M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador
Nos últimos meses, os carros autónomos perderam a sua imagem de serem parte de um futuro brilhante e passaram a ser considerados instrumentos demasiado perigosos para serem confiáveis. Os acidentes causados pelo veículo experimental da Uber e pelo excesso de confiança no AutoPilot da Tesla deixaram o público desconfiado sobre a utilidade do automóvel autónomo, e vai ser preciso muito trabalho para reconstruir a imagem desta tecnologia futura.
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador

Embora pareça uma questão de obter uma resposta emocional favorável, existe uma conta matemática que já foi feita para se saber quanto é que vai ser preciso para a tecnologia autónoma recuperar a confiança do público. De acordo com a Sociedade de Análise de Risco (Society for Risk Analysis, em inglês, ou SRA), um grupo de pesquisa independente baseado nos Estados Unidos, os carros autónomos não podem ser simplesmente um pouco mais seguros, vão ter que reduzir os acidentes mortais no trânsito para quatro ou cinco vezes menos que os números atuais, para que o público aceite esta tecnologia na estrada.

A principal causa de acidentes na estrada são erros humanos, reconhecidos como causando 94 por cento dos casos nos Estados Unidos e 75 por cento no Reino Unido. No entanto, o público está mais disposto a confiar na habilidade de condução de uma pessoa do que numa inteligência artificial, pois entendemos como outras pessoas pensam. Não somos, no entanto, capazes de imaginar as interpretações lógicas que um computador vai ser capaz de fazer quando se adapta por si próprio ao seu meio ambiente.

A experiência foi feita através de um questionário feito em Tianjin, na China, a 499 pessoas. De acordo com os números recolhidos pela SRA, as respostas do público sobre números de acidentes mortais foram divididas entre “inaceitáveis”, se o número sobe com carros autónomos, toleráveis, se o número for metade do atual, ou maioritariamente aceitáveis, se houver uma queda de 75 a 80 por cento nos acidentes. Como a segurança é uma das características preferidas pelo público na compra de um automóvel, as marcas que quiserem oferecer carros autónomos vão ter que provar ao público que estes têm uma segurança muito superior ao de um carro conduzido por uma pessoa.