Há 59 anos os comunistas cubanos raptaram um campeão de F1

24/02/2017

Assinalam-se hoje os 59 anos desde o segundo Grande Prémio de Cuba, uma prova que ficou marcada pelo rapto de Juan Manuel Fangio pelos comunistas da guerrilha liderada por Fidel Castro.

Cumprem-se hoje 59 anos desde uma das mais singulares corridas de sempre da história da Fórmula 1, pois foi no dia 23 de fevereiro de 1958 que se disputou o segundo Grande Prémio de Cuba, uma prova que ficou marcada pelo rapto de Juan Manuel Fangio. Tudo começou na noite anterior, quando o piloto desceu do seu quarto no Hotel Lincoln para jantar, sendo abordado por um jovem com casaco de cabedal que, empunhando uma arma, lhe disse “Fangio, tens de vir comigo. Sou membro do Movimento Revolucionário 26 de Julho”. Apesar de um dos presentes ainda ter tentado evitar o rapto, o argentino acabou mesmo por ter de seguir este homem, numa ação (que hoje em dia seria considerada um ato de terrorismo) que visou obter atenção internacional para a luta dos rebeldes liderados por Fidel Castro e também boicotar a segunda edição do Grande Prémio de Cuba planeado pelo regime de Fulgencio Batista.

Apesar de raptado, Fangio ainda pediu aos guerrilheiros para não incomodarem o seu rival Stirling Moss afirmando que ele estava em lua de mel, algo que era mentira mas que acabou por funcionar. O próprio regime cubano também procurou evitar isso, colocando polícia à porta do quarto do britânico e batendo à sua porta a cada três horas, tendo este confirmado posteriormente como foi difícil dormir nessa noite. Pelo contrário Fangio dormiu como um anjo, e no dia seguinte foi autorizado a ouvir a corrida pela rádio e ver posteriormente os acontecimentos que se seguiram ao acidente que colocou fim à prova, que tinha sido ganha por ele na primeira edição disputada no ano anterior. O piloto raptado acabou depois por ser entregue em segurança na Embaixada da Argentina passadas 29 horas, tendo até ficado amigo para a vida dos seus raptores. Até se diz que Fangio desenvolveu um caso de síndrome de Estocolmo, já que o próprio afirmou que “Bem, isto foi mais uma aventura. Se o que os rebeldes fizeram foi por uma boa causa, então eu, como argentino, aceito as suas ações”.

O Grande Prémio de Cuba acabou por ser uma das provas mais peculiares de sempre da história da Fórmula 1, pois à ausência por rapto de Fangio junta-se o facto de ter tido apenas seis voltas. Tudo porque o Ferrari amarelo e preto do piloto local Armando Garcia Cifuentes acabou por ter um acidente devido a óleo que tinha sido largado em pista por outro carro, tendo provocado sete mortos e 40 feridos e também o final prematuro da prova. Inicialmente ainda se pensou que pudesse ter sido um ato de sabotagem, mas acabou por se confirmar que se tratou de um tubo de óleo furado do Porsche de Roberto Mieres. Para a história ficou uma vitória para Stirling Moss e também o facto desta ter sido a prova em que Juan Manuel Fangio foi raptado pelos guerrilheiros do movimento comunista liderado por Fidel Castro.

 

Fonte: Autoblog e ESPN