António Costa Silva, CEO da Partex, abriu esta sexta-feira o segundo dia do Portugal Mobi Summit com um alerta para o risco que o Planeta enfrenta se nada for feito para enfrentar as alterações climáticas. Para o homem que delineou o plano de Visão estratégica para a recuperação Económica para o Governo, há que aproveitar a pandemia

“A pandemia pôs o mundo de pernas para o ar” e, por isso, há que aproveitar a oportunidade para refletir e agir. Em várias áreas, nomeadamente ao nível das questões ambientais, defendeu António Costa Silva, CEO da Partex, na abertura o segundo dia de Mobi Summit, esta sexta-feira. “A crise sanitária transformou-se rapidamente numa crise económica e social mas isso é a ponta do icebergue. Quando escavamos estamos sentados sobre uma crise ambiental e climática sem precedentes”, alertou. Para o homem que delineou o plano de Visão estratégica para a recuperação Económica para o Governo há que usar a informação para a transformar em conhecimento e sabedoria. E isso passa por olhar para os riscos ambientais que enfrentamos e mudar o paradigma.
O hidrogénio, a energia solar, os veículos autónomos e as cidades inteligentes são soluções apontadas por António Costa Silva, que realçou algumas das consequências da pandemia: colapso brutal do consumo mundial de petróleo e gás, paralisação de segmentos inteiros da economia, como transporte aéreo, e efeito enorme nos mercados financeiros.
“O impacto brutal em todo o sistema energético mundial é absolutamente avassalador e dá-nos oportunidade única de fazermos a transição energética para mudarmos o paradigma e olharmos para o futuro”, defendeu, notando que o setor das energias renováveis parece ter saído revitalizado da crise pandémica, o que representa um “forte sinal de que temos de apostar na transição energética, apostar cada vez mais no setor das energias renováveis”.
António Costa Silva diz que é preciso investir nas energias renováveis 750 mil milhões de dólares por ano, três vezes mais do que estamos a fazer hoje, sob o risco de virmos a ser dominados por eletro-Estados, como a China, que “está com os olhos postos no futuro” e é o maior investidor na mobilidade elétrica e renováveis.
Mas realçou também que “devemos fazer uma aposta mais evidente no hidrogénio”, o gás mais abundante no universo, que, realçou, pode ser usado como matéria-prima, como back-up das renováveis, competir na fileira da mobilidade e até no armazenamento. “O petróleo e o gás dominam a matriz energética mundial porque podem ser armazenados e consumidos quando queremos”, justificou.
Sem esquecer a energia solar, António Costa Silva salientou a redução significativa dos custos de produção dos painéis solares nos últimos anos.
“Se alguma coisa vai salvar a espécie humana é a capacidade de criar soluções, responder e olhar para o futuro”, alertou, defendendo a criação de uma grande universidade do Atlântico com base nos Açores e na Madeira e a transformação de Lisboa e Porto em cidades inteligentes. “É apostar nos sensores, nos dados, na inteligência artificial, nas máquinas que aprendem para optimizar todas as redes”, disse, acrescentando que os veículos autónomos são o transporte do futuro. “Temos de trabalhar com as máquinas. Vão ser uma espécie de telescópio do século XXI”, comparou.
A finalizar, uma mensagem de esperança: “Acredito que o futuro não pode ser abolido, está sempre em aberto e depende daquilo que nós fizermos.”

Sofia Fonseca