Portaro, o primeiro todo-o-terreno português

O primeiro Todo-o-Terreno português nasceria ainda na década de 70, em pleno período revolucionário, pelas mãos do empresário Hipólito Pires, que negociou com os romenos da Aro a aquisição de chassis rolantes, posteriormente montados e acabados em Portugal quer no que respeita aos conjuntos motor/transmissão quer no domínio das carroçarias, mais interessantes que as originais.

Este projecto revestiu-se de um grande desafio para os técnicos portugueses – tinham de conseguir uma grande robustez aliada à economia.

As primeiras unidades do Portaro foram vendidas no mercado nacional em 1976. Tratou-se de um veículo todo-o-terreno por excelência produzido a pensar nas necessidades dos anos 80. Estas primeiras versões tinham um carácter rústico mas com o evoluir dos anos, os Portaro ganharam carroçarias atraentes e confortáveis.

A construção da carroçaria em chapa de aço de elementos intermutáveis constituía um garante de robustez e de segurança. O chassis foi construído para resistir em condições extremas dificilmente percorridas pelo utilizador comum. Foi dado especial cuidado à pintura de forma a obter-se uma maior protecção anticorrosiva, totalmente comprovada nos climas mais severos onde o Portaro foi ensaiado pois, “as zonas gélidas ou o tórrido calor do deserto, são estas também as auto-estradas do Portaro”.

A utilização de motores provenientes dos melhores fabricantes do mundo, o diesel Daihatsu e o gasolina Volvo são por si próprios a garantia de fiabilidade, potência e economia.

Obtiveram o conforto que normalmente os carros deste tipo não possuem. Para isso, é inegável a contribuição dada pela suspensão independente das rodas da frente e os amortecedores de gás, particularmente estudados para o Portaro.

A nível desportivo destaca-se a sensacional vitória no Rally do Atlas (Paris-Agadir), em Junho de 1982, e décimo lugar da geral no Paris-Dakar de 1983. Estes resultados desportivos contribuíram não só para a imagem de robustez e durabilidade dos diferentes modelos como também para o sucesso nos mercados externos.

Também a vertente militar foi contemplada e apresentada na Exposição do Exército Português, que esteve patente na FIL em 1983. Esta versão denominada Portaro GVM foi integralmente concebida, desenvolvida e produzida por técnicos portugueses, de acordo com as normas da NATO.

Em 1990, a Portaro fechava as suas portas depois de ter vendido quase 7.000 veículos em território nacional e de ter exportado alguns milhares de unidades. A produção anual chegou a atingir volumes perto das 2.000 unidades, sendo que 50% se destinava à exportação.

Com as provas dadas, a Portaro incomodou a concorrência internacional que passou a ter de preocupar-se com a capacidade técnica portuguesa.

Teófilo Tito Santos / Jornal dos Clássicos