Usar o telefone no automóvel não é de agora

11/01/2020

Hoje em dia fazer chamadas telefónicas num automóvel é algo comum, pois quase todos os automóveis novos vêm com esse sistema. Mas já alguma vez pensou quando foi a primeira vez em que foi possível fazer chamadas através de um automóvel?

O sistema teve início nos EUA, através da empresa de telecomunicações americana Motorola, que teve o seu primeiro produto comercial um rádio para equipar os automóveis nos anos 30. Em 1946 desenvolveu um equipamento em que era possível fazer chamadas através do novo serviço radiotelefónico da Bell Systems para os automóveis. Ou seja, desde dos anos 40 que é possível fazer chamadas telefónicas nos automóveis.

Os primeiros equipamentos de telefone para automóveis pesavam à volta de 36kg. As chamadas repercutiam ininterruptamente entre as “células” de cobertura e, nas autoestradas americanas, os receptores remotos eram montados na parte inferior dos postes telefónicos, num compartimento à prova do tempo. Em 1968, este serviço comercial estava espalhado por 60 cidades nos EUA e Canadá, com cerca de 4.000 subscritores, fazendo 117.000 chamadas por mês. E foi assim que o conceito de telemóvel foi criado.

Nos primeiros sistemas a pessoa tinha de carregar num botão para falar e largar para ouvir, tal como nos Walkie-Talkies, mas aqui o accionamento era feito pelo pé. Mas, devido ao crescente número da população, nos anos pós-Guerra, todas as pessoas queriam um telefone no seu automóvel. A lista de espera andava na ordem dos cinco a dez anos. O problema é que procura havia, a tecnologia é que não.

O sistema da Motorola custava 176 dólares por mês, apesar de caro decididamente valia isso e, com os anos, o sistema foi ficando cada vez melhor e mais fiável. Os actores de Hollywood publicitaram bastante este serviço, pois era possível fazer chamadas em qualquer lugar. Nos anos 60, o peso do equipamento foi reduzido, mas a procura continuava a aumentar. Com exemplo, a cidade de Nova Iorque tinha apenas 12 canais para os cerca de 2.000 clientes e tinha que esperar em média meia hora para se poder fazer uma chamada.

Foi então que se começou a aperceber dos riscos de conduzir e falar ao telefone ao mesmo tempo. Martin Cooper, o engenheiro da Motorola, disse mesmo que ia desenvolver um sistema que bloqueava o telefone enquanto o automóvel estava a ser conduzido.

No final dos anos 60, foi lançado aquilo que viria a ser o telemóvel que conhecemos hoje. Bastante pesado como é óbvio, e com uma bateria muito limitada, mas podia-se levar o telefone para qualquer lado na mala. Foi o próprio Martin Cooper que desenvolveu o primeiro telemóvel, em 1973, posto no mercado dez anos depois. A sua esposa, Arlene Harris, também parceira no negócio de Cooper foi a mulher que inventou o sistema sem fios wireless.

Nos anos 80 os telefones nos automóveis continuavam a ser mais populares que os fixos, mas nos anos 90 o rumo foi diferente, com a crescente procura dos telemóveis. Desde 1982 que o desenvolvimento da tecnologia radiotelefónica para os automóveis parou, apesar de alguns equipamentos idênticos estarem à venda até 2008, como os Motorola VC6096 e Nokia 810.

Não foi só nos EUA que existiu este tipo de serviço. No Reino Unido existiu um serviço idêntico, designado por Post Office Radiophone Service, que foi lançado na cidade de Manchester em 1959, mas necessitava de ter assinatura com uma operadora telefónica e, antes de efectuar a chamada, esta ia para um central.