Investir em carros é negócio

14/04/2017

Nunca como agora se venderam tantos supercarros, “brinquedos” de milhões de euros. Tal como os Clássicos que continuam a bater recordes. Que “febre” é esta? Os ricos não sabem o que fazer ao dinheiro? Nada disso. Sabem e bem! Quem tem muito dinheiro quer, cada vez mais, soluções onde o aplicar com alta rentabilidade, risco nulo e impostos reduzidos

É vulgar ouvirmos dizer que o automóvel é o pior investimento: no instante em que sai do stand já está a desvaloriza-se quase sempre mais de 30%. Já ouviu esta cantilena mas… isso é para os carros que eu e você compramos. Há, depois, os que sabem comprar. Segundo o Knigt Frank LuxuryIndex, uma espécie de observatório que monitoriza as principais fontes para investimento, como joias, propriedades, vinhos e selos, na última década foram os automóveis os recordistas da valorização, com um valor médio de 487%. Se retivermos que matérias prima como o ouro se mantiveram estáveis, que o dinheiro se desvalorizou ou que o imobiliário (a nível mundial) não se valorizou mais do que 12%, então já começa a fazer sentido porque é que são cada vez mais aqueles que “refugiam” o seu dinheiro nos automóveis.

Ou, se quisermos, porque é que alguns modelos têm vindo a bater recordes inimagináveis de valorização. E não é, sequer, preciso recordar o valor por que foi arrematado, há não muito tempo, um Ferrari 250 GTO (35 milhões de euros). Basta sabermos, por exemplo, que no início do milénio encontrávamos “pelos cantos” exemplares excelentes de Jaguar E-Type por menos de 15 mil euros que hoje se valorizaram em 10 vezes mais. Ou que um “banal” Porsche 993 (última geração dos 911 com o motor boxer refrigerado a ar) é hoje difícil de “achar” por menos de 80 mil euros. Ou que um BMW M3 (E30), dos anos 80 que andava por aí quase “desprezado” de repente passa a ver cerca de 40 mil euros. Ou que… a lista é extensa.

Os exemplos não faltam e comprovam que vale a pena investir em automóveis clássicos. Porém, como em tudo, há que levar em conta uma regra: conhecer. Perceber aquilo que tem potencial de valorização, não comprar réplicas ou unidades que foram restauradas por mãos inexperientes. Um restauro ou reparação realizada sem que tenham sido utilizadas peças originais é sinónimo de uma depreciação provavelmente irrecuperável. Estas atento a possíveis “bolhas” ou ações especulativas não é menos importante.

Conhecer é a regra e se isso não está ao alcance de todos, mais uma razão para recorrer à ajuda de especialistas. Idóneos. Outro passo que se reveste de grande utilidade é frequentar leilões especializados, como os da Bonhams, ou da Christie’s, em Inglaterra. É uma boa porta de entrada para adquirir conhecimento neste mundo onde tanto se pode ganhar bom dinheiro, como perder fortunas.

Os fundos

Para os não conhecedores mas que têm disponibilidade para ir mais além, o caminho bem pode ser o investimento num fundo. São cada vez mais comuns na Europa e nos EUA, por duas razões principais: a gestão feita por profissionais a troco de um fee anual que ronda 1,5% do valor que cada um investiu no fundo e, sobretudo, a elevada rentabilidade ISENTA DE IMPOSTOS. Leu bem; uma vez que as autoridades tributárias encaram o automóvel como um bem que se deprecia, os diferentes regimes fiscais mantém em aberto esta exceção, não taxando as mais-valias obtidas pelas transações. Como nos fundos imobiliários, por exemplo, estamos perante uma co-propriedade e o importante é a diversidade dentro de um mesmo princípio: o valor dos bens. Dito de outra maneira, um fundo com elevado potencial de rentabilidade (caso do Classic Car Fund, domiciliado, nas Caraíbas) não detém exclusivamente modelos de uma marca ou de uma época pois sabe que essa marca ou esse modelo podem, a qualquer momento, ser objeto de uma informação arrasadora que atiraria o bem (e, consequentemente, o valor investido) “para o lixo”. É por isso que esses fundos, que têm um investimento mínimo de 200 mil euros, gerem, em geral “carteiras” (valor dos carros envolvidos) da ordem dos milhões de euros – no caso, o equivalente a seis Ferrari, alguns Lancia e Jaguar. No ano passado, este fundo registou uma rentabilidade líquida de quase 8%, valor considerado excelente para um investidor, tanto mais que é totalmente livre de impostos e que, não é demais recordar, estamos perante uma entidade que é devidamente regulada pelas autoridades financeiras americanas.

A regra para investir em fundos é, mais uma vez, a mesma que referimos atrás e que se aplica a todo e qualquer investimento não financeiro: conhecer as condições, a composição da carteira e a sociedade gestora. E, não menos importante, estar consciente de que o nível de risco que se quer ter é diretamente proporcional à rentabilidade expectável. Por isso mesmo, há sociedades que, para baixar o risco, apostam na diversificação: não apenas das “peças” que compõem o fundo mas também da tipologia. Assim, sobretudo nos EUA, é frequente termos fundos compostos não apenas pelos próprios automóveis mas igualmente, incorporando carteiras de ações de marcas com uma perspetiva positiva de capitalização.

Júlio Santos/Turbo

Os Clássicos são sem dúvida um negócio rentável para os seus proprietários, como pode ver neste artigo onde apresentamos os dez modelos mais caros de sempre em leilao.

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