O Papa João Paulo II deslocou-se a bordo do UMM criado para si na viagem à Ilha da Madeira. Descubra agora diversas informações sobre este modelo.
A ideia de criar esta viatura partiu do Governo Regional, que falou com o concessionário da UMM na Madeira, o Sr. Abel Spínola
Projeto teve um custo entre 10.000 e 12.000 contos (o que pela taxa de cambio siginificaria entre 50.000 e 60.000 euros)
A pintura escolhida foi um tom branco-pérola metalizado
Embora nesta foto de apresentação ainda não surja a matrícula, o Papamóvel tinha as placas UX-19-91
Este UMM cumpriu um trajeto de 30km a 12 de maio de 1991, quando o Papa celebrou Missa para 50.000 fiéis no Estádio dos Barreiros
Ao volante do Papamóvel esteve o agente da PSP João Silva, que na altura referiu em declarações a jornais que esta foi “a missão de uma vida”. Inicialmente ainda foi avaliada a possibilidade de ser um piloto local a transportar João Paulo II
O projeto foi facilitado pela vasta experiência da marca na criação de veículos especiais, como os utilizados pelas Forças Armadas portuguesas
Algumas das peças de metal foram criadas pela Transfortécnica, situada em Cabriz, Sintra.
O carro foi transportado para a Ilha da Madeira por um avião da Força Aérea
As dimensões de 5.600 mm de comprimento e 1.580 mm de largura não sofreram alterações, mas a altura subiu para os 2.875 mm devido ao novo compartimento protegido para proteger o Sucessor de São Pedro no trono da Igreja Católica Apostólica Romana.
O peso do UMM Papal subiu para os 2500kg, com os 900kg extra a serem derivados da blindagem
Esta blindagem era composta por vidros no material Lexguard com 4cm de espessura e colocados em suportes de alumínio com varas antibalísticas. Já as laterais, traseira e piso foram feitos com duas chapas de aço de carbono com lã de rocha entre elas
As janelas posteriores apenas podiam ser abertas a partir do interior, para que o Papa pudesse saudar os fiéis quando desejasse.
Todos os sistemas de segurança foram testados por laboratórios credenciados, que confirmaram que o UMM Papamóvel excedia em muito as exigências do Vaticano.
O motor diesel atmosférico de 2498cm3 debitava 79CV. Foi escolhido em detrimento do mais potente Turbodiesel de 110CV pois as velocidades de deslocação seriam sempre muito baixas
330 são os dígitos que se vislumbravam no conta-quilómetros quando o Clube UMM descobriu este veículo em 2007
O Papamóvel contava com diferenciais Dana44 de 19 dentes nos dois eixos
O depósito de combustível foi mudado para o lado direito e, de acordo com a exigência da Santa Fé, blindado. O escape fez sentido inverso e foi do lado esquerdo para a direita.
A dianteira e Cabina permaneceram praticamente inalteradas, com exceção para os revestimentos neste sagrado vermelho, mas a secção posterior bastante transformada
Ainda assim, e apesar da presença do icónico "mata-vacas", na frente surge um avental mais baixo, devido ao potente sistema de ar condicionado, que recorria a seis ventoinhas
Foram colocados degraus/suportes nas laterais e traseira para que os seguranças pudessem acompanhar o trajeto
Os originais pneus Camac foram mantidos.
O interior tinha uma alcatifa vermelha em veludo feita na Bélgica. A poltrona do Papa era em madeira de castanheiro lacada a branco e debruada a ouro. Os estofos eram num material específico para artigos religiosos e com trabalhos em capitonet.
Existe um varão dourado na frente deste cadeirão, para João Paulo II se apoiar quando se levantava para saudar as multidões que o vieram ver. É aqui que estava situado o microfone para ele deixar mensagens aos fiéis Este Sistema audio contava com dois altifalantes no teto. O Papa contava no interior com comandos para controlar tanto po Ar Condicionado como o sistema Audio.
Além do lugar para o Sumo Pontífice, existe ainda um banco para dois acompanhantes no interior do Umm papal. Para facilitar o acesso ao interior, a porta do lado esquerdo era 54cm mais alta e contava com um tubo de aço que servia de apoio para subir.
Após a visita surgiram muitas dúvidas sobre o destino do automóvel, pois existia a possibilidade de ficar na região autónoma ou seguir mesmo para o Vaticano, pois João Paulo II ficou bastante agradado com o Umm.
De acordo com as informações mais recentes que obtivémos, acabou por ficar na Pérola do Atlântico, embora tenha feito uma passagem pelo continente onde, ainda em 1991, esteve até 2 de junho exposto no Porto durante o Auto Show.
Um membro da Umm que acompanhou a visita afirmou mesmo a meios de comunicação que “Sua Santidade adorou o carro, de longe melhor do que aquele que possui e usa habitualmente”.
Aproveite e desfrute das restantes fotos com detalhes do UMM utilizado pelo Papa que nos foram cedidas pelo Clube UMM. A Revista Turbo aproveita também para agradecer ao Clube UMM o apoio na realização deste artigo.
O Papa João Paulo II esteve na ilha da Madeira em 1991 tendo utilizado um UMM especialmente transformado para o efeito. Conheça todos os pormenores dessa minuciosa operação e muitas histórias ao seu redor.
Protagonista de uma construção rigorosa e de uma história caricata, o UMM concebido propositadamente para transportar João Paulo II completa este mês vinte e seis anos. A Turbo teve acesso a fotografias e vídeos que permitem perceber todo o trabalho que antecedeu o desembarque do Papa João Paulo II no Funchal.
A chegada do Papa João Paulo II ao Funchal
Uma história e tanto
Muitos episódios antecederam a recepção apoteótica. A ideia de transportar o líder máximo da Igreja Católica num carro português foi do Governo Regional da Madeira que não descansou até a concretizar. Mas, entre a construção (a que pode assistir mais à frente) e alguns imbróglios diplomáticos, o processo acabou por ser mais complicado do que o esperado.
Preparativos de Maio de 1991.
A história é contada por Teodoro de Faria, Bispo do Funchal, no livro “João Paulo II – Pastor Universal na Madeira”, que numa passagem recorda como o Governo de Cavaco Silva ameaçou não garantir a segurança do papa se a diocese do Funchal insistisse em usar o carro português. (as relações entre cavaco Silva e Alberto João Jardim nunca foram as mais fáceis…)
A viatura tinha sido encomendada à representante da Peugeot em Portugal, a Mocar, logo após a diocese ter recebido a informação de que não era viável enviar o Papamóvel de Roma para Portugal. O Vaticano remeteu os requisitos da viatura para a diocese: uma estrutura blindada e cabina à prova de bala que não impedisse o Santo Padre de ver e abençoar os fiéis.
Assista aqui ao nascimento do UMM papal
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As recomendações de Roma foram ouvidas e os requisitos foram todos cumpridos. O próprio Vaticano informou de que o nosso Papamóvel cumpria todas as condições e que até era melhor do que aquele que tinham em Roma.
Papamóvel nas ruas do Funchal.
O conflito com o Governo Central surgiu quando as autoridades portuguesas conseguiram obter do Vaticano um Papamóvel para todas as deslocações de João Paulo II em solo nacional, de Lisboa, aos Açores, Madeira e Fátima.
Teodoro de Faria recorda que comunicou a Lisboa que ia providenciar uma viatura que dava todas as garantias ao Vaticano, fornecendo as especificações de segurança que tinha cumprido a pedido da Santa Sé. Para surpresa do bispo, a resposta de Lisboa foi negativa: consideravam que a viatura não era segura, pelo que o Papamóvel do Vaticano seguiria dos Açores para a Madeira, o que significaria que a Diocese teria de pagar 10 mil contos por uma viatura de que não precisava.
“Neste momento, criou-se um braço de ferro entre Lisboa e a diocese do Funchal. Comunicaram-me que, se não optasse pelo carro do Vaticano, seria o bispo do Funchal responsável pela segurança do Papa e não o governo português”, escreveu.
Depois de consultar o Governo Regional e as autoridades locais, o bispo decidiu não responder à exigência de Lisboa, e, tal como tinham sido informados, o Papamóvel do Vaticano foi entregue no Funchal horas antes da chegada do Papa, na manhã de dia 12 de Maio de 1991.
Acontece que o veículo foi dispensado: “Foi fechado num armazém, nada se comunicou a Lisboa e, quando chegou à Madeira, o Santo Padre entrou no Papamóvel do Funchal. Os membros da polícia do Vaticano disseram-me que o Papamóvel cumpria todas as regras de segurança. Quando o Papa entrou e se sentou, disse-me e ao seu secretário para abrirmos a janela para ver, acenar e abençoar o povo. Desta forma ficamos com um Papamóvel gratuito”, revela Teodoro de Faria.
O êxito do Papamóvel português foi tão evidente que a Diocese do Funchal emprestou a viatura a São Tomé e Príncipe, entre os dias 4 e 10 de Junho de 1992, aquando da visita do Santo Padre ao país.
Fontes: UMM Jornal do terceiro trimestre de 2007, diversos artigos publicados logo após a visita do Papa João Paulo II a Portugal em 1991, e Lusa.
Mais uma vez, a Revista Turbo agradece a Gregório Teixeira, sócio do Clube UMM, pela cedência das fotos que ilustram este artigo, e agradecemos também o apoio com estes suportes para enriquecer ainda mais esta peça sobre o Papamóvel português.
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