Porto Santo vai ser uma ilha inteligente sem energias fósseis

19/04/2018

A primeira “Smart Fossil Free Island” do mundo vai nascer na Ilha de Porto Santo e é mais um passo para a democratização da mobilidade sustentável. A Renault é parceira desta iniciativa.

“Porto Santo Sustentável – Smart Fossil Free Island”. Esta é a designação do projeto assinado entre o Governo Regional da Madeira, a EEM (Empresa de Eletricidade da Madeira) e a Renault. O intuito é levar Porto Santo a fazer a transição energética, no sentido de se tornar uma ilha inteligente livre das energias de origem fóssil.

A EEM terá a responsabilidade dos projetos associados à energia, ao passo que o Grupo Renault desenvolverá as soluções de mobilidade elétrica.

Sabia que…
O Porto Santo é frequentemente referida pelos madeirenses como sendo a “ilha Dourada”?

O objetivo é criar nesta ilha “uma solução de mobilidade sustentável a partir do desenvolvimento de um ecossistema elétrico”, como é dito em comunicado.

Na base do projeto de mobilidade está a interação entre os automóveis elétricos da Renault (Zoe e Kangoo Z.E.), o carregamento inteligente (smartcharging, o qual é feito em função das necessidades do utilizador e da eletricidade disponível na rede), a segunda vida das baterias elétricas de veículos elétricos Renault (que permitirá armazenar a energia estacionária) e a reversão do carregamento (V2G), a qual permitirá a injeção de energia elétrica na rede aquando dos picos de consumo.

Eric Feunteun, diretor do programa de veículos elétricos e novos negócios do Grupo Renault, que veio a Lisboa apresentar os contornos da iniciativa, afirma tratar-se de um “projeto a uma escala sem precedentes, com o objetivo de apoiar a transição energética da ilha do Porto Santo para o desenvolvimento de fontes de energia renováveis, solares e eólicas. A meta é atingir 80% de energia e mobilidade sem emissões de carbono num futuro muito próximo e, para isso, estão equipas a trabalhar no terreno desde o início do ano, lançando soluções inteligentes de carregamento e armazenamento de energia estacionária e dando uma segunda vida às baterias dos veículos elétricos do Grupo Renault, que já não alimentam os modelos elétricos em atividade”.

O OBJETIVO É TORNAR PORTO SANTO A PRIMEIRA ILHA DO MUNDO LIVRE DE COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS.

Com o lançamento deste primeiro ecossistema elétrico inteligente na ilha do Porto Santo, o Grupo Renault confirma o compromisso com o ambiente e a economia sustentável, numa perspetiva que vai muito além da mobilidade. Nesta ótica, o mesmo responsável revela que “este é um projeto crucial para o Grupo Renault, que reflete o papel fundamental desempenhado pelos veículos elétricos na gestão de energia de um ecossistema global conectado a outros serviços. A promoção desses serviços tornará os veículos elétricos ainda mais acessíveis, otimizando ainda mais o seu custo total”.

Este projeto “ilustra o compromisso do Grupo Renault no estabelecimento de parcerias públicas e privadas que visem a criação de soluções de mobilidade sustentável ao alcance de todos, em linha com a estratégia do grupo, que pretende ser um ator incontornável no desenvolvimento de ecossistemas elétricos e um fornecedor de soluções inteligentes de mobilidade para as cidades do futuro”, declara o fabricante que em Portugal é a marca automóvel mais vendida.

“Estamos muito satisfeitos com esta associação com a EEM e com o Governo Regional da Madeira para o desenvolvimento deste inédito ecossistema elétrico inteligente. Um projeto que demonstra que, para além dos transportes, a revolução elétrica vai mudar o nosso quotidiano”.

Eric Feunteun, diretor do programa Veículos Elétricos e New Business da Renault.

Porto Santo, ilha inteligente sem combustíveis fósseis

Apresentando-se como uma oportunidade para desenvolver uma oferta de mobilidade moderna e 100% livre de emissões, o projeto inclui a instalação de 40 estações conectadas na ilha (embora nenhuma seja rápida), onde os veículos elétricos farão carregamentos inteligentes (ou seja, ativarão o seu carregamento quando o fornecimento de energia da rede energética exceder a procura), em articulação com dois sistemas de armazenamento estacionários de energia provenientes de baterias de “segunda vida” do modelos como o Kangoo e Zoe, extraídas de viaturas provenientes da ilha da Madeira.

“Reutilizar essas baterias localmente diminuirá a pegada de carbono”, avança Eric Feunteun, que também constata que “na fase seguinte, será possível efetuar o carregamento bidirecional, que permitirá usar a bateria de dois protótipos Zoe para armazenar e fornecer energia de acordo com as necessidades da rede”.

“As soluções do Grupo Renault permitirão à ilha de Porto Santo, armazenar e regular o suporte flutuante de energia produzida em estações solares e parque eólicos, e deixam a ‘porta aberta’ para o desenvolvimento de novos modelos energéticos úteis no futuro”, salienta a marca francesa.

Rui Rebelo, presidente do conselho de administração da EEM, refere que a partir deste projecto outros surgirão com o mesmo espírito “com vista a termos na ilha de Porto Santo uma reserva de biosfera e uma economia azul e circular”.

Numa primeira fase, que decorrerá durante um ano, irão circular em Porto Santo, em regime de aluguer, vinte veículos elétricos Renault, disponibilizados a serviços públicos, empresas e particulares. Os custos desse aluguer serão suportados pelo Governo Regional da Madeira e pela Renault. Após esse período de um ano, os carros que foram usados poderão ser comprados pelo seu valor residual pelos interessados locais. Até ao final do ano de 2018, os carregamentos elétricos serão gratuitos.

Porto Santo, exemplo para outras ilhas

Conforme dá conta, Feunteun, “o nosso objetivo é construir um modelo que possa ser transferido para outras ilhas, eco-distritos e cidades, ao mesmo tempo que também nos esforçaremos para alcançar a implantação, em larga escala, de soluções de mobilidade elétrica acessíveis a todos. Também estamos a tentar promover essas soluções com todos os fornecedores de energia, como a EEM, como soluções que, em certos ecossistemas, podem servir para atingir até 100% da produção de energia renovável e auto-suficiência energética”.

“Temos indicação de que já há mais ilhas noutras partes do mundo que, ao saberem deste projeto de Porto Santo, querem fazer o mesmo”, informa este responsável da marca gaulesa.

“QUEREMOS CONSTRUIR UM MODELO REPRODUZÍVEL NOUTRAS ILHAS, CIDADES OU BAIRROS… SEMPRE COM O MESMO ESPÍRITO E VOCAÇÃO; IMPLEMENTAR, EM LARGA ESCALA, SOLUÇÕES DE MOBILIDADE ELÉTRICA AO ALCANCE DE TODOS” – ERIC FEUNTEUN

Aliás, o Grupo Renault, a EEM e outros parceiros (Bouygues Energies et Services, The Mobility House e ABB) trabalham, desde o início deste ano, no projeto. Com um tempo de execução de 18 meses, existe a intenção de o implementar, em seguida, em todo o arquipélago da Madeira.

Projeto com três vertentes

O projeto comporta três vertentes complementares.

Numa primeira fase, 20 famílias/entidades voluntárias da ilha de Porto Santo utilizarão 14 unidades do modelo Zoe e seis unidades do Kangoo Z.E. em utilização quotidiana. Viaturas que poderão ser carregadas de forma inteligente (smartcharging) nos 40 postos de carregamento conectados, públicos e privados, instalados na ilha pela EEM e pela Renault.

O projeto “Porto Santo Sustentável – Smart Fossil Free Island”, mais do que uma inovadora experiência com um ecossistema de energia elétrica automóvel inteligente, pretende ser uma real prova do sucesso de um modelo de mobilidade sustentável para o futuro.
Porto Santo, ilha inteligente sem combustíveis fósseis

Numa segunda fase, estes automóveis irão mais longe na sua interação com a rede elétrica e serão capazes de injetar eletricidade na rede, nos picos de maior consumo de eletricidade na ilha. Para além do carregamento inteligente, as viaturas também servirão de unidades de armazenamento temporário de energia.

Em terceiro lugar, as baterias, em segunda vida, oriundas de modelos elétricos da Renault, irão armazenar a energia, por definição intermitente, produzida pelas centrais solares e eólicas do Porto Santo. Esta energia armazenada será restituída à rede quando tal for necessário. “O Grupo Renault demonstra assim, pela primeira vez, que é possível reutilizar as baterias, em segunda vida, em benefício de um ecossistema local”, afirma o construtor.

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