M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador
As criptomoedas como o bitcoin são cada vez mais populares na internet, pois permitem, teoricamente, livrar os seus utilizadores do controlo dos bancos centrais e de impostos sobre rendimento. Na prática, estas moedas, que geralmente são usadas apenas num contexto online, são vulneráveis a flutuações de mercado e têm um comportamento instável. E também têm outro problema: criá-las é extremamente poluente para o planeta.
M. Francis Portela
M. Francis Portela
Investigador

Minar bitcoin ou criptomoedas semelhantes é feito a partir da memória não aproveitada de computadores em funcionamento, espalhados pelo mundo. Como usar partes do computador que normalmente não eram aproveitadas, o uso destes sistemas aumenta o consumo de energia elétrica e, consequentemente, as emissões de dióxido de carbono e outros gases poluentes. E o interesse nesta moeda aumentou bastante a produção no último ano, fazendo com que o ano passado o bitcoin tenha emitido 20 milhões de toneladas de CO2 para a atmosfera, o equivalente a um milhão de voos transatlânticos. E a expectativa é que este ano ultrapasse os 35 milhões, aproximando-se dos dois milhões de voos.

O consumo esperado para a geração de bitcoin este ano é de 73,12 TWh, gerando 35,12 milhões de toneladas de dióxido de carbono. O custo de minar esta criptomoeda este ano vai ser de 3,2 mil milhões de euros, com um lucro bruto anual de 4,3 mil milhões, ou seja, 74 por cento da produção de um bitcoin vai para pagar a conta da eletricidade. Cada unidade de bitcoin é trocada acerca de 5600 euros, nos valores mais recentes de mercado. Em termos de consumo energético, para produzir esta criptomoeda, é necessário consumir tanta energia como toda a Áustria, ou seis vezes e meia o que é consumido anualmente em Portugal. E ainda assim a produção de bitcoin corresponde apenas a 0,33 por cento do consumo mundial de eletricidade.