As antigas Scramblers tinham por base motos como as Triumph e BSA, menos pesadas que as americanas Harley Davidson e Indian, e foram de facto as primeiras motos de todo terreno. No entanto o seu reinado foi curto pois no início dos anos 70 começaram a aparecer as primeiras verdadeiras motos de cross, Yamaha e Suzukis seguidas pelas Hondas, mais leves e com mais potência e curso de suspensões, que superavam as prestações das antigas Scramblers.
O mito ficou e marcou uma época sobretudo imortalizada por Steve McQueen no filme The Great Escape onde durante uma perseguição tenta saltar uma vedação, ficando no entanto embrulhado em arame farpado e capturado pelas tropas alemãs que o perseguiam. A mota era supostamente uma moto alemã embora fosse uma Triumph descaracterizada que montava já pneus de cross.
Hoje o conceito Scrambler foi recuperado por algumas marcas que decidiram apostar num segmento hipster que venera as motos clássicas e de época com aspecto e linhas vintage, mas com tecnologia totalmente actual. São as modernas Scramblers que invocam o tal espírito de liberdade e rebeldia de McQueen e que se inserem num estilo revivalista e de “Life Style” mais urbano do que propriamente de todo terreno, realidade para a qual não estão preparadas.
Quem compra uma Scrambler moderna não procura obviamente entrar em competições de todo terreno mas sim beber do espírito que marcou essa época, procurando mais o estilo que a performance ou características técnicas, e envoltos num sentimento de nostalgia vintage.
As Scramblers ModernasAs novas Scramblers obedecem agora a determinadas características. Motos com o escape colocado de lado e em posição alta, pneus com tacos mistos, um pouco mais de curso de suspensão que numa moto de estrada e um guiador largo e alto tipo Enduro.
A Triumph foi a primeira marca a colocar no mercado uma Scrambler moderna em 2006 e as referências à época de Steve McQueen ilustram todo o marketing do modelo associando a Scrambler ao conceito de “Great Escape”… mas o sucesso foi moderado.
Durante quase uma década vimos os preparadores a revitalizar o conceito transformando motos de todo tipo em “Scramblers” sem que a indústria realizasse todo o potencial desse segmento.
Quando a Ducati introduziu a sua Scrambler o conceito ganhou uma enorme visibilidade e crescimento de mercado e resultou num enorme sucesso de vendas convertendo-se no segmento de maior volume de unidades vendidas da Ducati.
A BMW , atenta ao segmento, criou entretanto a partir da sua base Nine T uma versão Scrambler que está a ser um enorme sucesso de vendas, moto que já tivemos o prazer de ensaiar aqui no Motosport e que muito apreciámos.
Claro que esta Scramblers modernas estão a anos luz das originais dos anos 60 tendo relativamente o mesmo aspecto mas com motores muito mais potentes sendo que as suas capacidades fora de estrada são algo limitadas. A mais leve de todas parece ser a recentemente anunciada Benelli Leoncino, revelada durante a EICMA, com cerca de 170 Kg.
Enquanto que praticamente todas as marcas apostaram num look tradicional e vintage a Honda e a Suzuki lançaram versões com linhas modernas que invocam o espírito Scrambler mas dentro de uma visão de modernidade, não colando aos tradicionais motores de 2 cilindros e antes oferecendo motorizações de 4 tempos e 4 cilindros.
A Yamaha optou por um modelo entre uma Scrambler e uma Cruiser a SCR 900 mas acreditamos que brevemente poderá aparecer no mercado com uma verdadeira Scrambler, tal o sucesso que o segmento tem vindo a ter.
Pedro Rocha
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