Trump declara guerra à Harley-Davidson e ameaça com colapso

28/06/2018

O presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, ameaçou a empresa de motos Harley-Davidson com impostos severos no dia 26 de junho passado. Trump, que já tinha elogiado a empresa antes (Victoria Walker, Patrick Martin / The Washington Post) previu uma revolta pública que, segundo ele, acabaria com a empresa de 115 anos, fazendo-a derrocar por causa de um plano que a mesma anunciou de transferir algumas operações para fora do país, como forma de evitar ser apanhada no meio de uma guerra comercial crescente.

Trump também acusou a Harley-Davidson, sem fornecer qualquer prova, de intencionalmente enganar os americanos dizendo que a empresa estava a transferir algumas operações para fora dos Estados Unidos em resposta às novas tarifas impostas pela União Europeia. A intensidade destes ataques, que ele normalmente reserva para opositores políticos, aparece nas suas publicações no Twitter, onde alega que o anúncio da Harley-Davidson na segunda-feira, de que iria realizar mais algumas operações fora dos Estados Unidos, foi planeado há muito tempo e que estavam a usar as novas tarifas da Europa como uma desculpa. Trump ameaçou atingir a empresa com um imposto não especificado se a marca tentasse vender motos nos Estados Unidos que foram feitas fora do país.

A Harley-Davidson há muito que planeava abrir uma nova fábrica na Tailândia, uma decisão que precedeu a guerra comercial entre Trump e os líderes de vários outros países. No entanto a empresa justificou-se afirmando que está a produzir no exterior exclusivamente para minimizar o impacto das tarifas impostas pela Europa. As tarifas sobre produtos específicos dos EUA foram impostas em retaliação contra as tarifas de Trump sobre as importações de aço e alumínio da UE. A Harley-Davidson anunciou entretanto planos para transferir a produção de motos a serem vendidas a clientes europeus para fora dos EUA para assim evitar as tarifas da União Europeia.

Terça-feira passada marcou o segundo dia consecutivo em que Trump voltou a atacar a política da Harley-Davidson. O anúncio da empresa provocou uma enorme venda no mercado de ações com o receio de que outras empresas possam vir a fazer o mesmo, preocupadas em ser apanhadas no meio da guerra comercial de Trump com a Europa, Canadá, México, China, Japão e possivelmente com a Índia.

Nas suas mensagens no Twitter de terça-feira de manhã, Trump escreveu que a Harley deve saber que não poderá vender novamente para os EUA sem pagar um enorme imposto!”

Não ficou no entanto claro o que ele quis dizer exatamente. Tem vindo a ameaçar com esse imposto desde a campanha de 2016, mas o Congresso bloqueou os seus esforços para criar o tal imposto.

Outros países estão também a avançar com tarifas de retaliação contra os Estados Unidos, como as que os líderes europeus impuseram à Harley-Davidson, para tentar exercer pressão política sobre Trump para que este venha a recuar.

Trump também já afirmou que a sua abordagem antagónica à política comercial só agora começou. Trump reafirmou que seguirá com esses impostos, a menos que os líderes europeus concordem em remover os impostos que os mesmos impuseram sobre as importações de automóveis e motos dos EUA, mas até agora os líderes da Europa apenas mostraram sinais de responder aos impostos de Trump com os seus próprios impostos.

A guerra comercial está declarada a uma escala quase global e os danos colaterais são de dimensão, neste momento, incalculável.

Pedro Rocha/Motorsport

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