Ensaio Yamaha XSR900 Abarth – Exclusividade NeoClássica

30/09/2017

Quando aqui há uns meses atrás ensaiámos a Yamaha XSR900, a impressão com que ficámos acabou carregada de adjectivos que expressavam o nosso contentamento. Uma Sport Heritage com enorme pedigree, de linhas Neo-Clássicas muito bem concebidas, com acabamentos de extrema qualidade e com um comportamento dinâmico surpreendente, sobretudo graças ao seu fantástico tri-cilíndrico de 115 Cv, com um binário extraordinário que tornava a sua condução em verdadeiro prazer.

Na semana passada tivemos o privilégio de ensaiar a Yamaha XJR 1300 versão Racer a qual apelidámos de “ the Ultimate Café Racer”, modelo 2016, já descontinuado, mas totalmente icónico, já que se manteve na gama da Yamaha por mais de duas décadas, primeiro com a XJR 1200 e depois a com a versão de 1300cc. Este modelo com motor tetra cilíndrico e 98 CV, invocava as antigas “muscle bikes” que no final dos anos 70 e princípios do anos 80 eram as motos de eleição nas transformações em Café Racers.

Curioso como este conceito está agora mais vivo ou tão vivo como então, sendo que a Yamaha tem sido precursora no seu desenvolvimento, quer através do lançamento de modelos específicos na sua gama, as XSR 700 e 900 e a SCR 950, como em programas que lançam o desafio aos ateliers de preparação na utilização de modelos Yamaha para as suas propostas e projectos como é exemplo o já famoso conceito de marketing estratégico “Yard Built” ao qual concorrem todos os anos inúmeras preparações originárias dos quatro cantos do mundo.

Este recente segmento de mercado das Sport Heritage, em paralelo com o segmento das Adventure Tourers, é um dos segmentos tendência com maior potencial de crescimento, razão pela qual a Yamaha tem desenvolvido um investimento considerável no lançamento de novos modelos e implementado um marketing paralelo bastante agressivo e eficiente.

Nesse sentido e a faltar uma verdadeira Café Racer na sua gama de 2017, a Yamaha decidiu juntar-se com a Abarth, preparador e parceiro da FIAT de longa data, FIAT que também tem sido parceiro da Yamaha no MotoGP e, em conjunto, conceberam uma moto que pudesse reunir o carisma e o DNA histórico das duas marcas na competição num só produto.

É nesse contexto que é anunciada então, em meados de 2017, a XSR 900 Abarth 695, uma verdadeira Café Racer, ao mais puro estilo Ace Café dos anos 60/70, uma moto que herda a fantástica ciclística da XSR e o seu poderoso motor de três cilindros numa configuração estética neo-clássica de Café Racer.

Uma pequena carenagem em fibra de carbono, que nos parece familiar, pois é a mesma que a Racer XJR1300 já montava, no entanto na XSR parece ainda melhor integrada. Outros pormenores relativos à qualidade de execução deste modelo saltam-nos de imediato à vista como a baquet forrada a alcântara e com tampa também em fibra de carbono e que a converte em mono-lugar. Também o guarda-lamas dianteiro é em fibra de carbono.

A moto vem numa cor cinza rato satinado/lacado com vivos e listas num vermelho rosado, decoração e grafismos idênticos aos do Fiat 500 Abarth Pista 695, que lhe conferem uma enorme classe e refletem o bom gosto desta versão, realidade que contrasta com o look extremamente agressivo das suas linhas neo-clássicas. Uma faixa preta pintada na base do depósito faz com que o mesmo pareça mais esguio e menos volumoso. Uma solução simples para harmonizar as linhas de uma moto.

Assim que nos sentamos na XSR Abarth imediatamente conseguimos aperceber-nos do o seu temperamento e daquilo que nos espera. A posição é mesmo radical e totalmente inclinada para a frente com o peso do corpo sobre o depósito e sobre os nossos pulsos, consequência da montagem de um guiador tipo avanços ACE, típico dos anos 60, que a Abarth inclui. As mãos têm alguma tendência para escorregar para baixo caso o agarrar não seja suficientemente firme.

A primeira impressão é que esta posição sacrifica um pouco a condução ao estilo e ao conceito da própria moto, realidade que viemos a comprovar em trajecto de pára-arranca, e que pode converter-se num pesadelo para aqueles que não tenham um grip forte de mãos e uma boa resistência ao peso do corpo nos pulsos. É uma verdadeira Café Racer, não haja dúvida, e feita para andar rápido, pois essa é mesmo a única forma de aliviar alguma pressão nos nossos braços.

E andar rápido é o que a Abarth mais deseja e sabe proporcionar. Com 3 modos de motor e outros tantos no controle de tracção, a XSR Abarth garante uma pilotagem enérgica e sempre ao ataque. Chegados à frente para que o corpo não vá demasiado deitado e a pressão sobre os pulsos não seja tão evidente, a XSR Abarth parece-nos quase uma moto de competição, com o binário do três cilindros sempre a desafiar a gravidade no levantar da roda da frente.

No transito a posição é algo cansativa e em cada semáforo convida-nos a endireitar o corpo com uma mão no depósito. Não é definitivamente uma moto para circular diariamente em percursos urbanos, no meio do transito, até porque a largura dos espelhos, embora não estando aplicados no topo do guiador, obriga-nos a alguma atenção. Dei comigo a desculpar-me de um ou outro toque que ao longo de um percurso em Lisboa fui dando nalguns retrovisores de carros parados.

Mas uma vez na frente do transito e parado no semáforo, à espera do sinal verde, a XSR Abarth sai que nem uma bala e vinga-se do desespero e das dificuldades anteriores. Em estrada aberta e com curvas, na posição a que a Abarth nos obriga, a atitude que induz é a de atacar cada curva como se de um circuito se tratasse. E aí a XSR Abarth mostra os seus créditos. Suspensões bem ajustadas à diferente distribuição de massas da Abarth, comparativamente com a XSR original, e travões de uma eficiência e desempenho à altura de todas as situações que garantem uma enorme confiança e uma enorme sensibilidade na sua pilotagem.

Uma combinação realmente explosiva de posição de condução, ciclística equilibrada e um motor com um “punch” impressionante que transformam a XSR Abarth numa entusiástica desportiva de linhas neo-clássicas. Uma moto exclusiva, quer pela sua natureza limitada e DNA Abarth, quer pelos magníficos pormenores e acabamentos de extrema qualidade, com que a Yamaha a soube privilegiar. Onde quer que paremos há sempre alguém que não resiste em tecer um comentário de admiração.

Claro que ao ser uma edição limitada o problema vai ser deitar a mão a uma destas fantásticas e exclusivas XSRs. Para nós já foi um privilégio poder usufruir da sua companhia durante 5 magníficos dias. Das 695 unidades produzidas pela Yamaha quantos clientes em Portugal terão tido a sorte de lhes ser garantida uma unidade? Poucos certamente.

Detalhes da Yamaha XSR900 Abarth

. Primeira Café Racer especialmente produzida de fábrica

. Carenagem dianteira em fibra de carbono leve

. Guiador tipo avanços ACE

. Tampa monolugar do banco e guarda-lamas dianteiro em fibra de carbono

. Farolim traseiro e suporte para chapa de matrícula desportivos

. Banco desportivo com revestimento em camurça e costuras em vermelho

. Escape em titânio com dupla ponteira da Akrapovič

. Placa em alumínio numerada de edição limitada

. Motor de 850 cc de 3 cilindros, de refrigeração líquida e 115CV

. Coberturas do depósito de combustível em alumínio

. Sistema de controlo de tração e modos de motor

. Embraiagem deslizante

. PVP XSR900 Abarth base 13.096,75 €

Ficha técnica

Motor

Tipo de motor 3 cilindros, 4 tempos, refrigeração líquida, DOHC, 4 válvulas
Cilindrada 847 cm³
Diâmetro x curso 78,0 mm x 59,1 mm
Taxa de compressão 11,5 : 1
Potência máxima 84,6 kW (115CV) @ 10.000 rpm
Binário máximo 87,5 Nm (8,9 kg-m) @ 8.500 rpm
Sistema de lubrificação Cárter húmido
Tipo de embraiagem Húmida, Multidisco
Alimentação Injeção de combustível
Sistema de ignição TCI
Sistema de arranque Eléctrico
Sistema de transmissão Sincronizada, 6 velocidades
Transmissão final Corrente
Consumo de combustível 5,2 l/100km
emissões CO2 120 g/km

 

Chassis

Quadro Diamante
Sistema de suspensão dianteira Forquilha telescópica
Curso dianteiro 137 mm
Ângulo do avanço de roda 25º
Trilho 103 mm
Sistema de suspensão traseira Braço oscilante, Tipo Link
Curso traseiro 130 mm
Travão dianteiro Disco duplo hidráulico, Ø 298 mm
Travão traseiro Monodisco hidráulico, Ø 245 mm
Pneu dianteiro 120/70ZR17M/C (58W) (Tubeless)
Pneu traseiro 180/55ZR17M/C (73W) (Tubeless)

 

Dimensões

Comprimento total 2.075 mm
Largura total 815 mm
Altura total 1.135 mm
Altura do assento 830 mm
Distância entre eixos 1.440 mm
Distância mínima ao solo 135 mm
Peso (incluindo óleo e gasolina) 195 kg
Capacidade Dep. Combustível 14 L
Capacidade Dep. Óleo 3,4 L
Observação EU4 compliant

 

Concorrência

Triumph Thruxton R 1200cc / 97CV / 203Kg / 15.800 euros

Moto Guzzi V7 Racer 744cc / 52CV / 193Kg / 11.710 euros

Pedro Rocha

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