Peugeot Oxia: Um automóvel de outro planeta

12/11/2022

O Peugeot Oxia é um protótipo apresentado em 1988 no Salão Automóvel de Paris, começou a ser desenhado no centro de pesquisa La Garenne. O nome provém da região de Marte apelidada de “Oxia Palus”, onde a longitude e a latitude são iguais a 0, sendo um possível ponto de partida para o cálculo do tempo em Marte.

Este protótipo coupé é um grande turismo de alto desempenho, não sendo um automóvel de competição o seu design foi inspirado na alta eficiência, tornando-o num superdesportivo construído com a tecnologia de ponta da época. O chassis é construído em alumínio extrudido em “favo de mel” e carroçaria em Kevlar e fibra de carbono. O pequeno capô, o amplo pára-brisas, a ausência de saliências, assim como os espelhos retrovisores eléctricos montados numa posição elevada promovem uma melhor aerodinâmica e a melhor visibilidade para a estrada. Tem também um spoiler ajustável na traseira que altera o ângulo de acordo com a velocidade.

O motor aplicado no Oxia é um V6 PRV (Peugeot-Renault-Volvo) de 24v e 2.85 litros (2849cc), equipado com sistema biturbo com dois turbocompressores Garret T3, debitando 680cv às 8200rpm e 984Nm de binário máximo às 4500rpm, e está colocado numa posição central. Este motor foi desenhado por Gerard Walter, o mesmo que desenvolveu o motor do WM P88 Peugeot de Le Mans. A potência é enviada para as quatro rodas, sendo as quatro direccionais com assistência variável, através de um sistema viscoso da Ferguson.

Em circuito fechado, mais precisamente na pista de Nardo, o test-driver da Michelin Jean-Philippe Vittecocq aos comandos do Oxia conseguiu superar os 350km/h de velocidade máxima e chegava aos 100km/h em 3.6seg. O peso do Peugeot Oxia fixava-se nos 1374 Kg, calçava pneus Michelin 235/45 ZR17 na frente e 285/40 ZR17 na traseira, sendo que os mesmos montados em jantes de magnésio estavam equipados com um sistema electrónico de monitorização, que media a temperatura e a pressão e se algo de errado acontecesse o sistema limitava a velocidade até o pneu ser arranjado.

O Oxia estava equipado com caixa manual de seis velocidades, com embraiagem hidráulica de duplo disco, com dois autoblocantes controlados electronicamente, um na frente e outro na traseira. A gestão do motor está a cargo da Bosch Motronic que utiliza duas centralinas, uma para cada bancada de cilindros. Tem ainda dois injectores electromagnéticos para cada cilindro, sendo que a baixas rotações só funciona um. A suspensão é de triângulos sobrepostos na frente e traseira.

Desenvolvido com vista a cumprir as exigências das lides da condução e as futuras evoluções de comunicação, o habitáculo promove a circulação do ar e do som. O Oxia tem uma central de comunicação acoplado a um telefone e com PC e equipamentos periféricos. O computador de bordo permite o ajuste do ar condicionado, acesso à base de dados da condução e navegação, tem também um sistema de hi-fi. No interior podem ser vistos vários elementos em alumínio em azul anodizado e com revestimentos em couro alcântara, o mesmo foi concebido por Paul Bracq, combinando a funcionalidade com a elegância.

Uma das inovações do Oxia é que está equipado com 18 células fotovoltaicas no fundo do pára-brisas de modo a que o automóvel possa ter ar condicionado quando este está parado, garantindo sempre a temperatura seleccionada. As portas abrem e fecham através de um fecho central electromagnético que pode actuar somente numa porta. Os bancos são ajustáveis electricamente e contêm cintos de cinco pontos. Uma grande inovação para a época é também o rádio com entrada para CD, a maior parte dos elementos electrónicos no interior são da Clarion.

Apesar de não passar de um protótipo o Oxia era o automóvel mais potente de sempre criado pela Peugeot e totalmente funcional, de modo a recriar a indústria francesa de luxo dos anos 30, como as marcas Delage, Delahaye, ou Talbot-Lago. No total foram construídos apenas dois exemplares.