Renault Type AI 35/45hp Vanderbilt Racer vendido por mais de três milhões de euros

19/03/2020

A Renault foi fundada em 1899, como Société Renault Frères pelos três irmãos Renault, Louis, Marcel e Fernand. Louis foi um dos pioneiros no desenho de automóveis tendo produzido vários protótipos de automóveis, antes e se juntar aos seus irmãos, que trabalhavam na empresa têxtil do pai, para a abertura da empresa de automóveis. Até 1903 os automóveis Renault utilizavam motores De Dion-Bouton, sendo que, a partir daí passou a produzir os seus próprios motores.

Desde cedo que os irmãos sabiam da importância da publicidade em competição e participavam nas várias corridas existentes na época, vencendo a maior parte. Marcel faleceu na corrida Paris-Madrid, em 1903 e, desde aí, Louis nunca mais voltou a competir. No entanto, a Renault continuou bastante envolvida na competição, fabricando automóveis com esse objectivo. Os automóveis de competição da Renault, apesar da menor potência em relação aos seus adversários, tinham uma condução fabulosa, com bastantes inovações integradas, fazendo com que fossem os preferidos.

Nenhum outro nome está melhor relacionado com o início das competições americanas de automóveis, que Willie K. Vanderbilt. Em 1900 começou a organizar as suas próprias competições, em Newport, Rhode Island, movendo-se, posteriormente, para Long Island, tornando-se a Vanderbilt Cup, a competição mais importante da época em território americano. Existiam dois grandes grupos, os automóveis destinados à competição e com apoio das fábricas e o grupo dos pilotos amadores, com automóveis menos sofisticados. Willie foi à Renault saber se teriam interesse em produzir o seu modelo de topo, o 35/45hp, para os seus amigos americanos. Este automóvel situava-se abaixo dos modelos da Renault desenvolvidos para os GP e era destinado aos pilotos privados. Vanderbilt conseguiu dez encomendas pagando à Renault 150.000 dólares pelos automóveis. Cada automóvel tinha a mecânica idêntica, mas o trabalho de carroçaria era executado ao gosto de cada um.

Assim, o Renault 35/45hp foi um dos automóveis preferidos dos concorrentes. Utilizando o motor do Renault Type AI montado num chassis completamente diferente. O motor e a caixa de quatro velocidades manuais foram montados mais atrás do que o habitual. O selector da caixa tinha a particularidade de transformar o tradicional H num engenhoso sistema em linha. O eixo traseiro desenvolvido e patenteado pela Renault, tinha uma relação final de 2:1, fazendo com que atingissem velocidades superiores aos concorrentes.

O Renault Type AI 35/45hp Vanderbilt Racer presente neste artigo conseguiu ser preservado em muito bom estado ao longo dos tempos, sendo descoberto pela primeira vez por James Melton, cantor de ópera, em Ridgefield, Connecticut, em 1946, adquirindo-o para a sua colecção e adicionou vários elementos para poder circular na via pública, como faróis e guarda-lamas. Passou depois, para a posse de William Spear Jr., conhecido por ser o piloto do Briggs Cunningham nas 24h de Le Mans.

Em 1957, Tony Hulman, dono da Indianapolis Speedway, andava pelo país à procura dos automóveis mais significantes da história do país, para o seu Indianapolis Speedway Hall of Fame Museum. Encontrou o Renault e adquiriu-o por 7.500 dólares para o museu. Permaneceu no museu durante 60 anos, até chegar ao dono que o levou a leilão, onde foi restaurado e posto com a aparência da época.

A história do automóvel antes da aquisição por Melton não é certa, assim como a de outros quatro automóveis. Segundo consta, este foi o automóvel conduzido por Louis Raffolovitch, nas 24h de Brighton, em 1907, onde venceu. Este era o único que ainda mantinha o depósito de combustível maior.

Em 2016, a sua caixa de velocidades foi reconstruída, o exterior foi pintado e o interior recebeu um restauro para o Pebble Beach Concours D’Elegance. No restauro do interior, foi encontrado o tecido original debaixo do tecido aplicado nos anos 50. Foi cuidadosamente removido e replicado com couro novo. O original ficou guardado junto com o automóvel.

O motor que equipa este automóvel, é um quatro cilindros em linha, com 7,4 litros de cilindrada, que debita 65 cv. Dos dez automóveis construídos, sabe-se da existência de cinco exemplares, sendo que quatro deles ainda permanecem nas mãos de coleccionadores americanos.

Este automóvel, com o chassis número 8938 e o motor número 225, foi levado a leilão, pela Bonhams, no passado dia 5 de Março, no evento The Amelia Island Auction, sendo arrematado por 3.332.500 dólares, cerca de 3.034.511 euros.

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