O que faz de um automóvel antigo um clássico?

02/02/2019

Assim como há diferença entre automóvel velho e automóvel antigo, também não se pode confundir automóvel antigo com clássico. Nem todo automóvel antigo é um clássico. Por outro lado, embora geralmente o clássico seja um automóvel antigo, há automóveis atuais – como alguns modelos Ferrari, Lamborghini ou Porsche – que já nascem clássicos. Mas isso é outra história…
O verdadeiro clássico é difícil de definir – mas fácil de reconhecer. É aquele que, independentemente de sua idade, nos encanta pela elegância de suas linhas (que parecem nunca perder a beleza, mesmo se comparadas com o design dos veículos modernos). Pelo ronco inconfundível de um motor. Pelas soluções tecnológicas inovadores em sua época que ainda permanecem válidas. Pelo rodar sereno. Ou até pelas lembranças de cenas vividas ou vistas no cinema que o veículo evoca.

O clássico impressiona onde quer que chegue. Tem a altivez e a dignidade de um nobre. Ninguém fica indiferente ao seu charme. Sua reputação de clássico se solidificou lentamente – fruto da rigorosa seleção natural imposta pelo tempo e pelo mercado – até chegar a um ponto em que é mais apreciado e vale mais hoje do que no dia do seu lançamento (mesmo com a inflação corrigida).

O clássico geralmente tem atrás de si uma história de sucesso. Foi um veículo cobiçado em sua época. Símbolo de uma montadora, de um jeito de viver. Marcou uma geração. Nem sempre foi um veículo raro ou caro, por exemplo, o Fusca. Pode ter sido fabricado em grande ou pequena escala. E até pode não ter sido lá essas coisas em termos de desempenho ou confiabilidade. Mas permaneceu um automóvel desejável. Como certos vinhos de boa safra – a expressão vintage, emprestada à enologia, não por acaso designa veículos clássicos.

Exemplos de clássicos? Cada antigomobilista têm sua própria lista. Sempre subjetiva. Por gosto pessoal, eu citaria, entre os importados, os primeiros Corvette e Thunderbird, os Porsche 356 e 911, o Lancia Aurelia, o MG TD, os primeiros Alfa Romeo Spider, os Citroën Traction Avant e DS 19, os Jaguar XK 120 e E-Type, a Mercedes-Benz 300 SL (asa-de-gaivota), o Studbaker Starliner 1953, e, meu Deus, tantas Ferrari das décadas de 1950 e 1960. Entre os fabricados no Brasil, meus favoritos são os esportivos – ou quase: Karmann Ghia, GT Malzoni, Interlagos, Simca, VW SP 2, Maverick GT V8… a lista não é pequena. Nem muito original. Os clássicos já viraram unanimidade.

Esses automóveis, se você os conhece, ou quiser conferir no Google, têm ou não têm as qualidades descritas acima?

Texto: Irineu Guarnier / Jornal dos Clássicos

Fotografias: Eduardo Scaravaglione


Irineu Guarnier Filho é brasileiro, jornalista especializado em agronegócios e vinhos, e um entusiasta do mundo automóvel. Trabalhou 16 anos num canal de televisão filiado à Rede Globo. Actualmente colabora com algumas publicações brasileiras, como a Plant Project e a Vinho Magazine. Como antigomobilista já escreveu sobre automóveis clássicos para blogues e revistas brasileiras, restaurou e coleccionou automóveis antigos.