No meio de tanta sofisticação e requinte, o estacionamento remoto do novo BMW Série 7 soa a pequena brincadeira da eletrónica, mas pode ter a sua utilidade quando não dá para abrir as portas.

Depois de, há várias décadas e desde crianças, todos andarmos a conduzir qualquer espécie de veículo telecomandado, desde brinquedos a corta-relvas, passando por robôs que evoluem na superfície de Marte ou drones capazes de invadir todo e qualquer recanto das nossas vidas privadas com um grau de precisão notável, eis que surge um carro que pode ser estacionado à distância. A coisa acontece utilizando a sofisticada chave (um dos expoentes tecnológicos do novo BMW Série 7), mas apenas a um ou dois metros do carro. E… o carro só consegue mexer-se desta forma em linha reta. E… numa distância nunca superior a uma vez e meia o seu comprimento (5,238m).

Também convém ler antes o manual do utilizador, porque está lá um esclarecedor parágrafo que transfere as responsabilidades para o utilizador. Não é, portanto, por nada disto que vale a pena comprar este BMW 740 sDrive de chassis longo, mas sim por tudo o que está à volta da chave. Se por acaso tivéssemos uns 130 mil euros a ganhar bolor, muito mais facilmente veríamos motivo para comprar um série 7 longo no imenso espaço e conforto que é oferecido a quem viaja no banco traseiro, onde os 3,21 metros de distância entre eixos mostram o seu efeito. O motor de 3.0 litros e de seis cilindros em linha com 320 CV de potência também seria um bom motivo, tal como a suavidade da suspensão pneumática programável ou a total segurança com que o sistema de tração integral xDrive nos leva lá, faça chuva, sol ou neve.

Compreende-se, até, que alguns o possam escolher pelos extras de vanguarda que a nova Série estreia, como os comandos gestuais, os bancos com aquecimento, ventilação e massagem, ou o sistema multimédia com acesso ao comando central iDrive para ocupantes traseiros, sendo que um deles será, muito provavelmente, o dono do carro.

Mas se o dono for dos que gostam de assumir os comandos, também não faltam no catálogo opcionais capazes de o satisfazer. O pacote desportivo M, por exemplo, pode ser uma boa escolha. Por uns “míseros” 6750€ acrescenta as jantes de 20 polegadas com pneus desportivos, um conjunto de elementos aerodinâmicos de topo e o volante mais desportivo, para além dos faróis de nevoeiro LED.

Mas isto são… “peenuts”. Pacotes não faltam, tal como não pode faltar dinheiro a quem se der ao luxo de ponderar este tipo de propostas. O certo é que, a este nível, dificilmente o espaço na garagem será estreito ao ponto de justificar o estacionamento remoto através da bela chave-multifunções. O sistema não é de série, mas a chave sim e com ela podemos monitorizar várias informações sobre o estado do veículo, como a autonomia, confirmar o fecho de portas e vidros, a localização do veículo e quanto falta para ir à revisão.

VEREDITO

Por enquanto só se consegue estacionar remotamente o Série 7 em linha reta e numa distância não superior a uma vez e meia o comprimento do carro, mas a brincadeira e útil. Especialmente quando há pouco espaço para abrir as enormes portas laterais traseiras desta versão 14 cm mais longa.

Texto António Amorim/Turbo

Fotografia José Bispo

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