Talbot Sunbeam Lotus, o automóvel de ralis britânico pouco conhecido

02/05/2019

Competindo com os Audi Quattro, Renault 5 Turbo, Fiat 131 Abarth, Ford Escort RS1800 e Toyota Celica 2000GT, o Talbot Sunbeam Lotus surpreendeu todos quando a Talbot foi vencedora do Campeonato do Mundo de Ralis em 1981, e Guy Fréquelin, acompanhado por Jean Todt, ficaram em segundo lugar na classificação de pilotos.

A ideia de utilizar o Chrysler Sunbeam como máquina de ralis, partiu do director da Chrysler Motorsport, Des O’Dell. No entanto, os primeiros passos não foram fáceis, pois quando O’Dell apresentou o projecto ao quadro de administração, ele foi rejeitado,já que o seu desenvolvimento era demasiado caro. Mas, O’Dell não desistiu, pois acreditava que a sua proposta era vencedora, já que o Sunbeam era leve, tinha tracção traseira, com uma boa suspensão e travagem.

Com o seu próprio dinheiro, O’Dell adquiriu um motor 907 à Lotus, de quatro cilindros em linha e 16 válvulas na cabeça, capaz de atingir os 250 cv. Levou o motor para as oficinas da Chrysler Motorsport e, pegando num Chrysler Sunbeam, começou a transformar o automóvel, com vários reforços e melhoramentos em várias partes, como ao nível da suspensão.

Após algumas semanas, o automóvel estava concluído e foram feitos alguns testes ao protótipo. O’Dell voltou a apresentar a sua ideia à administração, sendo novamente negada, mas, desta vez, ele tinha um truque na manga e pediu à administração para que fossem ao parque ver o automóvel. Após alguns testes, foi dada luz verde ao projecto.

A Chrysler Europe foi vendida à Peugeot, a 1 de Janeiro de 1979, fazendo com que o Chrysler Sunbeam passasse a ser Talbot Sunbeam. A versão de topo, como não poderia deixar de ser, levou a designação Talbot Sunbeam Lotus e foram produzidos 400 exemplares para poder ser homologado pela FIA.

As versões de estradas eram produzidas com base no Talbot Sunbeam 1.6 GLS, onde era equipado o motor Type 911 da Lotus, de 2.2L de cilindrada e 16 válvulas, que produz 150 cv às 5750 rpm, nesta versão de venda ao público. Acoplado ao motor ficava a caixa ZF de cinco velocidades manuais. Além disso, a suspensão foi melhorada e foram adicionadas barras estabilizadoras mais largas.

Em 1979, a primeira temporada do Campeonato do Mundo de Raliss em que o Sunbeam Lotus competiu, aos comandos estava o britânico Tony Pond, que apesar de ser bom piloto, ultrapassava os limites, desse modo acabou por ter vários acidentes.

Em 1980, a Talbot elegeu dois pilotos mais experientes e, ao mesmo tempo, mais calmos. A escolha recaiu em Guy Fréquelin e Henri Toivonen. Os novos pilotos, em conjunto com várias melhorias operadas no automóvel, fizeram do Talbot Sunbeam Lotus uma máquina muito mais competitiva. No RAC Rally de 1980, competiram três Sunbeam, conseguindo o primeiro, terceiro e quarto lugares, sendo o vencedor Henri Toivonen, que com 24 anos, fez dele o piloto mais jovem a vencer uma prova do WRC. Em 1981, veio o ano da consagração da Talbot como marca vencedora do WRC.

O exemplar abordado neste artigo, com o chassis número T4DCYBL425390, tem como base a versão de estrada, pertence aos últimos Talbot Sunbeam Lotus Serie II produzidos. O seu motor foi evoluído para as especificações de rali, por Phil Davison, o mesmo que preparou os motores para a equipa oficial da Talbot.

A construção do automóvel demorou quase oito anos, com muitas outras melhorias, como travagem AP Racing, com discos de 280 mm, bomba de combustível da Holley, moentes das árvores de cames Lotus 910, polias da HTD, colector em inox idêntico aos usados pela equipa oficial, filtro de ar ITG, disco de embraiagem e prensa da Helix, carburadores reconstruídos, cubos das rodas de Grupo 4, amortecedores ajustáveis Gaz Gold, diferencial autoblocante de relação 4.4. O motor foi medido em banco de potência, tendo debitado 212 cv. Este Talbot Sunbeam Lotus foi oferecido em leilão pela Historics Auctioneers no passado mês, tendo sido arrematado por 25,000£, cerca de 29.000€.

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