Quatro mulheres que marcaram a indústria automóvel

25/06/2017

Quatro mulheres que alteraram o paradigma da indústria automóvel. Sem elas os automóveis como os conhecemos não seriam os mesmos.

Bertha Benz, a primeira mulher condutora

Pelo apelido o leitor já sabe que estamos a falar de alguém relacionado com a Mercedes-Benz. Bertha Benz, casada com Karl Benz, o engenheiro mecânico creditado como o inventor do automóvel, teve a ousadia de, em 1888, deixar uma nota na cozinha da casa a indicar que iria com os dois filhos para casa da avó das crianças, a 106 quilómetros de distância. Uma distância considerável na época.

Ao volante do Benz Patent-Motorwagen 3, um triciclo com um motor monocilíndrico de 1.6 litros, Bertha Benz partiu para a aventura. A família Benz vivia em Mannheim e o destino era Pforzheim. Há quem diga que foi, inclusivamente, a primeira viagem de longa distância percorrida pela primeira vez por um automóvel.

Durante o trajeto, Bertha Benz resolveu problemas relacionados com o sistema de refrigeração do automóvel – a água era colocada diretamente sob o motor e, ao evaporar, arrefecia um pouco o motor. Foi necessário procurar, portanto, diversas fontes de água para que o triciclo não sobreaquecesse.

O sistema de óleo também era um problema: em vez de circular por um circuito fechado, sendo reutilizado, o óleo era colocado numa parte do motor e a quantidade que não fosse queimada era lançada diretamente para a estrada por outra parte do motor. Em relação ao combustível, esta questão era relativamente fácil de resolver – considerando que a fonte utilizada era a Benzina, disponível para venda em vários estabelecimentos pelo país.

No entanto, o combustível tornou-se um problema quando o sistema de combustão avariou. Bertha Benz teve de proceder a alguma bricolagem na estrada, resolvendo um problema na tubagem. Além de primeira condutora, a esposa de Karl Benz partilhava os seus dotes para a engenharia, que teve de por em prática uma vez mais na viagem de regresso, desta vez no sistema de travagem.

Bertha Benz faleceu aos 94, em 1944 anos mas deixou o seu legado não só no desenvolvimento da Mercedes-Benz mas também na indústria automóvel. Legado esse assinalado em Mannheim, com o trajecto ‘Bertha Benz Memorial Route’. Diz por quem lá passa que a recriação do trajeto oferece a noção da dificuldade que seria fazer a viagem em 1888, numa amostra de carro.

 

Mary Anderson, a inventora dos limpa pára-brisas

A história entre as mulheres e os automóveis continua com Mary Anderson, a inventora dos limpa pára-brisas. Numa viagem de elétrico em Nova Iorque em 1902, Mary Anderson, uma empresária da construção civil natural de Alabama, notou na quantidade de vezes que o motorista teve de parar o elétrico para limpar o pára brisas.

A empresária pensou em como poderia evitar esta situação, esboçando aquilo que veio a ser o primeiro limpa pára-brisas da história. A concepção era relativamente básica – um braço metálico revestido por uma borracha resistente. A partir daí, Mary Anderson concebeu um dispositivo capaz de mover o limpa pára-brisas a partir do interior da viatura.

No entanto, o sucesso da engenhoca não foi imediato. Mary Anderson tentou vender a sua criação a uma companhia do Canadá que não se mostrou muito interessada. Mais tarde os limpa pára-brisas desenvolveram-se e Henry Ford e a Cadillac adaptaram sistemas de limpa pára-brisas, em particular no Model T da Ford, um dos primeiros automóveis a dispor do engenho.

 

Florence Lawrence e a criação dos piscas intermitentes

A atriz canadiana Florence Lawrence, uma figura do cinema mudo apaixonada pelos automóveis, é referenciada como a criadora dos piscas intermitentes. Casada com um vendedor de automóveis, a atriz inventou um sistema, localizado na zona das cavas das rodas traseiras, que levantava ou baixava um indicador sempre que o condutor premia um botão.

Apesar de não ter patenteado este sistema, atribui-se a Florence Lawrence a origem dos primeiros piscas intermitentes de indicação de direção.

 

 

Heidi Hetzer, a primeira mulher a dar a volta ao mundo com um clássico

A alemã Heidi Hetzer, que chegou a ser piloto de ralis, foi a primeira mulher a conduzir em várias estradas por todo o mundo num clássico, um Hudson Great Eight de 1930.

Em 2014 saiu de Berlim para atravessar os cinco continentes, num plano que traçava a passagem por 56 países diferentes. O feito histórico ainda se torna mais interessante quando descobrimos que Heidi Hetzer foi diagnosticada e operada a um cancro enquanto se encontrava no Peru. Nem mesmo a condição da sua saúde impediu que a condutora concluísse o percurso.

Estas são algumas das histórias entre as mulheres e os automóveis que refutam um preconceito que talvez seja mais comum do que pensamos. Conheça também as 10 pilotos mais bem sucedidas no desporto automóvel.