10 Semanas, 10 Filmes com Motos: 2º Easy Rider

25/07/2022

Easy Rider

Este filme chegou ao mundo em 14 de julho de 1969, ano da chegada à Lua (apenas 6 semanas depois), mas é como se fosse um filme de hoje, mais ainda a banda sonora, com especial destaque para Born to be Wild dos Steppenwolf que era atual à data, continua a ser e, arrisco escrever, vai ser sempre!

Mesmo de olhos fechados é fácil fazer a associação ao mundo das motos de estilo chopper, neste caso feitas à mão pela equipa de Ben Hardy, destinadas à aventura, à liberdade, ao heavy metal e, já agora, a alguns excessos inerentes à condição humana, sejam drogas, violência, álcool, sexo…

Easy Rider, geralmente traduzido como “Sem Destino” conta, em cerca de 95 minutos, a história da busca da liberdade e de si mesmo por Peter Fonda (Wyatt) e Dennis Hopper (Billy, que também foi o realizador), dois motards que empreendem uma viagem entre Los Angeles e Nova Orleães, com o objetivo de marcarem presença no Mardis Gras, ou seja, a terça-feira de Carnaval.

Ambos representam, de certa forma, o anti-herói americano e são completamente contra o sistema. O primeiro, com a célebre bandeira das estrelas do EUA no depósito da sua Harley (Capitão América), no blusão e no capacete é a alegoria do homem da lei Wyatt Earp e o segundo, trajando roupas indígenas, representa o “matador” Billy the Kid.

Pelo caminho “acolhem” Jack Nicholson (George Hanson), um advogado alcoólico que os evita de ficarem na prisão e lhes abre os olhos para uma nova dimensão do mundo, tornando-se os 3 inseparáveis e decidem os 3 prosseguir viagem juntos.

Este road movie faz-nos viajar de moto, pelos desertos e paisagens americanas, mas é muito mais que isso! É uma viagem ao interior de cada um de nós! Eu próprio já vi o filme várias vezes ao longo da minha vida e cada vez que o vejo, sinto que me toca de forma diferente! Façam a experiência.

Ainda que correndo o risco de ser hiperbólico, escrevo que quem nunca viu o filme é uma pessoa mais pobre, gostando ou não de motos e mesmo sabendo que o fim da história é trágico!

Curioso que, em termos de prémios, o filme foi praticamente um fiasco, até porque foi um filme com um orçamento reduzido (low budget) e até “contra a corrente” de Hollywood! Não recebeu qualquer óscar da Academia e só mesmo o Festival de Cannes lhe reconheceu a genialidade atribuindo o prémio de realizador “estreante” a Dennis Hopper, mas nas bilheteiras as coisas correram bem melhor!

Ainda uma última nota curiosa: é mais ou menos aceite que a fonte de inspiração para este filme vem de um filme italiano! Nada mais, nada menos, que Il sorpasso (A Ultrapassagem), comédia italiana de 1962, em que tudo começa em Roma e depois se desenrola por Itália fora, mas com um carro e não com motos! Talvez valha a pena ver também!

Para a próxima semana teremos novo filme. É já uma produção deste século e completamente diferente dos anteriores, sendo que seria completamente impossível de fazer naquela altura por uma razão muito simples: a tenologia não o permitia! Até quarta-feira.