O futuro da estrada passa pelos infravermelhos e sensores da íris

14/01/2021

Sensores de luz infravermelha, imagens de alta resolução e um algoritmo sofisticado. Tudo para descobrir exatamente para onde olhamos.

Durante a condução, a estrada deve obviamente ser o foco principal. Por isso, é fundamental que a segurança localize o que procuramos na consola central do sistema de infotainment, desde o navegador ao ar condicionado ou ao rádio. “Temos de garantir o tempo mínimo de interação com o ecrã e para isso a informação deve ser onde, intuitivamente e naturalmente, os utilizadores o procuram”, diz Rubén Martínez, Responsável do Departamento de Smart Quality da SEAT. Para tal, têm agora um sistema inovador.

O que é? Eye-Tracking é uma tecnologia que permite a um computador saber para onde uma pessoa está a olhar. Fá-lo através de óculos com sensores de infravermelhos nos cristais e uma câmara no centro da moldura. “Os sensores detetam a posição exata da íris em cada momento, enquanto se regista tudo o que o utilizador está a ver”, diz Rubén Martinez. Um algoritmo complexo de modelo de olhos 3D interpreta todos estes dados e obtém o ponto de visualização exato.

Para que serve? Esta tecnologia permite estudos muito precisos sobre a interação humana com todos os tipos de dispositivos. Por exemplo, será utilizado para analisar a utilização das aplicações de mobilidade. “Podemos saber onde os utilizadores esperam encontrar informações como o nível da bateria ou a autonomia de quilómetros”, diz a Responsável de Smart Quality.

Como funciona? Atualmente, a equipa está a trabalhar num teste piloto para introduzir óculos eye-tracker nos testes dos novos modelos. Selecionam utilizadores de diferentes perfis que, com eles colocados, estarão ao volante do SEAT Leon. “Vamos pedir-lhes, por exemplo, para aumentar a temperatura ou mudar a estação de rádio e vamos analisar qual a parte do ecrã que eles dirigiram o seu olhar no início, quanto tempo demoram a fazê-lo e quantas vezes olham para a estrada enquanto interagem com o dispositivo”, explica Rubén Martínez. Antes, estes testes eram feitos perguntando-lhes, contudo “muitas vezes o cérebro engana e onde se pensa que está a olhar não é onde realmente o está a fazer”, acrescenta. Agora terão dados precisos.

Como se interpretam os dados? Nas instalações do departamento de Smart Quality, através do algoritmo complexo, os padrões do comportamento do olhar de cada condutor são alcançados através de diferentes indicadores. Uma delas é a das zonas de calor, que mostra a intensidade de cada foco de atenção. “A mancha vermelha, que indica o maior número de impactos, deve estar sempre na estrada”, diz Rubén Martinez. É a garantia de que, mesmo interagindo com o ecrã, os utilizadores ainda estão atentos à pista.

Outro indicador é a ordem em que olham, uma chave para saber onde cada condutor espera encontrar uma função. “Podemos pensar, por exemplo, que a parte inferior do ecrã é a mais acessível, mas com os óculos eye-tracker, podemos descobrir que, por qualquer razão, primeiro olham para a parte superior”, diz.

Qual é o seu futuro? Todos estes padrões de usabilidade serão fundamentais para o desenvolvimento das consolas centrais dos veículos de amanhã, determinando a localização, o tamanho e a distribuição de informação que é mais confortável para os utilizadores. “Esta tecnologia vai ajudar-nos a humanizar as interfaces, melhorando a experiência do utilizador. Com ele, iremos certamente mais longe na qualidade da consola de infotainment do futuro”, conclui.