“Nicky meu irmão, a nossa história não era suposto terminar desta forma. Foste campeão do mundo por uma razão. Nunca conheci ninguém com tanto desejo de competir no motociclismo como tu. Lembro-me de crescer contigo e termos apenas 12/13 anos de idade, mas tu já estudavas, no quarto que partilhávamos, os dados sobre a próxima corrida que terias. Nunca esquecerei a manhã a seguir a teres conquistado o título em MotoGP, onde me acordaste para irmos correr. Atitudes dessas é que te separavam dos restos dos pilotos e faziam de ti uma lenda.
Fizeste com que nós fossemos melhor, pois quando não estavas presente estávamos a andar de moto ou bicicleta para que quando chegasses a desvantagem em relação a ti fosse menor. Levaste-me ao máximo, mas mais importante sempre relembrarei o irmão que eras. És uma lenda enquanto piloto e irmão. Estiveste sempre ao meu lado independentemente como estivesse a tua vida. Querias sempre ajudar. Estou orgulhoso de que nos últimos anos tenhas conseguido ver-me ao meu melhor nível não só em competição, mas também nos restantes aspectos.
Poderia questionar-me todos os dias porque aconteceu isto, mas prefiro agradecer o facto de ter tido um irmão como tu durante 33 anos. Não te preocupes com as tuas sobrinhas. Não terão namorados até entrar na faculdade e ensinarei aos sobrinhos o que é preciso para ser um campeão independentemente da atividade profissional que venham a escolher.
Esta fotografia é especial para mim porque depois de algum azar e de parecer que o título estava perdido, no final abracei-te e disse-te que este continuava a ser o teu ano. E essa foi a primeira coisa que me disseste quanto estavas no pódio.
Mesmo durante este período difícil nunca perdi a minha esperança. Se Deus trouxe-te até aqui, agora também te guiará até que voltemos a competir em conjunto. Amo-te!”