Ensaio Yamaha Tracer 900 GT 2018: Sport Touring ao mais alto nível

10/06/2018

O sucesso da gama Sport Touring da Yamaha está demonstrado não só pela qualidade dos seus modelos Tracer 900 e 700, como pela relação preço/performance imbatível, a justificar plenamente as mais de 35.000 unidades vendidas desde o seu lançamento em 2015. Mas a Tracer de 2018 é uma evolução considerável em relação ao modelo anterior pois vem melhorar ainda mais uma série de aspectos e elevar, sobretudo nesta versão GT que testámos, a um nível superior o prazer na sua condução e do seu desempenho.

O primeiro que nos salta imediatamente à vista é a sua nova estética, com elementos que definem claramente a sua vocação desportiva num setup que se mantém de uma moto de turismo. Esta versão em cor azul mate, combinada com os dourados das suspensões e do lettering de designação do modelo, conferem uma imagem de exclusividade desta versão ainda mais evidente. Muito bela de facto a nova Tracer 900 GT. Os objectivos de exclamação positiva em qualquer lugar que parávamos foram sempre nesse mesmo sentido.

E se o conjunto atrai pela sua beleza e equilíbrio estético também as componentes ergonómicas e técnicas são dignas de destaque. A posição de condução foi substancialmente melhorada graças à montagem de um novo guiador, que é 10cm mais estreito e mais aberto, fazendo com que a colocação das nossas mãos no mesmo sejam numa posição de extensão mais natural dos braços.

Mas também a Tracer está agora mais confortável graças a um assento mais estreito e em simultâneo mais cómodo, pois o seu interior está mais preenchido aumentando ligeiramente a altura de espuma do mesmo em cerca de 5mm, sem no entanto penalizar a colocação dos pés no chão, graças à sua maior estreiteza na frente. O assento é também passível de ser colocado em duas posições facilitando assim a utilização por condutores de menor estatura.

A colocação das peseiras contribuem também para uma maior sensação de conforto, se bem que de início estranhámos pois, na nossa opinião, estão colocadas demasiado baixas e para trás, talvez também para que as peseiras do pendura possam ser por sua vez ser colocadas numa posição em prol do maior conforto do mesmo, proporcionando maior comodidade e menos cansaço físico em tiradas e viagens de maior distância. Notámos no entanto alguma falta de isolamento à vibração pois a partir das 5.000 rpm começamos a sentir um formigueiro estranho na sola dos pés, talvez um upgrade com borracha seja aconselhável para quem pretenda realizar viagens com a Tracer.

Houve a preocupação de facto de aumentar o conforto geral da Tracer 900 sobretudo nesta versão topo de gama, a GT, que ao nível das suspensões permite agora ajustes totais das mesmas e o amortecedor traseiro monta inclusivamente um extensor do manípulo de regulação da pré-carga de mola para facilitar o o seu ajuste em função do peso que carregamos na traseira da moto ou do tipo de condução que pretendemos realizar. As suspensões têm um desempenho excelente mantendo sempre uma leitura correcta do estado do piso e proporcionando um nível de aderência superior mesmo em condução mais agressiva podendo ser sempre reguladas para todo o tipo de situações. E a travagem é potente e efectiva mas sem ser brusca mas antes progressiva e sensível à maior pressão sobre a manete.

Em termos do conforto geral a GT tem agora um novo écran frontal com um sistema simples e eficaz de alteração da sua altura que funciona apenas com uma mão e através do simples aperto de uma mola que liberta a fixação do mesmo podendo ser facilmente regulado na sua posição. De qualquer forma o écran é algo minimalista mas suficiente para o dia a dia. Se o objectivo for o de realizar grandes viagens com a Tracer recomendamos a colocação de um écran com maior proteção aerodinâmica.

Para evoluir na componente desportiva da nova Tracer GT 2018 a mesma viu o seu quadro ser redesenhado e aumentada a sua distância entre eixos em cerca de 60mm, passando a ser agora de 1500mm graças sobretudo ao braço oscilante mais longo que permite dotar a Tracer de maior estabilidade numa condução mais desportiva.

O motor tricilíndrico da Tracer 900, com 847cc e 115CV de potência `s é também ele toda uma referência do conjunto e mantém o “punch” a que nos habituou a baixa e médias rotações acompanhado por um som de escape cheio e entusiasmante. O sistema “Ride-by-Wire” foi melhorado e a aceleração no início é agora muito mais suave e controlada tendo desaparecido totalmente aquela sensação de “on-off” que provocava algum desconforto sobretudo no pára-arranca em cidade.

Também ao nível da electrónica a GT vê os seus atributos melhorados montando agora sistema de Quick-Shift uni-direcional, o que para nós acentua ainda mais o temperamento desportivo da Tracer e favorece a utilização do binário e de uma caixa bem escalonada de 6 velocidades. Não sentimos falta de “quick-shift” nas reduções pois preferimos sempre realizá-las com a ajuda da embraiagem, que é agora deslizante e que permite suavizar o forte binário do motor “crossplane” da Tracer.

A Tracer GT inclui 3 modos de motor possíveis, 2 níveis de controle de tração, ABS de 2 canais e inclui também Cruise Control. Os punhos aquecidos são regulados a partir do écran TFT a cores, que apesar de dimensão algo reduzida, concentra toda a informação necessária e é de utilização muito intuitiva e fácil.

A versão GT da Tracer de 2018 inclui ainda malas laterais, esteticamente bem integradas e à cor da moto mas de dimensão contida, onde não cabe um capacete, pelo que para viagens ou mesmo no dia a dia talvez faça mais sentido montar uma top-case. A GT inclui ainda de origem, descanso central, muito útil em viagem quer para manutenção da moto quer para colocação mais fácil de bagagem.

A Yamaha Tracer 900 GT está disponível em 3 cores diferentes, Midnight Black, Nimbus Grey e Phantom Blue, esta última a versão que ensaiámos. O seu PVP de 12.595 euros que justifica plenamente os 2.000 eur mais em relação à versão normal considerando o número de acessórios e funcionalidades que inclui mantendo a sua competitividade em relação à concorrência.

Especificações Técnicas

Motor

Tipo de motor 3 cilindros, 4 tempos, refrigeração líquida, DOHC, 4 válvulas
Cilindrada 847 cm³
Diâmetro x curso 78,0 mm x 59,1 mm
Taxa de compressão 11,5 : 1
Potência máxima 84,6 kW (115CV) @ 10.000 rpm
Versão com potência limitada N/A
Binário máximo 87,5 Nm (8,9 kg-m) @ 8.500 rpm
Sistema de lubrificação Cárter húmido
Tipo de embraiagem Húmida, Multidisco
Sistema de ignição TCI
Sistema de arranque Eléctrico
Sistema de transmissão Sincronizada, 6 velocidades
Transmissão final Corrente
Consumo de combustível 5,5 l/100km
emissões CO2 127 g/km

Chassis

Quadro Diamante
Curso dianteiro 137 mm
Ângulo do avanço de roda 24º
Trilho 100 mm
Sistema de suspensão dianteira Forquilha telescópica
Sistema de suspensão traseira Braço oscilante, Tipo Link
Curso traseiro 142 mm
Travão dianteiro Disco duplo hidráulico, Ø 298 mm
Travão traseiro Monodisco hidráulico, Ø 245 mm
Pneu dianteiro 120/70ZR17M/C (58W)
Pneu traseiro 180/55ZR17M/C (73W)

Dimensões

Comprimento total 2.160 mm
Largura total 850 mm
Altura total 1.375 mm max 1,430 mm
Altura do assento 850 mm max 865 mm
Distância entre eixos 1.500 mm
Distância mínima ao solo 135 mm
Peso (incluindo óleo e gasolina) 215 kg (side cases + brackets: +12kg)
Capacidade Dep. Combustível 18 L
Capacidade Dep. Óleo 3,4 L