Revolução automóvel: As incríveis tecnologias que vão mudar as nossas vidas
17/08/2017
Sensores e radares
Conhece o que te rodeia. Esta é a premissa nº1 para a condução autónoma, algo que os radares e sensores podem fazer, mesmo nos ângulos mortos que as câmaras desconhecem.
Além de conhecerem o mundo em redor, os sensores vão permitir conhecer outros dados essenciais, como o estado do piso (gelo ou água acumulada na estrada).
Além de se associarem aos radares e sensores na análise da envolvência, cumprem outras funções. É o caso do conhecimento de sinais. E, recorrendo a algoritmos, antecipar o comportamento de peões, animais e outros potenciais obstáculos.
Conetividade
A capacidade de comunicação para o exterior será, efetivamente, o elemento mais fulcral para a chegada da condução autónoma, assumindo papel essencial na execução de um conjunto de funções que viabilizam esta revolução da mobilidade.
Mapas 3D Conetados
Através da partilha de dados e imagens captadas por câmaras, os carros vão antecipar o que lhe aparece à frente.
Além da própria rota (fala-se da necessidade de localização GPS com margem de erro de 2cm) também vão prever os buracos e outros perigos nas estradas, como a Tesla tem vindo a implementar. Vão também antecipar os desejos e gostos dos ocupantes e dar sugestões para viagens mais aprazíveis.
Câmaras e sensores vão ser componente fundamentais em todos os automóveis
Outra função, já implementada em soluções como o controlo de velocidade de cruzeiro adaptativa, será a monitorização das distâncias, para garantir que trava em segurança.
Comunicação de veículo para veículo (V2V)
Outra vantagem estará no tempo ganho nos engarrafamentos. A comunicação entre veículos será indispensável, pois a receção de informações de forma instantânea dos veículos em frente permite, por exemplo, travar antecipadamente ou fazer manobras de evasão para evitar acidentes.
A obtenção de dados das infraestruturas também vai permitir aos carros partilhar informação sobre a estrada ou outras variáveis como as condições atmosféricas.
Integração com dispositivos pessoais
O caso mais óbvio é o dos smartphones, por exemplo na agenda diária e preparação dos trajetos.
Esta partilha facilita também outros aspetos da vida. É o caso dos eletrodomésticos, com o carro a saber qual o tempo efetivo até chegar a casa, para colocar o forno em funcionamento e garantir que a refeição está preparada quando chega. E sem o risco dela se queimar…
Memória
Todos nós sabemos quais os trajetos quotidianos que efetuamos rumo ao trabalho, para alguns com paragens em locais como as escolas dos filhos. No futuro o seu carro também vai saber isso. Ou seja, nem vai precisar de indicações para saber até onde se dirigir no quotidiano.
A evolução do mapeamento vai ter ainda impacto na otimização de distâncias para híbridos e elétricos através do GPS, de que é o exemplo mais recente o novo Volkswagen Golf GTE.
Esta memória, que pode ser obtida não apenas pela própria viatura mas também pelas informações obtidas e partilhadas por outras viaturas, vai garantir que o seu carro saberá como poupar combustível, por exemplo ao encontrar descidas no trajeto.
Como este slide demonstra, também vai permitir abrir vias para acelerar a passagem de veículos de emergência.
Segurança: As estatísticas afirmam que em 94% dos acidentes existe erro humano, logo a explicação está clara. Já hoje sistemas como a travagem de emergência ou a recentemente adicionada capacidade para manobras evasivas (como no Volvo XC60) demonstram como os carros vão ajudar a salvar vidas.
As câmaras ficam também responsáveis pela manutenção da viatura na sua faixa de rodagem, seguindo as linhas brancas das marcas rodoviárias e outras guias que encontre. Referência ainda à capacidade de adaptação de outras funções do carro às condições da estrada, como da suspensão. Um exemplo é o Magic Body Control da Mercedes.
Tempo: As novas formas de ocupação são apontadas como uma das principais vantagens do piloto automático. Com conetividade constante e sem necessidade de estar com atenção à estrada, basta escolher o que quer fazer a bordo.
A capacidade de gerir a rede e locais de carregamento de veículos elétricos e híbridos será outro benefício.
A comunicação com os sinais luminosos, como a Audi estreou este ano em Las Vegas, vai também acelerar o fluxo de trânsito.
Comunicação dos veículos para infraestruturas (V2I)
Esta é mais uma solução para gerir o tráfego. A partir dos dados da navegação os carros serão capazes de contactar as autoridades para obter uma previsão do tempo de viagem e até procurar alternativas.
Vantagens
Existem três grandes áreas onde a condução autónoma terá impacto positivo: a segurança, o tempo de viagem e os consumos de combustível.
Outra vantagem estará no tempo ganho nos engarrafamentos. Irrita-o a “rebaldaria” durante as entradas em vias congestionadas? A “boa-educação” dos autónomos vai garantir que a entrada seja feita de forma compassada e mais veloz.
O fim dos engarrafamentos, a condução preditiva que permite saber os locais para implementar tecnologias como desativação de cilindros e coasting, e a própria adaptação da condução às condições ótimas de utilização do motor são situações em que os consumos vão descer.
Emissões e Consumos: existe uma relação direta entre estas duas variáveis, e a condução autónoma vai significar menos gastos com combustível, o que representa menos emissões.
Desvantagens
Além do aborrecimento no carro, existem três grandes desafios à condução autónoma.
Legislação: A Convenção de Viena, datada de 1969, tem inscritas algumas regras relativas à condução, entre as quais a necessidade de estar sempre um humano ao volante e com condições para controlar o carro. Mas alguns países, como a Alemanha, já abrem a porta a estas novas tecnologias.
Protocolos de Comunicação: Imagine uma reunião onde cada um fala a sua língua. Como percebe, confusão generalizada… Por isso, na troca de informações entre veículos, e com as infraestruturas e clouds utilizadas para mapas digitais, é necessário que se fale apenas a uma voz.
A existência de protocolos e softwares implementados de forma transversal à indústria é obrigatória para a condução autónoma.
A última questão, que promete causar mais dúvidas, prende-se com a culpa em caso de acidente. Será a marca ou o proprietário do veículo a ter de assumir os gastos se um carro autónomo causar um acidente? Talvez este seja mesmo o maior ponto de discórdia.
Uma luz ao fundo do túnel
Para muitos, o piloto automático significa o fim do automóvel e do prazer da condução. Mas isso não terá de ser necessariamente assim. A possibilidade de fazer a passagem entre modos de condução autónoma e humana está a ser contemplada. Parece estranho? Nos aviões é feito com toda a naturalidade.
No caso de optar pela condução humana em veículos com piloto automático, a salvaguarda que lhe é garantida dará ainda mais segurança quando se sentir inspirado para conduzir. Isto porque o seu carro estará em comunicação com os outros, ajudando-o a perscrutar todos os parâmetros e aumentando a segurança.
Além disso, como já demonstrado em Hockenheim, a condução autónoma pode ser contemplada em modelos desportivos, como no Audi RS7 Piloted Driving Concept, que atingiu os 240km/h numa volta-canhão a esta pista.
A América está no centro do carro do futuro, e as inovações estão no centro do futuro do carro. A tecnologia é um fator com um peso acrescido nos dias de hoje também no mundo dos automóveis. A fusão entre a indústria automóvel e a tecnologia encontra-se em constante progresso, e, mais do que um ‘extra’ ou uma mais valia para a construtora, a inclusão de inovações tecnológicas é já uma condição para um modelo que saia das linhas de montagem.
Durante 48 horas, 100 empregados de todos os departamentos da Audi reúnem-se em 20 equipas para encontrarem soluções de software que resolvam problemas. Os temas abordados vão desde a compilação de todo o equipamento de um modelo numa só aplicação até ao desenvolvimento de sistemas inteligentes que detetam danos nos jantes do automóvel, impercetíveis à vista, ou a uma perda de pressão no pneu. A marca dos quatro anéis desenvolve tecnologias a apresentar, por exemplo, em eventos como a Audi Summit deste ano.
Entretanto, a Daimler, que até já investe em carros voadores, apresenta em Estugarda as mais recentes novidades dos membros da Startup Autobahn, uma plataforma que promove serviços de mobilidade. A Daimler é uma das co-fundadoras da plataforma, mas também a Porsche está presente. A BMW, atenta, fundou em 2015 em Munique a BMW Startup Garage. São exemplos de como a tecnologia acompanha a indústria automóvel.
Os carros mais importantes do século passado primaram pela sua capacidade de resposta às necessidades económicas dos clientes. As cadeias de montagem permitiram que os próprios operários pudessem comprar um carro pela primeira vez. Os carros, mais robustos, simples, e baratos nos consumos e manutenção, triunfaram na Europa no pós-Segunda Guerra Mundial, e, décadas depois, os compactos e os utilitários transformaram-se no meio de transporte principal de uma sociedade extremamente urbanizada. A questão que agora se impõe é outra: Qual será a próxima tecnologia inovadora que romperá e transformará por completo a indústria automóvel?
Um futuro que passará também pelo desenvolvimento dos carros autónomos, que a Alemanha se mostrou apraz em legalizar. Alguém consegue imaginar uma tecnologia que possa transformar mais o automóvel como o concebemos do que a que permite que este se desloque sem condutor? Enquanto estas inovações são acompanhadas por grandes mudanças na indústria automóvel, temos de olhar mais além. por que deverá um fabricante transformar-se numa empresa de tecnologia?
Tudo aponta para que as pessoas continuem a comprar mais e mais carros. As economias emergentes são a principal razão. Mas o foco das marcas, vistas como fabricantes de automóveis, poderá deixar de ser, exclusivamente o desenvolvimento, o fabrico e a venda de automóveis. Alguns estudos apontam para que os serviços de mobilidade, a conectividade e outros modelos de negócio, que fogem à tradicional perspectiva da indústria automóvel, representem uma grande percentagem do negócio na próxima década.
São novas tendências no negócio. Uma ruptura inovadora na indústria automóvel já não será realizada através da produção e do fabrico dos carros, como foi anteriormente, e nenhuma marca quer ficar para trás na corrida. Hoje em dia as fabricantes de automóveis transformaram-se, em parte, em empresas que desenvolvem novas tecnologias a aplicar nos novos modelos – segundo a CB Insight, os investimentos em start-ups relacionadas com a indústria automóvel superaram os mil milhões de dólares, pela primeira vez, em 2016, quase duplicando o valor do investimento do ano anterior.
O grande desafio reside em dar resposta à rapidez com que as alterações acontecem. No ciclo de vida de um modelo, desde a chegada aos concessionários até que é substituído por uma nova geração, milhares de empresas têm oportunidade entrar no mercado com um produto inovador, revolucionando o mercado, mas também podem desaparecer.
Durante esse período, de uma geração de um modelo de automóvel, há espaço para que uma inovação se torne numa tecnologia obsoleta, ultrapassada. Daí ser necessário o investimento constante em start-ups na indústria automóvel, para que uma marca se mantenha na vanguarda.
Para demonstrar a velocidade com que decorre a ruptura através de start-ups, remetemos ao exemplo de uma consultora, que no início do ano começou uma investigação sobre as start-ups relacionadas com o mundo automóvel. Foram identificadas 500 start-ups com potencial para alterar o panorama da indústria automóvel. No final desse ano o número subiu para 1700 empresas, todas elas com uma visão disruptiva para o sector.
Os resultados da pesquisa confirmam que o desafio das empresas de automóveis não se resume ao modelo de negócio até há pouco tempo praticado. As marcas têm de se adaptar a novas exigências do mercado por uma questão de, mais do que sucesso, de sobrevivência. É imperial o investimento em tecnologia que inove a indústria automóvel.
O aparecimento de novas start-ups, a chegada de novos modelos de negócio e a adaptação das fabricantes são uma realidade que não vai desaparecer – antes pelo contrário.
O futuro da indústria automóvel passa também por sinergias entre as fabricantes – não apenas através de acordos estratégicos pontuais que visam a partilha de plataformas ou de desenvolvimento de tecnologias. Nem mesmo exclusivamente através da formação de conglomerados, como é exemplo a aquisição da Opel/Vauxhall pelo Grupo PSA. A chegada dos veículos autónomos e da partilha de informação em nuvem reforçam a necessidade de as marcas se entenderem entre si e reúnam esforços em torno do sucesso do setor automóvel.
É uma realidade que ainda pode parecer pouco natural, as fabricantes de carros se unirem. Mas é também uma realidade que já é atual e que nem sequer é de hoje – a Nokia, apostando em negócios como o geoposicionamento e a cartografia, desenvolveu o sistema HERE. O amplo sucesso na vertente de digitalização deste sistema levou a que a Audi, a BMW e a Mercedes se unissem para a adquirir, em 2015.
São sinais de novos tempos e de uma realidade na indústria automóvel – e dos próprios automóveis como os conhecemos – que já nem se pode considerar como sendo o futuro. A ruptura está a acontecer neste momento e o futuro bate à porta: e as marcas apressam-se por a abrir.
Miguel Policarpo
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