Indústria automóvel em risco de extinção?

14/06/2018

Esta hipótese, que anuncia um futuro difícil para os fabricantes de volume, é levantada pelo CEO da Aston Martin, Andy Palmer. Segundo este responsável, podemos estar perto de assistir à extinção da indústria automóvel atual.

Criticando o modelo de negócio que foi desenvolvido pelas marcas que mais vendem, e antevendo as transformações no negócio que serão impulsionadas pela eletrificação, o CEO da Aston Martin, Andy Palmer, revelou uma visão muito catastrófica para o futuro. Segundo o homem que dirige a marca de Gaydon, a extinção da indústria automóvel “tradicional” pode estar para breve, embora o futuro seja distinto para as marcas de luxo. O facto de este segmento vender um estilo de vida e estatuto, por vezes até mais do que o próprio automóvel, é considerado o fator diferenciador que pode valer a sua sobrevivência.

“Acredito que estamos no início do fim da indústria automóvel tradicional. Por um longo período, o modelo de negócio tem sido produzir à grande e vender barato”, começa por explicar Andy Palmer. No entanto, ele acredita que esta é uma estratégia errada e que pode levar à extinção da indústria automóvel. “Um grande volume sem lucros não é maneira de construir uma empresa sustentável. Não faz sentido gastar milhares de milhões de euros num carro e depois descontar quase tudo no lançamento”. E, segundo Palmer, o motivo é que “na nossa indústria existem demasiados viciados no mercado de capitais a gastar milhares de milhões de euros e a obter pouco retorno com isso”.

O CEO da Aston Martin explica que este modelo de negócio atualmente implementado pode vir a mudar, e para pior, com a eletrificação. “Corremos o risco de nos direcionarmos para a acomodação [dos passageiros] numa célula [de transporte]”. E isso terá impacto no mercado, pois “o mundo não precisa de dúzias de emblemas a fazer os mesmos objetos. Existem 75 marcas de automóveis na Europa, mas apenas quatro fabricantes de aviões”. A solução passa, segundo o antigo funcionário da Nissan, pela diferenciação, referindo a necessidade de capitalizar o desejo dos clientes de que o seu automóvel tenha um significado e apelo distintos, especialmente em áreas como a emoção ao volante e o design.

Para Palmer, o risco de extinção da indústria automóvel atual, que coloca em perigo os fabricantes de volume, não se aplica aos emblemas de luxo. A explicação para tal, e que ele afirma estar na origem dos excelentes resultados da Aston Martin, é que “as pessoas ainda procuram emoção na forma como se movem, e é aqui que se posicionam os fabricantes de luxo, e onde a Aston Martin está a florescer”.

Nuno Fatela/Turbo