À medida que o armazenamento de energia e a procura por células de bateria de iões de lítio continuam a disparar, planos para gigafábricas – fábricas de baterias de grandes dimensões – estão a ser desenvolvidos no Velho Continente.
Há apenas três anos e meio, a avaliação da Benchmark Minerals (em setembro de 2018) relatou que a capacidade em células de bateria da Europa seria de 120 GWh até 2030, o que seria suficiente para 2,2 milhões de veículos elétricos.
Agora, esse número, relativo à capacidade anual prevista, foi já revisto em alta, sendo agora de 789,2 GWh para o ano 2030, um aumento de mais de 6 vezes e que será suficiente para quase 15 milhões de automóveis 100% elétricos.
Até ao final de 2022, a Europa deverá ter sete fabricantes ativos de baterias de iões de lítio, dos quais os cinco principais por capacidade (e respetiva localização da gigafábrica) são:
LG Chem (Polónia): 32 GWhSamsung SDI (Hungria): 20 GWh
Northvolt (Suécia): 16 GWh
SK Innovation (Hungria): 7,5 GWh
Envision AESC (Reino Unido): 1,9 GWh
Os especialistas da Benchmark Minerals destacam que, em termos de qualidade, a Europa tem 4 dos 7 fabricantes mundiais de baterias para viaturas elétricas e, assim que a gigafactory da Northvolt, na Suécia, estiver ativa, este player também se tornará num produtor Tier 1.
Os produtores Tier 1 de células de bateria de iões de lítio para automóveis, a partir da avaliação mais recente da Benchmark Mineral Intelligence, de fevereiro de 2022, são: Panasonic (Japão); Samsung SDI e SK Innovation (Coreia do Sul); Envision AESC, CATL e BYD (China).
Até 2030, este cenário, de cinco principais fornecedores de baterias, deverá sofrer uma grande alteração, com a Benchmark a prever que a Europa está no caminho para ter 27 gigafábricas de um total 18 produtores de células de bateria.
Construtores de automóveis com joint-ventures de baterias
Uma tendência mais recente – salientam estes analistas – é o surgimento de fabricantes de automóveis como produtores de baterias que procuram garantir o fornecimento destes dispositivos através de fábricas feitas em joint venture.
De maior importância é a Gigafactory de Berlim da Tesla, que deve arrancar a produção de células em 2023 e que atingirá uma capacidade de 75 GWh até 2026 e de 125 GWh até 2030.
Como resultado, a Giga fábrica de Berlim está em vias de ser a maior gigafábrica da Europa e a segunda maior fábrica de baterias de iões de lítio do mundo, atrás da sua homóloga norte-americana em Austin, Texas.
A expansão das instalações de Northvolt tornará esta insígnia a segunda maior produtora da Europa, com 92 GWh de capacidade.
CATL, em Erfurt, Alemanha, será o terceiro maior produtor de baterias da Europa com 80 GWh até 2030.
Enquanto isso, a ACC (Total/Stellantis) deverá operar três fábricas em França, Alemanha e Itália com uma capacidade combinada de 64 GWh até 2030, com a nova Gigafactory da Verkor, com sede em Dunquerque, França, com 50 GWh como o sexto maior produtor.
Até 2030, a Benchmark prevê que os cinco maiores fabricantes de baterias da Europa por capacidade serão:
Tesla (Alemanha): 125 GWh
Northvolt (Suécia x 2): 92 GWh
CATL (Alemanha): 80 GWh
LGES (Polónia): 67 GWh
ACC (Total/Stelantis) (Alemanha, França, Itália): 64 GWh
No geral, a Benchmark prevê que a Europa tenha uma capacidade de 789,2 GWh até 2030, pouco mais de 14% do total global de 5.454 GWh.
Estes dados resultam da avaliação da Benchmark, empresa que lembra que os dados estão em constante evolução.
De resto, já depois desta análise da Benchmark, ficou a saber-se que, para apoiar os seus planos de eletrificação de veículos, a Ford assinou um memorando de entendimento não vinculativo com a SK On Co., Ltd. e a Koç Holding para uma nova joint venture na Turquia.
Sujeito à execução de um acordo final, os três parceiros planeiam criar uma das maiores instalações de baterias para EV da Europa.Essa joint venture estaria localizada perto de Ancara e fabricaria células NMC de alto teor de níquel para montagem em módulos de baterias. A produção deve começar em meados da década, com uma capacidade anual que provavelmente ficará na faixa de 30 a 45 gigawatts-hora.
Ou seja, mais uma gigafábrica em perspetiva na Europa.