Volkswagen T-Cross 1.0 TSI 115: Laranja mecânica

24/05/2019

Tendo sido uma das marcas a apostar relativamente tarde na moda dos SUV, a Volkswagen foi, no entanto, bastante rápida a alargar a sua gama de modelos, fazendo chegar agora aquele que poderá ser um dos seus modelos de maior sucesso, o T-Cross.

Posicionado abaixo do T-ROC e com a mesma plataforma do Polo (MQB A0), SEAT Arona e Skoda Kamiq, o T-Cross aposta na rebeldia e na irreverência da imagem em associação à versatilidade e economia de custos.

A marca assume que o objetivo do T-Cross é ‘chamar’ as jovens famílias, acenando com o ‘chamariz’ do espaço a bordo, conectividade elevada, segurança e funcionalidade. Sem esquecer, claro, o preço contido que lhe permite figurar em listas de compras dos SUV da moda. Mas, poderá também apelar àqueles que, mais velhos, procuram um modelo compacto e com posição de condução elevada, em associação aos critérios já referidos do preço e segurança.

Pequeno, mas não limitado

O T-Cross chega ao mercado nacional com o motor 1.0 TSI de três cilindros como grande aposta, surgindo nesta versão com a potência máxima de 115 CV em associação a caixa manual de seis velocidades (também há versão de 95 CV). O bloco de injeção direta é já bem conhecido do Grupo Volkswagen, sendo utilizado em modelos daquela marca alemã, mas também da Audi, Skoda e SEAT, com relativas diferenças ou afinações específicas.

Sem grandes surpresas, é um motor com relativa facilidade de desenvoltura para a imposição de ritmos fortes, além de demonstrar boa elasticidade e economia salutar para utilização quotidiana. É na faixa entre as 1600 e as 3000 rpm que encontra a sua melhor fase de atuação, conseguindo movimentar-se com ligeireza tanto em cidade, como fora dela, já que os 115 CV dão maior desenvoltura para os ritmos de autoestrada, assim como os 200 Nm de binário máximo para as retomas, ainda que o escalonamento da caixa manual de seis velocidades nos tenha parecido mais longo do que o desejável. O manuseamento da caixa é agradável e adapta-se a uma condução lesta, mas na engrenagem da primeira pedia-se um pouco mais de suavidade.

Os consumos são ponto positivo, com 6,3 l/100 km medidos no nosso ensaio, o que demonstra um bom equilíbrio face às prestações oferecidas. A média homologada em ciclo WLTP é de 5,9 l/100 km.

Com uma posição de condução elevada, mas interessante para o seu propósito, o T-Cross adota uma postura mais orientada para o dinamismo, curvando com eficácia, mas desde que não se assumam excessos atendendo à sua maior altura ao solo. A boa estabilidade em curva e a agilidade urbana tiram partido da direção informativa, mas também de um amortecimento mais firme que fica mais à vista em pisos degradados ou empedrados. Aquando da apresentação internacional, em Palma de Maiorca, já tínhamos ficado com boa impressão do dinamismo, mas naquela altura faltaram percursos para ensaiar a suspensão em mau piso.

Robusto e jovial

Seguindo uma tendência da marca, o interior reflete uma construção cuidada e robusta, com todos os painéis a apresentarem montagem sem falhas, ainda que, por outro lado, pertencendo o T-Cross a um segmento mais baixo, impere o plástico rijo no habitáculo, seja no tablier, na consola central ou no topo das portas. Compensa essa sua faceta com as diversas possibilidades de personalização, como as da unidade testada, com o laranja a ser o tom dominante.

A habitabilidade coloca-o em muito boa posição no seu segmento, sobretudo nos lugares traseiros, tanto no que oferece para as pernas, como em altura até ao tejadilho, não colocando quaisquer entraves a pessoas mais altas. Como na grande maioria dos seus concorrentes, dois vão vem, três pode ser uma multidão… O espaço para as bagagens, com 385 litros, é igualmente um ponto de destaque no T-Cross, destacando-se pela forma regular e pelo fundo duplo que aumenta a funcionalidade deste SUV de segmento B. Melhorando ainda mais a sua versatilidade, há a possibilidade de movimentar a segunda fila de bancos (como um todo) para ganhar mais espaço para bagagens (455 litros). O acesso aos lugares traseiros obriga a algum cuidado na passagem dos pés na soleira das portas, mas nada de grave. E ainda… Quem viajar atrás, pode contar com duas portas USB para carregamento de dispositivos tecnológicos.

A unidade ensaiada tinha por base o nível Life, composto já por muito equipamento importante, sobretudo em matéria de segurança, com destaque para os sistemas de cuise control adaptativo, faróis de nevoeiro, ‘Front Assist’ com travagem autónoma de emergência, sensor de ângulo morto com assistente de estacionamento ou para o assistente de saída de faixa, interventivo também na direção (‘Lane Assist’).

O preço para esta versão começa nos 22.451€, situando-se na média do segmento em termos de SUV compactos, equipando como principais opcionais o Pacote Design “Laranja Energetic” por 730€ e que inclui, entre outros, bancos dianteiros com regulação do apoio lombar, capas dos retrovisores exteriores pintadas, vidros traseiros escurecidos, bancos dianteiros desportivos com revestimento em tecido ‘Diag’ e jantes especiais de 17″ com pneus 205/55 R17. Outros opcionais a considerar: os sensores de estacionamento dianteiros e traseiros por 467€, os retrovisores exteriores rebatíveis eletricamente (162€)

Por fim, destaque, ainda, para o sistema de infoentretenimento ‘Discover Media’ (524€) com navegação e ecrã tátil de 8.0 polegadas (com ótima leitura), assente na mais recente tecnologia do Grupo Volkswagen, com conexão aos smartphones e muitas outras funcionalidades. No final, para o modelo das imagens, seria necessário escrever 24.410€ no cheque pela unidade ensaiada.

VEREDICTO

O T-Cross replica muitos dos pontos fortes de modelos como o T-ROC, nomeadamente o estilo mais arrojado, o foco na personalização, a robustez de montagem e a habitabilidade. O interior, bem desenhado e funcional, excede-se na utilização de plásticos a bordo, mas compensa pela qualidade de montagem dos painéis, o que assegura durabilidade e robustez.

Somando tudo, o T-Cross é um dos SUV-B mais fortes do seu segmento, ajustando-se com grande exatidão à grande quantidade de parâmetros que se esperam de um modelo do género: segurança de condução (neste caso com pendor mais dinâmico), prestações simpáticas graças ao motor 1.0 TSI de 115 CV e economia muito aceitável, com consumo médio facilmente na casa dos seis litros baixo.

Porventura, existirão propostas também irreverentes e mais confortáveis, como o Citroën C3 Aircross e o Renault Captur, ou um pouco mais desportivas, como o ‘primo’ SEAT Arona, mas como equilíbrio de competências, o T-Cross preenche todos os requisitos e assume-se como uma das propostas a ter em conta no momento de pensar em alternativas num mercado cheio de crossovers…

Características Volkswagen T-Cross 1.0 TSI 115 Life
Motor Gasolina, três cilindros em linha, 999 cc, injeção direta, turbo, intercooler
Potência 115 CV às 5500 rpm
Binário 200 Nm às 2000-3500 rpm
Transmissão Dianteira, caixa manual de seis velocidades
0-100 km/h 10,2 s
Velocidade máxima 193 km/h
Consumo anunciado (medido) 5,9 l/100 km (6,3 l/100 km)
Emissões CO2 133 g/km
Comp./Larg./Alt./Entre eixos 4108 mm/1760 mm/184 mm/2551 mm
Peso 1250 kg
Suspensão (Fr/Tr) Independente McPherson/barra de torção
Mala 385-455-1281 litros
Pneus 205/60 R16 (ensaiado: 205/55 R17)
Preço a partir de (ensaiado) Preço: 18.771€ (22.264€)

 

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