M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador
Os automóveis autónomos têm a teimosia humana como principal oposição à sua implantação. Normalmente, pensamos nas máquinas como meros instrumentos, extensões da nossa vontade. Mas o sucesso dos automóveis autónomos vai ser dependente da aceitação que os sistemas de inteligência artificial vão ser mais eficientes a tomar decisões que qualquer pessoa ao volante. E muitas pessoas recusam-se a conceder que, dentro de alguns anos, vai ser mais seguro para um passageiro estar dependente do veículo.
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador

O Instituto de Ciberciência da Universidade da Pensilvânia fez uma sondagem onde concluiu que o público vai dividir-se em dois campos em relação aos automóveis autónomos: um grupo não teve problemas em aceitar que uma inteligência artificial vai ser capaz de pensar e reagir mais depressa que uma pessoa, mas outro grupo recusa-se terminantemente a confiar a sua vida a uma máquina. Uma pessoa ao volante teria sempre o conceito de “responsabilidade” como motivação primária, algo que não estaria presente mesmo numa máquina pensante como um carro autónomo.

Shyam Sundar e Andrew Gambino, os responsáveis principais por este estudo, argumentam que o público habituado a lidar com equipamentos inteligentes não tem qualquer problema em aceitar que uma inteligência artificial vai ser mais capaz que um ser humano, enquanto os mais resistentes estão preocupados que uma inteligência artificial ainda não seja capaz de igualar a performance humana. Vai ser preciso convencer estes potenciais utilizadores que o carro autónomo não vai ser igual a uma pessoa ao volante, mas que vai ser ainda melhor, pois os automóveis autónomos não ficam cansados, não se distraem e não fazem movimentos imprevistos.

Os dois investigadores da Universidade da Pensilvânia propõem aos construtores automóveis remover dos automóveis autónomos qualquer componente que possa indicar que um ser humano pode conduzir, incluindo o volante, comandos dos piscas e limpa-para-brisas, travão de mão e painel de instrumentos, mas que o seu lugar pode ser ocupado por algo que transforme num jogo a experiência de ser conduzido num carro autónomo, ou que possa ajudar os passageiros a situarem-se melhor na viagem e no trânsito. Este tipo de interatividade e conectividade melhoraria a sensação de segurança para os mais céticos que tenham receio da falta de controlo.