Postos a hidrogénio encerrados no Reino Unido: porquê?

21/10/2022

Depois de ter anunciado, com toda a pompa, a abertura de três postos de abastecimento de hidrogénio no Reino Unido entre 2017 e 2019, a Shell decidiu agora, discretamente, encerrar todos esses postos este ano, avança a Hydrogen Insight.

A Shell declara que a decisão de fechar estas suas instalações de hidrogénio no aeroporto de Gatwick, Cobham e Beaconsfield foi tomada em conjunto com o seu parceiro, Motive – propriedade do fabricante inglês de eletrolisadores ITM Power – que fornece todas as suas bombas com hidrogénio verde.

Refere a Hydrogen Insight que os postos de abastecimento H2 – que custam pelo menos US$ 2 milhões para serem construídos, de acordo com a Hydrogen Fuel Cell Partnership – “são, sem dúvida, operados com prejuízo no Reino Unido devido à falta de veículos movidos a hidrogénio nas estradas do país”.

No entanto, a Shell indicou à Hydrogen Insight que estes postos de hidrogénio foram fechados porque “eram a nossa primeira geração de locais de protótipos, e a sua tecnologia tinha chegado ao fim da sua vida útil”.

Próxima evolução de hidrogénio: hubs multimodais para camiões

Segundo a Shell, ouvida por esta publicação inglesa, o seu foco “no Reino Unido é ver onde há oportunidades para construir hubs multimodais para camiões, semelhantes a um modelo que construímos na Califórnia”.

Recorda o artigo da Hydrogen Insight que essa explicação vai ao encontro dos motivos apresentados pela Motive, parceira da Shell neste investimento por ocasião do encerramento do tal quarto posto em Swindon: “Os postos [em Cobham, Swindon e Gatwick] não estão a funcionar satisfatoriamente e a pegada disponível é muito pequena para acomodar a atualização para veículos maiores e tecnologia futura, o que nos levou a tomar a decisão de fechá-los”. Num em comunicado no início deste ano, a Motive indicou que o seu investimento superior a dois milhões de libras por ano para o funcionamento destas estações, “não é sustentável continuar” a ser feito.

“Estamos a concentrarmo-nos no reabastecimento de veículos grandes e o encerramento destes postos é um reflexo das suas pequenas pegadas por serem os primeiros de um tipo e protótipos com os quais aprendemos, permitindo-nos melhorar a nossa rede futura”, refere a Motive, citada pela Hydrogen Insight.

Com um residual número de veículos ligeiros a circular nas estradas a nível global, o uso de hidrogénio parece estar a direcionar-se para viaturas pesadas. Todavia, mesmo aí, as opiniões não são unânimes, com alguns especialistas a referirem que os veículos fuel cell são mais caros para construir, manter e operar do que os veículos elétricos a bateria (BEV), pelo que dificilmente descolarão.