A Bugatti sabe tudo sobre o Chiron mesmo a milhares de quilómetros

21/04/2018

Com o hiperdesportivo Chiron, a Bugatti não só ‘oferece’ uma proposta única a pouquíssimos afortunados que conseguem comprar um desses modelos com motor de 1500 CV. A marca francesa faz também questão de elevar os seus padrões de serviço ao cliente para um patamar quase inigualável, disponibilizando uma ferramenta de telemetria que, no limite, consegue saber que problemas é que o carro tem remotamente…

“Quando o cliente na região do Golfo recebeu uma chamada de Molsheim na Alsácia, ele não sabia que a pressão no pneu dianteiro esquerdo do seu Bugatti Chiron já não era a ideal”, assim explica a Bugatti o seu conceito de ‘cuidados’ à distância, elucidando que o técnico da marca “já estava completamente informado e que sugeriu ao seu proprietário a solução do problema antes de efetuar a próxima viagem”.

A única forma de o conseguir é através da telemetria, um conceito de recolha de dados à distância, que é muito comum no desporto automóvel e que, aí, permite à equipa gerir os parâmetros técnicos remotamente. Foi também assim que a cerca de 6000 km de distância, o técnico da Bugatti conseguiu saber o que se passava de errado com o Chiron, com todos os seus dados a serem transmitidos em tempo real para uma equipa de técnicos especializados na Alsácia.

Esta funcionalidade está disponível para todos os clientes da Bugatti, embora os proprietários tenham de dar o seu consentimento prévio para a recolha de dados.

“Este é um serviço de ‘concierge’ altamente personalizado do tipo que só se encontra normalmente em hotéis de luxo”, começa por dizer Hendrik Malinowski, diretor de Vendas e de Operações da Bugatti Automobiles S.A.S., acrescentando que, “com o nosso sistema de telemetria, podemos providenciar aos nossos clientes assistência em todos os aspetos técnicos relacionados com o seu Bugatti. Em qualquer hora do dia e, se necessário, também de noite”.

Estar à frente do tempo

A marca já tinha desenvolvido um sistema de transmissão de dados e sistema de análise para o seu anterior supercarro, o Veyron 16.4. Desde 2004, a Bugatti tem, por isso, um relatório técnico de cada Bugatti na sede da companhia em Molsheim.

“Naquela altura, conseguimos mesmo inaugurar um capítulo. A Bugatti é o primeiro construtor automóvel a aplicar a telemetria num veículo de produção. E ainda somos únicos neste respeito, adianta outro responsável, Norbert Uffmann, que tem a seu cargo o desenvolvimento do sistema de telemetria da Bugatti na atualidade. Aos 44 anos, Uffmann está no Departamento Técnico da Bugatti há seis anos, tendo desempenhado um papel importante no desenvolvimento do sistema para o Chiron.

Nessa missão, foi auxiliado pela IAV – Ingenieurgesellschaft Auto und Verkehr – parceira de longa-data da Bugatti no desenvolvimento de tecnologias deste género localizada na Alemanha.

Na eventualidade de os técnicos descobrirem algo de errado com o Chiron, tal como sucedeu com a informação do pneu do veículo, e caso seja necessário por parte do cliente, a marca pode mesmo enviar um dos seus ‘doutores voadores’ (termo concedido aos técnicos que se deslocam aos locais do veículo) para lidar com a situação no momento.

O sistema de telemetria da Bugatti funciona com recurso a um transmissor de rádio que monitoriza o estado de cada veículo, 24 horas por dia, sete dias por semana, com duas condicionantes: o proprietário tem de autorizar a recolha de dados e tem de estar numa área com cobertura de rede móvel.

Com o Chiron, a marca garante que pode recolher muitos mais dados e de forma diversificada, de forma permanente, temporária com respeito a eventos individuais ou limitado a determinados períodos temporais. O sistema monitoriza cerca de 10.000 sinais de diversas partes do carro, incluindo motor, transmissão, caixa, iluminação, ar condicionado e sistema de infoentretenimento.

Os dados em tempo real podem ser enviados a partir de qualquer parte do mundo, com os ‘doutores voadores’ da Bugatti a serem alertados por uma mensagem no seu telemóvel, Desta forma, o serviço ao cliente recebe logo toda a informação necessária para oferecer o melhor serviço possível a cada Bugatti.

Os técnicos sabem, por exemplo, que peças é que são necessárias para efetuar uma reparação e fazer a encomenda diretamente do material necessário, poupando tempo e antecipando a necessidade de substituição de componentes. São apoiados, também, por mecânicos na sede em Molsheim e nas instalações dos 34 concessionários da Bugatti espalhados pelo mundo. A partir do momento em que o cliente recebe o seu Chiron, o ‘doutor voador’ (flying doctor, em inglês) passa a ser o seu contacto direto para todas as questões técnicas. A marca aponta mesmo que, ao longo dos anos, podem firmar-se relações duradouras de confiança e de amizade.

De mala feita

Os técnicos da marca estão preparados para embarcar no avião de forma quase contínua, estando disponíveis a todas as horas, podendo auxiliar os proprietários dos Chiron de forma mais direta, podendo mesmo ser agendado um ponto de encontro em casa dos clientes. Neste momento, existem três ‘doutores voadores’.

O sistema de telemetria é bidirecional, podendo o serviço ao cliente transmitir dados ao veículo de forma a mudar configurações remotamente ou, até certo ponto, efetuar atualizações de software. Apontando que a segurança e proteção dos dados “é uma prioridade máxima”, a Bugatti recorda que todos os proprietários concedem permissão para a recolha de telemetria, uma vez que encaram este sistema como a “forma perfeita de providenciar o melhor serviço disponível”.

A transmissão de dados entre o veículo e o servidor é efetuado a partir de certificados de segurança individuais consoante o tópico endereçado. Esses certificados são continuamente atualizados de acordo com os padrões de segurança do Grupo Volkswagen. No caso da Bugatti, apenas um número restrito de técnicos especializados tem acesso aos dados dos Chiron. Outra das funcionalidades desta tecnologia é a de permitir controlar a localização dos veículos roubados, embora os proprietários tenham de notificar a companhia diretamente para essa situação. No entanto, movimentos ou práticas suspeitas que nunca tenham sido feitas antes podem lançar o alerta: como por exemplo, o transporte por camião.

Esta tecnologia sofisticada está armazenada de forma muito compacta, uma vez que se trata de uma caixa de alumínio de 140 mm de largura, 50 mm de altura e 100 mm de comprimento, sendo igualmente ligeira. A caixa de telemetria ‘escuta’ e regista essas comunicações de pelo menos 30 unidades de controlo do veículo, enviando-as de forma encriptada para o serviço de apoio ao proprietário dependendo dos pedidos de Molsheim.

“O sistema de telemetria da Bugatti é a nossa versão de um carro conectado – exclusivo e individual para os nossos clientes, poupando tempo e dinheiro para os nossos técnicos. Este é o ‘Carro Conectado’ à la Bugatti e já está disponível há mais de uma década”, conclui Uffmann.

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