O primeiro Ferrari andou há 70 anos

12/03/2017

A 12 de Março de 1947, Enzo Ferrari testou pela primeira vez um automóvel com o seu nome. Tratava-se de um 125 S, como o da nossa imagem de destaque. Tinha motor V12, como seria apanágio da marca, com apenas 1500 cc de capacidade. O chassis tubular recebeu uma bonita carroçaria de rodas cobertas, tipo barchetta, que se tornaria a regra para os automóveis de Sport no período pós-Guerra.

Enzo Ferrari, que tinha sido piloto e, mais tarde, responsável pelas equipas oficiais e semi-oficiais da Alfa Romeo, já tinha, nos anos 30, criado a Scuderia Ferrari e o mítico símbolo do cavalo empinado em fundo amarelo. Mas só nesta data lançou um automóvel com o seu nome. No período em que, por contrato, esteve impedido de o fazer, ensaiou a iniciativa com o Auto Avio Construzioni 815, de 1940. A sua evolução foi condicionada pela II Guerra pelo que, já liberto das restrições do seu nome – que era então já uma marca -, Enzo Ferrari pode baptizar o 125 S com o seu nome.

Menos de dois meses depois desta volta inaugural, a 11 de Março de 1947, no Circuito de Piacenza, o Ferrari 125 S estreou-se em competição. Bem nascido, o 125 S não venceu a primeira prova, mas ganhou a segunda. O resto é história e, neste grandioso percurso do construtor italiano, é importante recordar este que foi um dos seus momentos emblemáticos.

De início, Enzo Ferrari não pretendia vender os seus automóveis a “amadores” – leia-se, todos aqueles que não conduziam suficientemente bem para serem pilotos Ferrari. Mas o idealismo é intenção que não paga contas e, dentro em breve, não só outros pilotos e aspirantes podiam comprar os Ferrari de corrida, como qualquer pessoa, com posses para tal, naturalmente, podia comprar um Ferrari para andar na estrada…

De uma produção a gotas contadas, passou-se hoje para um construtor que, em 2016, vendeu mais de 8000 automóveis. Para contextualizar estes números de produção, de 1947 a 1970, a Ferrari produziu 7812 automóveis. O marco dos 1000 exemplares/ano foi atingido em 1971, 2000/ano em 1979, 3000/ano em 1985 e 4000/ano, em 1988.

Um dado interessante é que Portugal foi um dos primeiros bons mercados da Ferrari, sobretudo no que dizia respeito aos modelos de competição. Os primeiros exemplares vieram correr ao Grande Prémio do Porto, em 1950, mas dois exemplares foram importados por João Gaspar, o agente nacional da Ferrari.

Os 166 MM chegaram em Junho de 1950. O mais antigo, com o número de chassis #0040M e a matrícula NO-13-56 e o #0056M, que recebeu a matrícula PN-12-81. Tiveram extensas carreiras desportivas, com alguns resultados interessantes, principalmente o #0040M, que teve como pilotos Vasco Sameiro e Casimiro de Oliveira. Ambos os 166 MM integram agora colecções estrangeiras.

O Ferrari português mais antigo em Portugal é de 1951. Trata-se do 195 Inter Vignale, o terceiro Ferrari matriculado no nosso país e que faz parte da colecção do Museu do Caramulo.

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