Salvem o Panda

19/09/2018

Poderia este ser um artigo sobre o ambiente, onde a espécie dos Panda-Gigante residente nas regiões montanhosas da China estão ameaçadas, tendo já saído da lista de animais em vias de extinção, mas ainda como espécie vulnerável. Refiro-me a um outro Panda, muito popular na década de 80, desenhado por Giugiaro, e que após três gerações já conta com cerca de 7,5 milhões de unidades produzidas até aos dias de hoje.

Se é um feliz proprietário de um Panda os meus parabéns. Se é o proprietário de um Panda antigo, os meus parabéns ainda maiores, pois está a ajudar a salvar esta espécie automóvel em vias de extinção.

Na década de 80, este pequeno automóvel de linhas retas, sem puxadores nas portas e de bancos que não eram nada mais que uma armação coberta de lona, foi um dos meios de transporte de toda uma geração com pouco dinheiro mas com necessidade de se deslocar.

Por dentro, os felizes proprietários podiam contar com uma visão colorida, pois a mistura de cobertura de tecido a condizer com os estofos que forrava parte das portas e a zona do tablier, contrastava com a cor da chapa que coloria o veículo, fazendo um contraste perfeito na harmonia do habitáculo. Espaçoso, com os bancos traseiros a fazerem várias posições, incluindo a hipótese de ficarem planos e formarem uma cama, uma bagageira capaz de levar uma cadeira de praia, umas grades de bebidas mais umas toalhas, faziam deste citadino perfeito para as incursões de quem é jovem e quer passar uns bons momentos a conhecer o mundo sem grandes preocupações. Gasolina e siga.

É no campo das motorizações que este citadino poderá ficar um pouco há quem das espectativas. Para quem a velocidade e a rapidez é essencial, então, este não é de todo o seu clássico. As primeiras motorizações eram provenientes do Fiat 126, de 625cm3 que debitava uns estonteantes 30CV, ou, um motor mais atraente, proveniente do Fiat 127, com 903cm3 de 45CV. Ao longo da sua existência outros motores foram acrescentados à gama Panda, entre os quais um motor a gasóleo e os motores Fire, motores de 1000cm3 ou 1100cm3, de 45 ou 50CV respetivamente. Na verdade… podem não ser rápidos, mas são muito ágeis. Coloquem uns Pinos no alcatrão e vão ter a oportunidade de sentir um serpentear impressionante, de fazer inveja a muito automóvel crescido.

Se isto não faz deste um clássico de eleição para si, então espere até saber o resto. A Fiat criou uma versão 4×4 do Panda. Atrever-me-ia a dizer, a joia da coroa deste humilde citadino. Lançado em 1983, este primeiro modelo do Panda 4×4 era simples e prático. Teve o seu grande êxito junto dos trabalhadores que por algum motivo necessitavam de se deslocar em ambientes rurais. Em meados de 1987 é lançada uma segunda série, na versão Sisley, contando já com uma motorização Fire, existente apenas nas quatro cores que o tornaram imediatamente reconhecível ao olhar, sendo elas, o verde tropical, bordeaux, azul e cinzento.

Finalmente, e para terminar esta já longa lista, em 1990 alguns Panda obtiveram a designação de CLX, que não eram nada mais do que um Panda equipado com tracção às quatro rodas, e em 1991 surge a terceira edição com os modelos Country Club e Trekking. É um 4×4 que não deixa ninguém envergonhado. Leve e com uma boa relação peso potência, um sistema simples de passagem para a tração integral, que pode ser feito em andamento, uma mecânica básica, que conta muito no final do dia de passeio. Este Panda irá consigo descobrir paisagens que, ou ia a pé, ou com outro automóvel não ia.

Perante tudo isto, dirija-se ao barracão, garagem, parqueamento, ou onde quer que tenha o seu Panda a apodrecer e dê-lhe uma nova vida, a ele e a si, pois esta espécie ameaçada de extinção merece ser salva, sair do cativeiro e inundar as estradas do país.

José Sebastião/ Jornal dos Clássicos

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