Como negócio, foi péssimo. O recentemente desaparecido CEO Sergio Marchionne dizia, com mágoa, que cada exemplar vendido representava um prejuízo de 14 000 dólares para a Fiat-Chrysler.
A sua comercialização exclusiva naqueles dois estados americanos torna-o raro, sobretudo fora dos EUA. Na Europa, os que existem são importados.
Em Portugal, a Zeev começou há cerca de um ano a importar, vender e realizar manutenção em exemplares usados. Este ensaio é de um desses automóveis.
Afinal o que é um Fiat 500e?
Trata-se de um Fiat 500 100% elétrico. É produzido na fábrica de Touluca no México. Tem um pack de baterias climatizadas — com refrigeração e aquecimento — de 24 kWh. O motor elétrico tem 111 cavalos e quase 200 Nm.
Nota-se que foi feito com pouca vontade?
De todo. Há muitos pormenores que mostram o cuidado colocado neste modelo específico. A equipa técnica responsável fez um trabalho minucioso, por exemplo, no túnel de vento. Tapando as entradas de ar, utilizando uma carenagem inferior e um spoiler traseiro superior, reduziram o cx de 0,36 para 0,31. A estética também é especial tem jantes de 15 polegadas com desenho específico. E há um pack Sport, com aplicações em cor de laranja, que torna este modelo ainda mais distinto.É pequenote. Como é a vida a bordo?
Tal como no Fiat 500 com motor de combustão, a estética revivalista prolonga-se ao interior. O espaço é acanhado para quatro pessoas. E mesmo o passageiro da frente não tem assim muito espaço para as pernas. Atrás, as crianças mais compridas já não irão muito à vontade. A mala é minimalista também, mas os bancos traseiros rebatem.
Há um ecrã com várias informações mesmo à frente do condutor e o estado da bateria e autonomia estão sempre bem visíveis. Existe um sistema de navegação da TomTom que se liga no topo do tablier.
Os restantes comandos são convencionais, mas há botões para decidir o movimento: D, R, P e N. O 500e fica pronto a andar depois de rodarmos a chave de ignição. À antiga, portanto.
O revestimento dos bancos é em pele sintética. O volante, regulável, tem um diâmetro generoso. A posição de condução é prejudicada pelos bancos com assento muito alto. Um mal generalizado do 500, ligeiramente minimizado com os bancos desportivos Abarth, não disponíveis neste modelo.
E como veículo elétrico, é competente?
O carregador interno permite apenas uma velocidade de carregamento de 6,6 kWh e não aceita carga rápida. Numa tomada doméstica carregar de zero a 100% demora cerca de 10 horas. Claro que ninguém faz isso. Dos 40 aos 90% são quatro horas.
O motor elétrico tem um consumo aferido pela EPA (Environmental Protection Agency) de 15 kWh/100 km em cidade e 18 kWh/100 km em utilização mista. São 160 ou 130 km de autonomia, respetivamente. Para uma utilização citadina, é perfeitamente aceitável.
E como é a condução?
Para começar, é de longe o mais silencioso dos Fiat 500 que experimentei. E também o mais confortável, graças aos pneus estreitos de perfil alto (185/55). Tem todas as vantagens de um EV, com apenas uma velocidade e um valor de binário significativo, disponível de imediato. Como termo de comparação, é semelhante ao do Abarth 500, mas este só alcança o valor máximo às 3000 rotações.
Então o 500e pode ser considerado um desportivo?
Não. O problema nem está nas prestações. Nos 0-50 km/h é pelo menos tão rápido quanto o Abarth. Faz 0-100 km/h em 9 segundos, o que continua a ser razoável.
A suspensão também tem uma afinação mais para o conforto, só que aqui, o peso das baterias, que permite baixar o centro de gravidade, dá uma boa ajuda.
O 500e parece sempre bem implantado no piso. Sem perder complacência. Só a precisão na entrada en curva é que podia ser melhor.
Os pneus Evergreen EH23, de perfil alto e flancos macios, que ajudam ao conforto em utilização normal, também deixam a desejar nesta situação. E são pneus de verão, pelo que, com piso molhado, como também houve neste ensaio, não aguentam o binário do motor. Quem paga são os controlos de tração e de estabilidade, que não têm mãos a medir. Mas para um BEV, este Fiat é do mais divertido que há em condução dinâmica.
Como assim?
O motor tem sempre resposta pronta e o desafio passa a ser andar o mais depressa possível sem que o controlo de tração tenha que intervir. Se desligarmos o ESC, ainda temos alguma margem para brincar com o “torque steer” — quando as perdas de tração em aceleração “conduzem” o automóvel. Faz lembrar alguns dos pequenos desportivos dos anos oitenta, com demasiada potência para o seu próprio bem. Vem-me à memória o Fiat Uno Turbo ie, por exemplo, um modelo bastante amalucado, mas divertidíssimo.
Onde é que podemos comprar um Fiat 500e?
Novo, só mesmo na Califórnia ou no Óregon. Custa entre 33 e 35 000 dólares, dependendo do equipamento. A Fiat não vende o 500e noutros mercados, mas fala-se que pode surgir uma versão mais moderna, em 2019.
Até lá, a única hipótese é comprar um exemplar importado, como aqueles que a Zeev vende. Os preços começam nos 19 500 euros. Em alguns exemplares As empresas podem descontar o IVA, que é de 23%.
Para fazer um test-drive gratuito pode inscrever-se através deste link. https://www.zeev.pt/usados/carros/fiat-500e/
A opinião do Watts On
Com base no universalmente aclamado Fiat 500 — pelo menos, em termos de design — o modelo elétrico é um dos mais exclusivos e visualmente apelativos elétricos atualmente.
Os detalhes estéticos e gráficos desta versão conferem atenção garantida de um público que vai dos 7 aos 77.
A autonomia e a velocidade de carregamento limitam este modelo a uma utilização urbana. Mas a qualidade do seu pack de baterias oferece longevidade e eficiência, mesmo com cargas diárias.
Em utilização, é silencioso e confortável. O espaço no interior não é muito, mas sempre são quatro lugares utilizáveis. Pelo menos, em viagens urbanas.
Enquanto não sai o Morgan 3 Wheeler EV, o 500e continuará a ser o elétrico mais “cool” do mercado. Para quem consiga incluí-lo no seu dia-a-dia, oferece uma experiência fora do normal.
No nosso mercado só está disponível como usado importado, mas a Zeev conhece o modelo muito bem, o que é uma garantia de acompanhamento no pós-venda.
Se um elétrico com cerca de 130/160 quilómetros de autonomia é suficiente para o seu dia-a-dia, um 500e pode ser a escolha perfeita. Por enquanto, não há muitos elétricos que nos façam olhar para trás, depois de os estacionarmos (só se for para ver se o cabo ficou bem ligado…) O pequeno Fiat é seguramente um deles.
Ficha técnica
Motor: Magneto permanente síncrono, 111 kW (83 cv); 199Nm de binário instantâneo;
Baterias: Pack de baterias climatizadas de polímeros de Lítio-Ion, com 44 kWh de capacidade;
Carregamento: 7,2 kW AC. Sem carregamento em DC
Transmissão: rodas dianteiras. Tipo automático, uma velocidade.
Chassis: carroçaria monobloco, de 3 portas e 2 lugares
Dimensões: comprimento: 3571; altura: 1488mm; largura: 1627; distância entre eixos: 2300mm; Peso: 1352 kg
Velocidade Máxima: 138 km/h (limitada)
Aceleração 0-100 km/h: 9 s.
Eficiência: 18-15 kWh/100 km (utilização mista-cidade)
Autonomia: 130-160 km (EPA) (utilização mista-cidade)
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