecnológica dos motores, com muitos avanços na área da electrónica, mas também na proliferação dos motores turbo e do aparecimento dos catalisadores. Apresentamos a lista dos dez motores que marcaram esta década.

 

Ferrari Tipo F105L

O motor F105 da Ferrari foi montado nos Ferrari 308 e Mondial, pertencendo à família de motores Dino. Este motor V8 tem 2.9L e a partir de 1980 passa a ser equipado com injecção de combustível. Em 1982 recebe quatro válvulas por cilindro, nascendo assim o Quattrovalvole, debitando 245 cv.

A aplicação mais ousada deste motor, foi na berlina de quatro portas da Lancia, criando assim o Lancia Thema 8.32. Ao contrário do que seria de esperar, este motor era construído pela Ducati e não pela Ferrari. Utiliza uma cambota de plano cruzado, ao contrário dos Ferrari, que têm uma cambota plana, as válvulas são mais pequenas e a ordem de ignição é diferente, isto para reduzir a potência para os 215 cv na forma não catalisada e 205 cv com catalisador. O Lancia Thema 8.32 foi apresentado em 1986, no Salão Turim, e o 8 significa o número de cilindros e o 32 o número de válvulas. Aquando do lançamento era o automóvel de tracção frontal mais rápido do mercado.

Renault Cléon C1J Turbo

A família de motores Cléon-Fonte da Renault tiveram uma longa vida, pois a sua produção iniciou-se em 1964 e só terminou em 2004. Estes motores de quatro cilindros em linha têm válvulas à cabeça, cambota de cinco apoios, corrente de distribuição e cabeça em alumínio.

O motor C1J tem 1.4L de cilindrada e foi utilizado nas versões desportivas do Renault 5, o GTE e o GT Turbo. O Renault 5 GT Turbo foi lançado em Fevereiro de 1985, que adicionava ao motor um turbo Garrett T2 e desenvolvia 115 cv e 160 Nm. Este motor foi também utilizado nos Renault 9 e 11 Turbo. Com a chegada da Phase II do Renault 5, em 1987, o GT Turbo também recebeu algumas alterações. O turbo Garrett T2 passou a ser refrigerado a água e óleo (na anterior versão era só a óleo). Recebeu um novo sistema de ignição, podendo assim fazer mais 500 rpm, recebeu um novo carburador Solex e assim passou a debitar 120 cv.

BMW S14

O motor S14 da BMW equipa um dos mais icónicos desportivos dos anos 80, o BMW M3 E30, lançado em 1986. Tem quatro cilindros em linha, dupla árvore de cames à cabeça, 16 válvulas e utiliza duas borboletas individuais. O S14 foi construído, tendo por base o bloco do motor M10 com a cabeça do M88, usado no BMW M1, mas com dois cilindros removidos. Existem várias evoluções deste motor, o primeiro é o S14B23, de 2.3L e que debitava 200 cv sem catalisador, ou 194cv com catalisador. Com o M3 Evolution II apareceu o motor S13B23 EVO2, onde a potência subiu para os 220 cv ou 215 com catalisador. Este aumento de potência deve-se a um perfil das cames de admissão alterado, assim como o tempo de escape, aumento da compressão e um novo desenho da admissão na cabeça. A evolução final foi o S14B25 EVO3, que apareceu no M3 Sport Evolution, com um aumento de cilindrada para os 2.5L, passando a debitar 238 cv.

Existe ainda o S14B20, que foi usado no BMW 320is, vendido exclusivamente em Itália e Portugal. A cilindrada é de 2.0L e debita 192 cv.

Ferrari Tipo F120A

Este motor, da marca do Cavallino Rampante, equipou um modelo de sonho dos anos 80, nada mais, nada menos que o Ferrari F40, lançado em 1987 para celebrar os 40 anos da marca e, segundo consta, o último aprovado pessoalmente pelo próprio Enzo Ferrari.

O motor F120A, pertencente à família Dino e foi desenvolvido a partir do motor F114B utilizado no 288 GTO. É um V8 de 90 graus e 2.9L, equipado com dois turbos IHI a 1,1bar de pressão e intercooler, dupla árvore de cames em cada cabeça e 32 válvulas no total, debita 478 cv e 577 Nm. Dos 1311 F40 construídos, 213 foram destinados ao mercado norte americano e os motores receberam o código F120D e debitavam 484 cv. O Ferrari F40 Competizione era o mais potente, com o motor a debitar 700 cv às 8100 rpm. Como curiosidade, os F40 têm três saídas de escape, as laterais vêm de cada bancada de cilindros, enquanto a do meio vem das wastegates dos turbos.

Ford-Cosworth YB

O Ford Sierra RS Cosworth foi a resposta da Ford para rivalizar com o BMW M3, lançado no mesmo ano. Para isso pediu ajuda à Cosworth para desenvolver o seu motor, o YB, baseado no antigo motor T88 ou também conhecido por Pinto. Este tem 2.0L, dupla árvore de cames à cabeça, 16 válvulas no total, injecção Weber-Marelli, um turbo Garrett TO3 e intercooler para debitar 204 cv. A meio de 1987, foi lançada uma versão limitada, o Sierra RS500, que com o mesmo motor, mas com um turbo Garrett TO4, paredes dos cilindros mais espessas, um maior intercooler, uma bomba de combustível melhor, melhorias nos sistemas de arrefecimento de água e óleo, tinha também mais quatro injectores Weber IW025 e uma segunda régua de injecção, mas estes não estavam activos na versão de estrada, passou a debitar 224 cv. Estes foram convertidos na Aston Martin Tickford.

As várias cores da tampa das válvulas, servem para distinguir as várias versões. Com a tampa vermelha é o motor YBB, que equipou o Sierra RS Cosworth e o Sapphire Cosworth, YBD do Sierra RS500 e YBJ do Sierra Sapphire Cosworth 4×4 sem catalisador. Com a tampa verde é o motor YBG do Sierra Sapphire Cosworth 4×4 com catalisador. E já agora, com a tampa azul é o motor YBT dos primeiros Escort RS Cosworth com o turbo maior e com a tampa cinza é o YBP dos últimos Escort RS Cosworth com o turbo mais pequeno.

Mazda 12A e 13B

O Mazda RX-7 SA/FB foi lançado em 1978, com um motor totalmente diferente, conhecido por motor rotativo ou Wankel. Mas foi a partir dos anos 80 que começou a conhecer o seu maior sucessor, principalmente com o lançamento da segunda geração. O primeiro motor a ser montado foi o 12A, que era uma versão aumentada do 10A utilizado no Mazda Cosmo, de 1146 cc, que com dois rotores, cada câmara de combustão tem 573 cc, desenvolvia 105 cv e posteriormente 115cv. Em Setembro de 1983, o RX-7 recebe pela primeira vez um turbo, mas sem intercooler, com o motor 12A a debitar 165 cv.

Em 1984 foi introduzido o motor 13B, de 1.3L, na mesma com dois rotores, mas agora com câmaras de combustão de 654 cc , e aí a potência subiu para os 135 cv. Em 1985 é lançada a segunda geração do RX-7, a FC. No lançamento, o 13B produzia 146 cv e a versão Turbo II chegava aos 185 cv. Em 1989 os motores são actualizados e a versão atmosférica passa para os 160 cv e o Turbo II para os 200 cv.

Opel 20XE

Para muitos entusiastas, este é o melhor motor a gasolina e de 2.0L da época, conhecido também como Red Top. Este motor de 1996 cc está equipado com cabeça Cosworth de 16 válvulas, produzindo 156 cv sem catalisador ou 150 cv com catalisador, este último recebe o código de C20XE.

Este motor foi utilizado no Opel Kadett E GSI 16v, lançado em 1988 para substituir o Kadett GSI com motor de oito válvulas, sendo um dos automóveis mais potentes da sua classe. Este motor equipou também o Opel Calibra 16V, desde o lançamento até 1995. O Opel Vectra A também teve este motor no seu catálogo, equipando as versões Vectra GT e GSI, podendo vir com tracção integral. Além destes e já nos anos 90 este motor equipou o sucessor do Kadett GSI 16v, o Astra F GSI e, também o Lada 111.

PSA XU9J4

Este motor equipou as versões desportivas das berlinas do grupo PSA, com o Peugeot 405 Mi16, o Peugeot 309 GTI 16V e o Citroen BX 19 GTI 16V. O bloco é idêntico ao utilizado no Peugeot 205 GTI 1.9, mas este tem uma cabeça de 16 válvulas, baseada na mesma utilizada no Peugeot 205 T16, passando assim a debitar 160 cv com os mesmos 1905 cc, ou 148 cv nas versões catalisadas.

O Citroen BX 19 GTI 16V, foi o primeiro automóvel francês, produzido em massa, equipado com motor de 16 válvulas. No Peugeot 405 Mi16, também poderia vir com tracção integral, na versão 405 Mi16x4. O Peugeot 309 GTI16 só estava disponível com volante à esquerda, devido à falta de espaço, caso a coluna de direcção estivesse na direita.

Porsche 930

O Porsche 930 era o modelo de topo da gama 911, conhecido por 911 Turbo. Foi introduzido no mercado em 1975, com motor 3.0L, adaptando a tecnologia turbo da competição, baseada na usada no Porsche 917/30 que competiu no Can-Am. O motor, foi retirado também da competição, tendo por base o usado no Porsche 911 Carrera RS 3.0, adicionando um turbo KKK. A potência desenvolvida era de 260 cv e o binário de 329Nm.

Em 1978 a capacidade do motor cresce para os 3.3L, pois o diâmetro dos cilindros foi aumentado em 2mm. Nessa altura, foi também adicionado um intercooler, fazendo a potência subir para os 300 cv e 412 Nm. É então que entram os anos 80 e em 1983 a potência volta a subir para os 335 cv. Em 1986 o modelo passa a ser vendido novamente nos EUA e Japão, mas devido às regras de emissões, a potência é de 282 cv. Nesse mesmo ano, passam a estar disponíveis as carroçarias Cabriolet e Targa. Já no último ano de produção, em 1989, é lançado o 930 Speedster, mas poucos foram produzidos e, nesse mesmo ano, é adicionada a caixa de cinco velocidades G50.

Volkswagen EA827 1.8

O Volkswagen Golf GTI marcou uma época quando foi lançado e, por isso, com a introdução da segunda geração, não poderia faltar a variante desportiva. Inicialmente era o mesmo motor utilizado nos últimos Golf I GTI, o 1.8L com injecção Bosch K-Jetronic que desenvolvia 112 cv. Em 1986 é lançada a versão Golf GTI 16V, com o mesmo bloco, mas com uma cabeça de 16 válvulas e a potência subiu para os 139 cv, ou 129 cv com catalisador.

Estes motores do Golf GTI pertencem à família EA827, desenvolvida pela Audi em 1978, para o Audi 80. Por isso, os motores utilizados no Golf II GTI, foram utilizados noutros modelos, como nos Volkswagen Jetta, Scirocco e Corrado, ou ainda nos Seat Ibiza e Córdoba.