M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador
Depois de mais de uma década de ameaças, os construtores automóveis chineses estão finalmente prontos para deslumbrar o público ocidental com os seus produtos. As marcas chinesas começaram por apostar em produtos baratos, que tiveram sucesso limitado na Europa. A DR Motori (com carros Chery) e a Great Wall estão representadas na Itália, enquanto a Landwind teve uma tentativa falhada de se implantar em França. Mas novos modelos de startups como a Nio ou a Byton.
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador

Em vez de usarem dinheiros estatais chineses para construir modelos de baixo custo e praticamente descaracterizados e sem identidade, as marcas Nio, Byton e SF Motors fazem parte de uma nova ofensiva, feita por privados, apostando em novas tecnologias como a eletrificação e a condução autónoma, para criar automóveis destinados a um público mais exclusivo. Os primeiros modelos de cada marca vão ser SUV (Nio ES8, Byton M-Byte e SF 5), concebidos e construídos não só dentro como também fora da China.

Outro construtor chinês mais tradicional, a Geely, preferiu tornar-se mais apelativa a clientes ocidentais comprando marcas estrangeiras. Ao contrário de marcas como a FAW, BAIC, Dongfeng ou SAIC, a Geely é completamente privada e isso nota-se na sua estratégia. Tudo começou em 2009, quando o construtor chinês comprou a Volvo à Ford. Os receios de perda de qualidade revelaram-se infundados, quando a Geely reorganizou as operações da marca sueca reforçando a sua ligação ao país de origem.

Desde então, a Geely comprou a britânica Lotus, a malaia Proton, o construtor americano de carros voadores Terrafugia e tornou-se a maior acionista individual da Daimler e da Volvo Trucks. Através da ligação à Volvo, via lançar duas marcas de carros elétricos, a Polestar, para modelos desportivos, e a Lynk & Co, para modelos de luxo.

Outros construtores chineses já estão a construir carros mais acessíveis para o mercado chinês, incluindo a Geely (com a marca Emgrand). Alguns, como a Great Wall e a SAIC, poderão aproveitar a sua presença na Europa para distribuir alguns destes modelos, até porque a SAIC é a dona da marca britânica MG, com a qual tem feito pouco fora da China. A Chery ou a BYD estão mais representadas na Rússia ou em mercados emergentes.

Vale a pena lembrar que é também da China que estão a surgir investimentos na área da tecnologia relacionada com o automóvel. É o caso da Baidu e da TuSimple, que estão a criar, independentemente uma da outra, plataformas técnicas para uso em carros autónomos construídos por outras marcas. Estas empresas estão ligadas sistemas de conectividade, tal como a Tencent Holdings, que recentemente adquiriu um grande número de ações da Tesla. Outras empresas, como a Amperex e a China Molybdenum, deixam a sua marca no setor automóvel através do coração dos automóveis elétricos, a primeira construindo baterias e a segunda minando o lítio usado na construção das mesmas.

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