Já se sabia que em janeiro o frio é dominante, mas o acompanhamento de paisagens cobertas de neve e estradas geladas é um tanto ou quanto surpreendente, sobretudo quando se pensa que estamos na região da Catalunha, usualmente tão amena e de características tão semelhantes às de Lisboa. Surpreendente ou não, o meio que tínhamos à disposição para ‘navegar’ entre estradas cobertas de neve e gelo era, crucialmente, bastante indicada – o novo Toyota RAV4, primeiramente na versão de tração integral não permanente AWD-i que recorre ao novo sistema híbrido associado a um de tração inteligente que é detalhado em grande pormenor no artigo de apresentação do veículo em si (que pode ler aqui).
Uma ligeira escorregadela no gelo negro do asfalto e rapidamente o sistema entra em ação, encarrilando o RAV4 no caminho certo. É só deixá-lo fazer o seu trabalho, sobretudo atendendo a que o sistema de tração integral com base no sistema elétrico faz este SUV recuperar a trajetória correta de forma rápida. No entanto, o facto de a Toyota, tal como nós, ter sido apanhada desprevenida pela neve de janeiro, fez com que as unidades de ensaio estivessem equipadas com pneus comuns e não de inverno ou, dadas as circunstâncias, até com pregos.
Mas o grande ponto de destaque deste novo modelo é a sua motorização híbrida 2.5 Dynamic Force, que no modelo 4×4 oferece 222 CV de potência fruto da combinação de dois motores elétricos – um por eixo. Uma solução avançada que tem a economia em grande conta, sendo fácil rodar em consumos na casa dos seis litros, mesmo com troços de autoestrada à mistura. Aos comandos do RAV4 AWD, as respostas são lestas q.b. no modo ECO, embora seja no modo Sport que se consegue extrair melhores performances deste SUV, ganhando velocidade com prontidão e sem que – melhoria importante – o ruído seja intrusivo em excesso.
O refinamento foi um dos trabalhos a que a Toyota mais dedicou o seu empenho e a insonorização está muito melhorada na grande maioria das situações (ainda que, naturalmente, velocidades em redor dos 120 km/h e e recuperações a fundo aumentem a tonalidade do motor). Quando o motor elétrico entra em ação (em condições normais apenas o da frente) – e até aos 130 km/h pode fazê-lo amiúde – a poupança é significativa e o silêncio a bordo idem aspas. O consumo médio alcançado no primeiro trajeto foi de 7,1 l/100 km, com muito para-arranca citadino em Barcelona e uma condicionante que foi o facto de não se ter feito ‘reset’ ao computador de bordo inicialmente, tendo partido de módicos 89 l/100 km (assim mesmo…).Neve estraga off-road
Um pouco paradoxalmente, uma vez que estamos a falar de um SUV com reforço das capacidades fora do asfalto – note-se, por exemplo, a maior altura ao solo em 15 mm – a hipótese de cumprir um breve trecho off-road foi gorada pela neve. A marca preferiu não arriscar azares decorrentes da fraca aderência, pisos muito estragados e ausência de pneus adaptados para as condições.
(A)Tração dianteira
A vertente dinâmica, algo que com o modelo de quatro rodas motrizes não foi muito explorada devido ao percurso com chuva e neve, pôde ser melhor avaliada neste RAV4, dando ótimas impressões para quem vai ao volante. Estável e seguro nas trajetórias, mesmo permitindo o natural rolamento da carroçaria (há também controlo de estabilidade demasiado interventivo), o RAV4 transmite uma sensação de condução muito competente, alcançado também por uma direção que cumpre com os seus objetivos de feedbak e precisão sem que seja propriamente desportiva.
Mas, nota-se que o recurso à nova plataforma TNGA trouxe uma grande vantagem para a Toyota, ficando bem patente que a filosofia de “confiante e natural” tão propalada pela equipa de desenvolvimento está bem defendida.
Espelho mágico
Um dos aspetos que mais nos interessou durante a condução foi o espelho retrovisor que pode também ser uma câmara traseira permanente. Ou seja, um ligeiro olhar para o futuro. A marca entende que esta câmara, montada na parte superior do óculo traseiro e diferente da câmara de marcha-atrás, situada mais abaixo, serve para os momentos em que a bagageira vai cheia, oferecendo dessa forma uma visão pragmática do que se passa atrás durante a viagem. Com diversos ajustes (alcance, contraste ou zoom…), o espelho pode ser desligado através de um movimento para baixo (como se se ajustasse a posição do espelho).
O espaço também nos pareceu bastante correto, sobretudo nos lugares posteriores, onde altura e comprimento para as pernas não são problema.
Em suma…
O primeiro contacto com o novo RAV4 mostra um SUV evoluído, bem construído e com muitas competências ao nível do sistema híbrido, que é funcional, económico e com prestações agradáveis para o condutor, menorizando, por fim, o incómodo constante do ruído proporcionado em acelerações mais fortes. Um tiro em cheio, apetece dizer, para a Toyota, que terá apenas no visual polarizador um maior ou menor entrave. A versão 4×2, de classe 1 nas portagens quando associado a dispositivo Via Verde, está já disponível por 38.790€.
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