Volkswagen alcança acordo nos Estados Unidos

12/01/2017

A marca vai dar-se como culpada das acusações e pagar uma multa de 4,08 mil milhões de euros. Seis dos seus funcionários vão ter de responder em tribunal pelo papel desempenhado no ‘Dieselgate’.

 

A Volkswagen anunciou ter chegado a acordo com as autoridades americanas para resolver as disputas judiciais associadas ao escândalo dos softwares de alteração de emissões. Para tal o consórcio germânico vai considerar-se culpado nas queixas apresentadas, pagar multas num total de 4,08 mil milhões de euros e ainda ficar durante os próximos três anos sob a supervisão de um comité independente. Isto significa que a fatura do Dieselgate supera agora os 18,2 mil milhões de euros que tinham sido reservados para possíveis consequências do caso, pois o total das compensações alcança agora os 21800 milhões de euros, um valor a que será ainda preciso adicionar os dos processos dos investidores, que seguem nos tribunais americanos e alemães, com vista à obtenção de compensações pela má conduta do Grupo VW. Espera-se que o custo total desta fraude possa ascender aos 30 mil milhões de euros, um valor que não será difícil de encontrar pelos germânicos, pois à entrada do último trimestre de 2016 os lucros líquidos do fabricante superavam já os 31,3 mil milhões de euros.

Seis altos funcionários da VW terão também de responder em tribunal pelo papel que desempenharam no escândalo dos motores EA189. Os nomes mais sonantes são os dos anteriores responsáveis pelo departamento de motorizações da marca e do grupo VW, Heinz-Jakob Neusser e Jens Hadler, e também o responsável da equipa de engenheiros que desenvolveu o primeiro motor (supostamente) em conformidade com os limites de emissões americanos, Richard Dorenkamp. Juntam-se nestes processos de fraude, conspiração e falsas declarações o antigo e atual responsáveis de qualidade Bernd Gottweiss e Juergen Petter, e ainda o nome de Oliver Schmidt, que foi já detido pelo FBI e levado a tribunal. Estes seis funcionários são acusados de ter tido papel significativo no caso e terem abusado das posições que ocupavam durante esta fraude que durou quase uma década.

Na declaração à imprensa onde o Grupo VW anunciava este acordo, o CEO Matthias Muller afirma que a empresa que lidera “tem profundo arrependimento pelo comportamento que deu origem à crise Diesel”. Foi ainda prometido que os germânicos vão “continuar a avançar com mudanças na nossa forma de pensar e trabalhar”, para evitar a repetição da situação. Recordando ainda que “a confiança dos nossos consumidores, acionistas, parceiros, funcionários e do público em geral é o nosso ativo mais precioso”, Matthias Muller prometeu que “o conselho de administração não irá poupar esforços para assegurar que a VW recupera totalmente essa confiança”. Entre as alterações na estratégia que foram causadas pelo Dieselgate a principal passou pela aposta mais efetiva no desenvolvimento de veículos elétricos, com o Grupo VW a ambicionar comercializar em 2025 um milhão de veículos elétricos e ser líder no campo das motorizações alternativas.