Renault introduz versões a hidrogénio nos seus Kangoo e Master Z.E.

23/10/2019

Após o lançamento do seu quarto veículo comercial ligeiro elétrico, o Master Z.E., em 2018, o Grupo Renault decidiu eletrificar toda a gama de furgões até 2022.

Nesse contexto, o fabricante reforça a oferta de comerciais ligeiros com duas versões a hidrogénio, o Master Z.E. Hydrogen e o Kangoo Z.E. Hydrogen.

Estes veículos estão equipados com uma pilha de combustível “range extender”, que assegura uma potência elétrica e térmica de 10 kW, permitindo aumentar a autonomia do Master Z.E. Hydrogen e do Kangoo Z.E. Hydrogen para mais de 350 km (contra, respetivamente, 120 km e 230 km das versões 100% elétricas).

Após uma recarga de hidrogénio de 5 minutos, os veículos ganham mais 150 km de autonomia. Uma recarga completa de hidrogénio demora entre 5 e 10 minutos.

A Renault propõe o hidrogénio como uma solução complementar que elimina o obstáculo da autonomia para os clientes profissionais: “Se bem que o hidrogénio integrado a bordo não seja ainda acessível a todos, o seu desenvolvimento é complementar aos veículos elétricos com bateria, para frotas de empresa com utilizações intensivas”, refere a Renault.

Considerada uma energia do futuro, a tecnologia do hidrogénio usada pela Renault tem estado em testes desde 2014, tendo sido desenvolvida em parceira com a Symbio, filial do Grupo Michelin.

Virão para Portugal?

O Grupo comercializará o Kangoo Z.E. Hydrogen no final de 2019 e, em meados de 2020, o Master Z.E. Hydrogen.

Os modelos vão estar disponíveis para todos os países e Portugal não fugirá à regra, segundo apurou o Watts On junto do importador da marca. No entanto, em termos práticos, a quase completa ausência de postos de abastecimento será uma forte limitação à introdução destas variantes no mercado português.

Como será o armazenamento do hidrogénio?

O hidrogénio é armazenado em depósitos de alta pressão.

O Kangoo Hydrogen terá um depósito de 74 litros/1,7 kg/350 bars (ou 700 bars, consoante o país); o Master Hydrogen contará com dois reservatórios, cada um dos quais, com 53 litros/2,1 kg/700 bars.

Em termos mais detalhados: o Kangoo Z.E. Hydrogen está dotado de uma pilha de hidrogénio de 10 kW (5 kW elétrico e 5 kW térmico), o que permite dispor de mais 29,7 kWh (no máximo) do que é oferecido pela bateria de 30 kWh do Kangoo Z.E. Para este modelo é proposta uma dupla oferta de depósitos: 350 bars e 700 bars.

Por seu lado, o Master Z.E. Hydrogen está dotado de uma pilha de hidrogénio de 10kW (5 kW elétrico e 5 kW térmico), o que permite dispor de mais 56 kWh do que uma bateria Master Z.E. de 33 kWh.

Com dois depósitos de hidrogénio instalados sob o chassis num total de 700 bars, o Master fuel cell (que estará disponível em dois comprimentos e duas alturas) garante um volume na zona de carga de 10,8 m3 a 20 m3 e um peso adicional de apenas 200 kg.

Ideal para zonas de emissões zero

Atualmente, o hidrogénio é maioritariamente produzido a partir do gás natural. A produção de hidrogénio “verde” está em franco crescimento, para assegurar a transição do hidrogénio com carbono para um hidrogénio livre de carbono (processo de eletrólise que utiliza a eletricidade obtida a partir de fontes renováveis).

A bordo do veículo, a conversão do hidrogénio em eletricidade é totalmente limpa e liberta apenas água. Por conseguinte, estes veículos podem circular nas zonas Zero Emissões dos centros das cidades.

Autorizado nos centros das cidades, inclusivamente nas zonas de baixas emissões, estes veículos comerciais ligeiros a hidrogénio são vistos pela Renault como a ferramenta ideal para atividades do tipo:

  • Transporte e logística do último quilómetro;
  • Distribuição urbana e serviços multitécnicos: reboque pronto-socorro, manutenção, etc;
  • Serviços municipais e coletividades locais;
  • Serviços de correio expresso ou especial.

Como é que funciona o hidrogénio?

A pilha de combustível converte o hidrogénio e o oxigénio do ar ambiente em água, criando uma corrente elétrica. A bateria e a pilha de hidrogénio fornecem energia elétrica ao motor.

A pilha de combustível arranca automaticamente (o condutor também a pode acionar) quando o nível de carga da bateria está a 80%, de forma a manter ou a carregar a bateria a pouco e pouco (nos momentos de paragem durante a condução). Quando o nível de carga da bateria é inferior a 2%, é possível utilizar apenas o hidrogénio a baixa velocidade e para percursos reduzidos.

A recarga do hidrogénio é complementar à recarga da bateria e permite prolongar a autonomia. Se a bateria elétrica estiver totalmente descarregada, a pilha de hidrogénio pode carregá-la ou desempenhar a função de terminal de carregamento.

As condições climáticas têm pouco impacto na autonomia associada ao hidrogénio, porque a energia armazenada é imune à temperatura ambiente e, por conseguinte, a autonomia é preservada com tempo frio.

É possível carregar a bateria apenas quando há oportunidade e não necessariamente quando a bateria está descarregada (o hidrogénio fornece o que é preciso, enquanto não surge o melhor momento para carregar a bateria).

A estes comerciais Renault foi adicionado um ecrã suplementar na cabina que informa sobre o estado do sistema e o funcionamento da pilha de combustível, o aquecimento do habitáculo, o nível do hidrogénio, o enchimento de hidrogénio e a autonomia restante.

Em média, atualmente deve ser considerado o valor de 15€/kg para uma carga de hidrogénio.