Aproveitando a apresentação de resultados de 2017 e as perspectivas para o corrente ano, a Daimler Trucks revelou ontem, dia 21 de fevereiro, o novo camião eActros, 100% elétrico.
A conferência de imprensa para meios selecionados, onde o Motor24 esteve presente, realizou-se no Museu da Mercedes-Benz, em Estugarda, e foi dirigida por Martin Daum, membro do conselho de administração da Daimler AG e responsável máximo da Daimler Trucks.
A Daimler Trucks é líder mundial no seu setor, estando presente em todo o mundo, com diversas marcas e produtos desenvolvidos tendo em conta as necessidades particulares de cada região. Engloba a produção de camiões de, entre outras marcas, a Mercedes-Benz, a Mitshubishi Fuso (com implementação particular no Japão, mas vendida em todo o mundo), a Freightliner e a Western Star (desenvolvida para o mercado americano), e a Barath Benz (para a Índia): “Em 2017 aumentámos de forma clara as vendas, receitas e lucro face ao ano anterior. Os resultados foram melhores do que esperávamos no início do ano. Isto só foi possível graças a produtos de referência e a uma equipa global extraordinária.” – começou por referir Daum.
As vendas subiram 13%, para 470 700 veículos (face aos 415 000 vendidos em 2016). As receitas subiram também de 33,2 mil milhões de euros para 35,6 mil milhões. O EBIT da divisão de camiões Daimler registou um valor de 2,380 milhões de euros, um acréscimo de 22% face a 2016.
Martin Daum anunciou para o próximo biénio um investimento de 2,6 milhões de euros para pesquisa e desenvolvimento, sendo que deste valor, 500 milhões serão dirigidos a R&D na área da mobilidade elétrica.
É nesta área particular que se destaca a principal novidade deste acontecimento. O concept eTruck, que foi revelado no salão de veículos comerciais de Hannover, teve agora um desenvolvimento natural, com a apresentação do camião elétrico Mercedes-Benz eActros.
Período experimental
Este veículo destinado à distribuição de mercadorias em ambiente urbano vai agora entrar numa fase que a Daimler Trucks designou como “Frota de Inovação”. Trata-se de um conjunto de dez camiões com características e componentes idênticos aos de uma possível produção em série, que serão entregues a dez clientes que os irão utilizar no dia a dia.
Esta fase permitirá aferir a fiabilidade e custos operacionais do veículo em ambiente real de trabalho, recolhendo ensinamentos valiosos para a produção em série, que poderá arrancar já em 2021.
O eActros estará disponível em duas versões, de dois e três eixos, com capacidade de carga de 18 ou 25 toneladas, em três tipos de carroçaria: tipo caixa rígida, câmara frigorífica ou laterais em lona. Os clientes selecionados são empresas alemãs e suíças.
O novo camião tem como ponto de partida o camião Actros com motores Diesel, mas utiliza sobretudo a sua plataforma. Toda a arquitetura do veículo foi configurada de forma adequada às necessidades de um veículo elétrico. O eixo traseiro é baseado no ZF AVE 130, já utilizado nos autocarros Mercedes-Benz com motor híbrido e de célula de combustível.
O eActros tem dois motores assíncronos de três fases refrigerados por líquido, colocados perto dos cubos das rodas. Operam com uma voltagem nominal de 400 volts e cada um garante uma potência de 125 kWh e 485 Nm de binário. As relações da transmissão convertem este valor em 11 000 Nm, o que corresponde a um conjunto de prestações equivalente ao do modelo com motor a gasóleo.
A autonomia disponível é de 200 quilómetros, graças às duas baterias de lítio-ion, com uma potência de 240 kWh, já utilizadas nos EvoBus. Em termos de peso, a capacidade máxima de carga deste camião elétrico é idêntica à do Actron Diesel.
As baterias estão armazenadas na área do chassis e por baixo da placa de carga e estão protegidas em invólucros de aço. Em caso de acidente, estes invólucros cedem e ficam deformados, absorvendo ou redirecionando a energia do impacto e protegendo a integridade das baterias.
As baterias de alta voltagem fornecem também a energia elétrica de diversos acessórios do veículo, como o ar condicionado, a bomba da direção assistida, o compressor de ar para o sistema de travagem e até para a câmara de refrigeração, quando montada.
O carregamento total das baterias demora entre três a onze horas assumindo uma ligação de carga de entre 20 a 80 kWh, utilizando um ponto móvel de carga. A tomada de carga utiliza o Combined Charging System (CCS). A rede interna LV com duas baterias convencionais de 12 volts, é carregada pelas baterias de alta voltagem através de um conversor DC-DC, o que garante que funções essenciais do veículo, como luzes, piscas, traves e suspensão pneumática continuam operacionais, no caso da rede de alta voltagem falhar ou ser desligada.
Mercedes quer liderar mercado dos camiões elétricos
Este projeto em particular recebeu subsídios do governo alemão, integrados no programa “Concept ELV”, no valor de 10 milhões de euros, dirigidos às aéreas de investigação, montagem e utilização dos camiões elétricos. Os estudos levados a cabo neste âmbito versaram as altas voltagens (mais de 400 V), altas correntes (até 1000 A), tecnologia das baterias (preço, peso, durabilidade, vida útil de serviço, tempo de carregamento) autonomia, infraestruturas de carregamento, conceitos logísticos, segurança e viabilidade em tempo mais quente ou mais frio, bem como aceitação dos clientes.
Com estas iniciativas em curso, ficou bem claro que a Daimler Trucks está muito empenhada em estender a sua liderança aos camiões elétricos, apresentando já no seu leque de marcas soluções como a Mercedes-Benz eVito e as Mitsubishi Fuso eCanter. Seguir-se-ão o autocarro urbano Citaro e a eSprinter.
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