Renault pode ser julgada pelas emissões

15/05/2019

Segundo o prestigiado jornal gaulês, o modo de funcionamento dos sistemas de despoluição poderá levar a marca à barra dos tribunais. A Renault já reagiu e reafirma que não existe qualquer ‘defeat device’ nos seus automóveis

Após a descoberta do Dieselgate, o governo francês foi um dos mais ativos na Europa para investigar se outros fabricantes tinham também optado por estratagemas ilegais. A Renault foi uma das primeiras visadas em janeiro de 2017, seguindo-se outros fabricantes como a Fiat-Chrysler na mira das autoridades francesas. Agora que se passaram mais dois anos o Le Monde noticia que a marca do losango poderá mesmo vir a ter de responder em tribunal devido ao funcionamento dos seus sistemas de despoluição. A Renault veio já reagir, afirmando que os seus veículos “não estão equipados com qualquer defeat device [dispositivo ou software fraudulento] e estão homologados de acordo com todas as regras em vigor”.

As suspeitas que foram inicialmente levantadas prendiam-se com o facto da recirculação dos gases de escape apenas trabalhar entre os 17º e os 35º, alegadamente, O objetivo seria salvaguardar a sua longevidade, foi afirmado na altura. Posteriormente surgiram novas suspeitas de que o sistema de captura de óxidos de azoto (NOx Trap) não trabalharia abaixo dos 50 km/h nos modelos Captur e Clio 4. O ISAT (Institute Supérieur de l’Automobile et des Transports) realizou testes em outubro de 2017 e, segundo o Le Monde, terá chegado à conclusão da “existência de uma modificação dos dispositivos de despoluição permitindo a sua adaptação aos procedimentos de homologação de forma diferente às condições de utilização reais”.

Efetivamente, pelos dados apresentados, esta pode ser uma batalha bem interessante. Porque efetivamente, tratando-se apenas do funcionamento da recirculação dos gases num intervalo termal muito restrito, e o não funcionamento da NOx Trap abaixo dos 50 km/h, não há aparentemente prova de que os softwares alterassem o comportamento por reconhecerem estar em testes. No caso do Dieselgate foi precisamente o facto dos sistemas alterarem o seu funcionamento consoante o ambiente em que se encontrem que levou à acusação de fraude.

No entanto, parece que estes sistemas de despoluição são bastante seletivos nas condições em que operam. Mas, basicamente, se eles tiverem um funcionamento sempre igual (seja em laboratório ou em estrada real) isso não indica a existência de alguma fraude, apenas pouca eficácia nos sistemas que mitigam as emissões do automóvel. Caso as informações difundidas pelo Le Monde se confirmem, será seguramente interessante de seguir a disputa e ver a argumentação das partes em tribunal…