Trajetória e pioneirismo
Fundada em 2014 pelo grupo industrial italiano CRP Group, a Energica tornou-se uma referência no mercado de motos elétricas desportivas, destacando-se pela inovação tecnológica. Ganhou reconhecimento global, graças ao campeonato de MotoGP elétrico, o FIM Enel MotoE World Cup, por ter sido o fabricante exclusivo das motos elétricas durante quatro temporadas consecutivas.
Entre os seus modelos mais marcantes estão a Energica Ego, a naked Eva e a touring Experia.
O “know how” dos seus colaboradores era algo que sobressaiu ao longo dos anos. A empresa investiu consistentemente no desenvolvimento de jovens talentos, em parceria com universidades e escolas em Itália, garantindo que os seus colaboradores, que tinham idades entre 28 e 35 anos, estivessem sempre na vanguarda das inovações no setor elétrico. Fruto disso, com a liquidação agora decidida, muitos dos seus trabalhadores já começaram a ser absorvidos por outras empresas do “Motor Valley” italiano, a região onde a Energica estava sediada.
Queda financeira
Apesar dos avanços tecnológicos, a Energica sofreu com a pandemia, confrontando-se com problemas na cadeia de abastecimento e falta de componentes, bem como com diminuição de investimentos no setor, o que limitou as suas operações.A substituição em 2023 da Energica pela Ducati como fornecedora oficial de motos elétricas para a MotoE foi um revés para a Energica, que perdeu uma importante fonte de receita e visibilidade no mercado global.
O golpe decisivo para o negócio veio da sua principal acionista, a norte-americana Ideanomics, que detém 75% da Energica. A Ideanomics, inicialmente um grande suporte financeiro, enfrentou uma desvalorização significativa das suas ações, que passaram a ter o estatuto de “junk”. Em agosto de 2024, a Ideanomics viu a sua cotação suspensa na Bolsa de Nova Iorque, o que comprometeu a capacidade de a Energica obter novos fundos. Sem o apoio financeiro necessário, a empresa entrou no “vermelho”.
Tentativas de reestruturação
Antes de comunicar a bancarrota, a Energica tentou implementar várias medidas para se salvar. Entre elas, a criação da unidade “Energica Inside”, em 2022, que pretendia diversificar as receitas fornecendo componentes elétricos para outros fabricantes. Embora a ideia tivesse potencial, os resultados não foram suficientes para compensar as perdas da marca no mercado de motos.
Processo de liquidação e futuro dos clientes
A liquidação judicial agora em curso visa vender os ativos da Energica e pagar aos credores. A Moteo Portugal, representante da marca em território nacional e que tem sede em Aveiro, vai continuar a oferecer suporte técnico e serviços de após-venda aos seus clientes.