PSA “mais eficiente” que a Opel, afirma Carlos Tavares

18/09/2017

O CEO português do Grupo PSA ficou com esta ideia após visitar duas das principais fábricas da marca alemã. A eficiência destas unidades de produção, através de sinergias, será alvo de especial atenção na integração da Opel dentro do fabricante gaulês.

Carlos Tavares, o CEO português que gere o Grupo PSA, prepara-se para tentar “repetir a magia” que efetuou com o fabricante gaulês e trazer de volta para os lucros a Opel, recentemente adquirida à General Motors. Um dos elementos-chave desta estratégia será a produção, e pelo que Tavares disse no Salão de Frankfurt, existe trabalho para fazer. “As diferenças que vi até agora são bastante grandes. Pelo que já vi até agora, as fábricas da PSA são mais produtivas e eficientes que as da Opel”. Apesar de tudo, o executivo afirma que “também espero encontrar situações em que a Opel será melhor que a PSA, para que os funcionários da PSA possam aprender”.

O CEO do Grupo PSA esteve de visita às fábricas de Zaragoza, Espanha, e Russelsheim, em solo germânico. Além destas duas, a Opel tem ainda unidades de produção em Ellesmere Port e Luton (Inglaterra), Eisenhach (Alemanha) e Gliwice (Polónia), a que se juntam quatro fábricas de motores espalhadas pela Europa. Segundo refere a Automotive News, nem todas estas instalações têm futuro garantido, até porque a partilha de plataformas e motores ente as marcas da PSA (Peugeot, Citroën e DS) e a Opel serão parte importante da estratégia, procurando reduzir custos através do reforço das sinergias.

A análise da LMC Automotive mostra que Carlos Tavares tem razão, pois, com exceção de Zaragoza, as instalações da PSA são mais produtivas. A fábrica espanhola da Opel está a laborar a 78% da capacidade máxima, mas Eisenach está a 65% e Russelsheim apenas a 51%. Quanto olhamos para a esfera dos gauleses, Vigo e Sochaux (duas das principais unidades da PSA) estão a 78% e 81%, respetivamente, e outras fábricas menores como Possy e Mulhouse, em solo gaulês, estão mesmo a 100%.

A partilha de plataformas e motores é uma estratégia que está já a ser implementada, e que poderá começar a dar frutos brevemente. O primeiro projeto neste campo é entre o Crossland X e o Citroën C3 Aircross, a que se juntará brevemente o Grandland X que é “irmão” do Peugeot 3008. Estas sinergias serão também partilhadas brevemente com o comercial ligeiro Combo e o próximo Opel Corsa. Esta “junção de esforços” com a integração da marca alemã na PSA poderá ser importante para atenuar ou eliminar os prejuízos, que ascendem a mais de 380 milhões de euros no primeiro semestre.

Segundo publicações alemães, a Opel está nesta altura a perder 4 milhões de euros por dia, e a procura de maior eficiência na produção será essencial para alcançar o “breakeven” (ponto de equilíbrio contabilístico, sem lucros ou prejuízos). No caso da PSA, uma das conquistas de Carlos Tavares foi reduzir a fasquia deste “limite”, passando de 2,6 milhões de automóveis em 2013 para 1,6 milhões de carros em 2015. Agora este deverá ser também um ponto-chave para a Opel na estratégia que Carlos Tavares vai fabricar com o objetivo de colocar novamente a marca alemã na rota dos lucros.

Nuno Fatela

Fonte: Automotive News Europe