Governos europeus com responsabilidade no Dieselgate

06/03/2017

A acusação é do próprio Parlamento Europeu, que afirma que foram perdidos seis anos na introdução de normas de emissões mais exigentes e que ajudariam a descobrir softwares fraudulentos como no caso do motor EA189.

O relatório referente ao escândalo de emissões publicado pelo Parlamento Europeu é claro e indica que devido a pressões por parte de vários países foram perdidos seis anos na introdução de novas regras de emissões, que além de representarem benefícios para a saúde e meio ambiente também poderiam ter evitado a existência de escândalos de fraude como o Dieselgate da Volkswagen. A Comissão Europeia é também acusada, pois é indicado que este entidade não cumpriu com a sua obrigação de escrutinar as ações dos governos para garantir a inexistência de softwares ilegais. “Agora temos uma compreensão clara dos falhanços na supervisão da indústria automóvel que tornaram possível o Dieselgate: a fraude poderia ter sido evitada”, pode ler-se nas afirmações do holandês Gerben-Jan Gerbrandy, que ajudou a escrever o relatório. Tendo em conta as evidências referidas, é requerido um reforço da supervisão do mercado, de forma a evitar a existência de relações demasiado próximas entre os reguladores e os fabricantes.

É referido claramente no relatório que foi a pressão exercida pelo lobby que representa a indústria automóvel que esteve na origem do atraso de seis anos na introdução de novas regras de emissões. A procura de evitar complicações adicionais no período de fragilidade após a crise financeira de 2008 terá sido a razão apontada, e é referido que no grupo de países que mais defenderam esta ideia encontravam-se a França, Hungria, Itália, Eslováquia, Espanha e Roménia. Entre os problemas que os novos testes de emissões poderiam trazer estão o facto dos resultados para os gases poluentes poderem ser até 15 vezes superiores e também o facto de ser mais fácil descobrir a existência de softwares ou dispositivos ilegais que podem ludibriar os testes de laboratório. Com a Agência Ambiental Europeia a afirmar que só os óxidos de azoto são a causa de 70.000 mortes prematuras por ano, este registo pode diminuir graças aos novos testes com maior proximidade entre os valores de emissões apresentados pelos fabricantes e os realmente experienciados em condução, juntamente com a introdução de limites mais exigentes para a quantidade de gases poluentes expelidos pelo tubo de escape. Para saber mais informações sobre os novos testes de emissões, as informações estão disponíveis neste artigo da Revista Turbo.

Nuno Fatela

Fonte: Automotive News Europe