UMM – As “broncas” do Papamóvel português

11/05/2017

O Papa João Paulo II esteve na ilha da Madeira em 1991 tendo utilizado um UMM especialmente transformado para o efeito. Conheça todos os pormenores dessa minuciosa operação e muitas histórias ao seu redor.

Protagonista de uma construção rigorosa e de uma história caricata, o UMM concebido propositadamente para transportar João Paulo II completa este mês vinte e seis anos. A Turbo teve acesso a fotografias e vídeos que permitem perceber todo o trabalho que antecedeu o desembarque do Papa João Paulo II no Funchal.

A chegada do Papa João Paulo II ao Funchal

Uma história e tanto

Muitos episódios antecederam a recepção apoteótica. A ideia de transportar o líder máximo da Igreja Católica num carro português foi do Governo Regional da Madeira que não descansou até a concretizar. Mas, entre a construção (a que pode assistir mais à frente) e alguns imbróglios diplomáticos, o processo acabou por ser mais complicado do que o esperado.

Preparativos de Maio de 1991.

A história é contada por Teodoro de Faria, Bispo do Funchal, no livro “João Paulo II – Pastor Universal na Madeira”, que numa passagem recorda como o Governo de Cavaco Silva ameaçou não garantir a segurança do papa se a diocese do Funchal insistisse em usar o carro português. (as relações entre cavaco Silva e Alberto João Jardim nunca foram as mais fáceis…)

A viatura tinha sido encomendada à representante da Peugeot em Portugal, a Mocar, logo após a diocese ter recebido a informação de que não era viável enviar o Papamóvel de Roma para Portugal. O Vaticano remeteu os requisitos da viatura para a diocese: uma estrutura blindada e cabina à prova de bala que não impedisse o Santo Padre de ver e abençoar os fiéis.

Assista aqui ao nascimento do UMM papal

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As recomendações de Roma foram ouvidas e os requisitos foram todos cumpridos. O próprio Vaticano informou de que o nosso Papamóvel cumpria todas as condições e que até era melhor do que aquele que tinham em Roma.

Papamóvel nas ruas do Funchal.

O conflito com o Governo Central surgiu quando as autoridades portuguesas conseguiram obter do Vaticano um Papamóvel para todas as deslocações de João Paulo II em solo nacional, de Lisboa, aos Açores, Madeira e Fátima.

Teodoro de Faria recorda que comunicou a Lisboa que ia providenciar uma viatura que dava todas as garantias ao Vaticano, fornecendo as especificações de segurança que tinha cumprido a pedido da Santa Sé. Para surpresa do bispo, a resposta de Lisboa foi negativa: consideravam que a viatura não era segura, pelo que o Papamóvel do Vaticano seguiria dos Açores para a Madeira, o que significaria que a Diocese teria de pagar 10 mil contos por uma viatura de que não precisava.

“Neste momento, criou-se um braço de ferro entre Lisboa e a diocese do Funchal. Comunicaram-me que, se não optasse pelo carro do Vaticano, seria o bispo do Funchal responsável pela segurança do Papa e não o governo português”, escreveu.

Depois de consultar o Governo Regional e as autoridades locais, o bispo decidiu não responder à exigência de Lisboa, e, tal como tinham sido informados, o Papamóvel do Vaticano foi entregue no Funchal horas antes da chegada do Papa, na manhã de dia 12 de Maio de 1991.

Acontece que o veículo foi dispensado: “Foi fechado num armazém, nada se comunicou a Lisboa e, quando chegou à Madeira, o Santo Padre entrou no Papamóvel do Funchal. Os membros da polícia do Vaticano disseram-me que o Papamóvel cumpria todas as regras de segurança. Quando o Papa entrou e se sentou, disse-me e ao seu secretário para abrirmos a janela para ver, acenar e abençoar o povo. Desta forma ficamos com um Papamóvel gratuito”, revela Teodoro de Faria.

O êxito do Papamóvel português foi tão evidente que a Diocese do Funchal emprestou a viatura a São Tomé e Príncipe, entre os dias 4 e 10 de Junho de 1992, aquando da visita do Santo Padre ao país.

Para mais informações técnicas sobre o papamóvel português, leia aqui o nosso artigo detalhado.

Fotos: Sócio do Clube UMM

Fontes: UMM Jornal do terceiro trimestre de 2007, diversos artigos publicados logo após a visita do Papa João Paulo II a Portugal em 1991, e Lusa.

Mais uma vez, a Revista Turbo agradece a Gregório Teixeira, sócio do Clube UMM, pela cedência das fotos que ilustram este artigo, e agradecemos também o apoio com estes suportes para enriquecer ainda mais esta peça sobre o Papamóvel português.

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