Veni, Vidi, Vici: A história da Lancia

28/10/2018

A Lancia começou como tantas outras marcas italianas: com o objectivo de saciar a sede dos entusiastas de velocidade. Originária de Turim, era a visão de Vincenzo Lancia, que pretendia criar veículos leves e financeiramente acessíveis para aqueles que faziam das corridas o seu desporto de eleição.

Em 1906, após alguns anos de estudo, decide que está na altura de conceber o seu próprio automóvel e persuadindo Claudio Fogolin (antigo piloto da Fiat) abre a sua primeira loja. O primogénito acabou por ser o Lancia “Tipo 51 / 12 HP” – mais tarde renomeado de “Alfa”. Este modelo produzido de 1907-08 permitiu que a companhia ganhasse estatuto dentro do universo das corridas e espelhou o que se tornaria o legado da mesma: veículos sóbrios e elegantes a nível exterior, com interiores inovadores e refinados.

Procurando inovar e seguir tendências futuras surgem depois, introduzidos pela marca, os motores V12, que se afastaram dos tradicionais “em linha”. No entanto e devido ao clima financeiro (1919) não foi a altura ideal para a massificação deste tipo de luxo. Foi no entanto o pontapé de saída para a produção de um novo modelo, o Tri-Kappa, vendido entre 1922-25, que era uma espécie de versão aumentada do Lambda, um dos modelos mais populares nos anos 20.

O passo seguinte foi patentear desenhos para motores V4 o que impulsionou outros a criar motores mais compactos. O objectivo final era o de criar um motor o mais minimalista possível.

Infelizmente, em 1937, Vincenzo sofre um ataque cardíaco e abandona a empresa que passa para o filho Gianni e para a esposa. Por esta altura toda a produção havia sido interrompida para produzir materiais bélicos e relevantes no clima de guerra.

Após o término das batalhas, Gianni contrata o designer Vittorio Jano (ex-Alfa Romeo) sob a alçada do qual se produz um motor V6. Mais uma inovação a impulsionar a indústria da altura.

Foi montado no Aurelia B10 que apesar de simples a nível exterior, trazia consigo bastantes pormenores que o tornaram um predilecto dos pilotos pelas sua condução.

A marca sempre procurou apresentar aos clientes um produto sinónimo de expoente máximo de qualidade o que infelizmente, sem procura suficiente nos anos 60, conduziu ao seu declínio e tornou a produção insustentável. Por isso, em 69, a companhia é adquirida pela Fiat, preservando-se assim a marca. Gianni perde o negócio mas a marca em si ganha acesso ao universo Ferrari, pertença da empresa mãe Fiat. O Stratos, Gamma e Beta ganham assim o emblema Lancia.

Modelos de grande importância como o Delta – conhecido pelas várias variantes HF e Integrale -, acabam por surgir entre os anos 70 e anos 90, altura em que a maioria dos Lancia acabam “clones” de modelos Fiat. A indústria usava e abusava do intercâmbio de peças e partes entre estas duas marcas.

Em 2009, parte da Chrysler é adquirida pela Fiat e grande parte dos modelos Lancia passam a usar o logo da subsidiária em vários mercados. Já em 2014, o falecido Sergio Marchionne anunciou que a marca, que à época já só produzia um modelo, o Ypsilon, se manteria viva somente em Itália.

Tendo mantido até à última as nomenclaturas de letras gregas, e preservando os valores de luxo e inovação, será sempre uma marca querida por todos os que têm no mundo automóvel um hobby ou uma paixão. Resta apenas esperar que um dia possamos ver a mesma ressurgir das cinzas, e se tal não acontecer, ao menos haverá sempre uma herança automobilística de enorme valor deixada a todos pelos génio de Vincenzo.