Fusão Fiat-Renault falhou…por cinco dias

13/06/2019

A explicação foi dada pelo Ministro das Finanças de França, que explicou não compreender porque retirou a FCA a proposta quando o Estado gaulês apenas pediu mais cinco dias para dar a resposta

Aparentemente, o falhanço nas negociações entre a FCA e a Renault está a causar mal-estar entre o fabricante do losango e a sua maior accionista, que é o Estado francês. Nos últimos dias têm vindo a público várias notícias que apontam nesse sentido. O exemplo mais evidente será mesmo o facto do Presidente Emanuel Macron ter recusado uma reunião com o CEO do Grupo Renault, Jean-Dominique Senard (na foto).

Cinco dias são algo razoável

A atribuição das culpas sobre o falhanço das negociações tem-se transformado num jogo de pingue-pongue. No momento da resposta à proposta, o Grupo Renault emitiu um comunicado a indicar que o Estado pediu mais tempo para analisar o negócio, com a FCA a responder rapidamente e retirando a oferta de fusão.

Logo nessa altura ficou a sensação de que terá sido o executivo liderado por Macron a fazer emperrar as negociações, mas ninguém quer assumir a responsabilidade pelo falhanço, como se depreende das palavras do Ministro das Finanças gaulês, Bruno Le Maire.

“Apenas pedimos cinco dias extra. Cinco dias parecem-me algo perfeitamente razoável”. Recordando também que, enquanto accionista maioritário, a sua principal preocupação está na manutenção dos postos de trabalho, fábricas e centros de investigação, e que foi a FCA a retirar a proposta, Le Maire deixou ainda o aviso de que “acreditem em mim, o Estado nunca irá agir sob pressão”.

A oportunidade para criar um gigante europeu

Com o executivo francês a deixar ainda aberta a porta a uma possível fusão, mas afirmando que ela deve ter em conta o papel da Aliança Renault-Nissan, a verdade é que o CEO da Renault não parece conformar-se. E, segundo a Automotive News Europe, lança a responsabilidade pelo falhanço para o governo, recordando desde logo que foi precisamente Bruno Le Maire que “sugeriu” a aproximação da Renault à FCA.

Embora não sendo totalmente direto na crítica ao maior accionista da empresa, Senard recorda que “esta era a primeira vez que existiu a oportunidade de criar um gigante europeu, numa altura em que as pessoas se queixam de que ele não existe”. E veio ainda dizer que “este era o exemplo perfeito para a França, para a Renault e para a Europa provarem que conseguem fazer algo em conjunto”.

O CEO da Renault parece verdadeiramente inconformado com o falhanço da fusão, como referiu numa reunião com accionistas do grupo. “Este projeto permanece, na minha mente, como absolutamente notável e excecional. Francamente, estou triste”. Senard deixou aberta a porta a um possível acordo com os italianos no futuro, mas afirma que, no entanto, antes será necessário sanar as relações com a sua parceira Nissan.